Chefe de polícia chinês que começou escândalo sentenciado a 15 anos

24/09/2012 07:47 Atualizado: 24/09/2012 07:47
Wang Lijun no tribunal em Chengdu em 18 de setembro, o segundo e único dia “aberto” de seu julgamento. Ele foi acusado de quatro crimes, mas analistas dizem que os mais politicamente sensíveis foram acobertados pelo regime. (Weibo.com)

Numa nota de três curtas frases publicada primeiramente em inglês, a mídia estatal chinesa Xinhua anunciou que Wang Lijun receberia 15 anos de prisão.

Wang Lijun é o ex-chefe de polícia da megalópole de Chongqing, no sudoeste da China, cuja fuga em 6 de fevereiro para um consulado dos EUA desencadeou o maior escândalo político a envolver o regime chinês em anos.

O julgamento de Wang Lijun começou em segredo em 17 de setembro e continuou até o dia 18, quando ele foi acusado de “manipular a lei para fins egoístas, deserção, abuso de poder e recebimento de propina”. As mídias propagandistas do regime comunista publicaram posteriormente uma narrativa detalhada de várias páginas que examinava os supostos crimes de Wang Lijun, enquanto implicava seu ex-chefe Bo Xilai.

A história contada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) engendra-se em grande parte com Wang Linjun acobertando a esposa de Bo Xilai, Gu Kailai, pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood. Nada no processo contra Wang Lijun mencionou sua participação na colheita forçada de órgãos de prisioneiros da consciência no Nordeste da China, a qual ele se vangloriou num discurso de premiação em 2006. Analistas disseram que esses órgãos foram provavelmente removidos dos corpos de pessoas vivas e que provavelmente pertenciam aos praticantes do Falun Gong, uma disciplina espiritual que é perseguida pelo regime chinês desde 1999.

A recente versão oficial dos crimes de Wang Lijun também fez silêncio sobre a acusação de “abuso de poder”. Analistas dizem que Wang Lijun escutou ligações telefônicas de importantes líderes comunistas sob as ordens de Bo Xilai, que visava um lugar no topo da liderança do Partido Comunista. Assim, a versão do PCC evita chamar a atenção para o vale-tudo da luta de facções na qual Bo Xilai estava envolvido.

A censora da internet foi mobilizada com vigor após o anúncio da sentença de Wang Lijun, que ocorreu no início da jornada de trabalho da segunda-feira na China. Comentários a respeito no Sina Weibo, uma plataforma popular semelhante ao Twitter, foram rapidamente eliminados. “800 mensagens se tornaram 500 num piscar de olhos”, disse um internauta.

O conteúdo de muitas postagens foi irônico, zombeteiro e cheio de sarcasmo e repulsa pelas autoridades, que muitos cidadãos-internautas acreditam que teriam cortado a narrativa dos crimes de Wang Lijun e Gu Kailai do contexto mais amplo.

Uma postagem que não foi excluída observou que a sentença parecia leve considerando todos os problemas que as autoridades tiveram. “Quatro grandes crimes, então, em média, isso é menos de quatro anos por crime. Valeu a pena? Pobres dramaturgos, eles trabalharam tão duro!”

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.