Chefe de polícia que fugiu, Wang Lijun, acusado de deserção

06/09/2012 08:54 Atualizado: 06/09/2012 08:54
Wang Lijun, ex-chefe da Secretaria de Segurança Pública de Chongqing, em março de 2011. (Feng Li/Getty Images)

Wang Lijun, o ex-braço direito do oficial comunista chinês desgraçado Bo Xilai, foi acusado de “usar a lei para fins egoístas, deserção, abuso de poder e recebimento de propina”, segundo a mídia estatal Xinhua.

O breve comunicado de imprensa tentou enfatizar o papel do sistema judicial chinês, que é controlado pelo regime do Partido Comunista Chinês (PCC), em lidar com Wang Lijun.

O bando de acusações contra Wang Lijun vem logo após o julgamento amplamente divulgado de Gu Kailai, a esposa de Bo Xilai que assassinou o empresário britânico Neil Heywood. Ela recebeu uma sentença de morte suspensa no que muitos analistas pensavam ser um processo fajuto que adotou uma narrativa difícil de acreditar. Os peritos pensam que os líderes do PCC querem encerrar os três casos antes do 18º Congresso Nacional, no qual mudanças da liderança principal do PCC, incluindo seu líder, ocorrerão. A punição de Bo Xilai ainda não foi anunciada.

As acusações estão sendo movidas pela Procuradoria Popular da cidade de Chengdu, capital da província de Sichuan, no sudoeste da China. Chengdu é a cidade onde está o consulado dos EUA para o qual Wang Lijun fugiu em fevereiro.

Essa escapada, em que Wang Lijun teria se vestido de mulher para passar pela guarda que seu chefe Bo Xilai colocou do lado de fora de seu apartamento, desencadeou uma reação em cadeia no regime chinês. Bo Xilai foi logo suspenso de seus postos no PCC, a esposa de Bo Xilai, Gu Kailai, foi presa e o protetor principal de Bo Xilai no Comitê Permanente do Politburo, Zhou Yongkang, teria sido colocado sob “controle interno”.

Pelo incidente de fuga, Wang Lijun foi acusado de deserção.

Wang Lijun teria “usado a lei para fins egoístas”, quando ajudou Gu Kailai para evitar ser responsabilizada pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood.

Outras acusações contra Wang Lijun, incluindo “abuso de poder e recebimento de propina”, não foram explicadas no artigo.

Nem referência foi feita sobre o envolvimento confesso de Wang Lijun, quando era chefe da Segurança Pública na cidade de Jinzhou na província de Liaoning, na extração de órgãos de milhares de prisioneiros, muitos dos quais, segundo os especialistas, seriam prisioneiros da consciência do Falun Gong que ainda estavam vivos quando tiveram seus órgãos removidos de seus corpos.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.