Zhou Yongkang, o chefe da segurança doméstica da China, esteve diretamente envolvido na perseguição do ativista cego e advogado Chen Guangcheng, de acordo com um oficial local do Partido na província de Shandong.
Durante um encontro com amigos, um oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) da cidade de Linyi foi interrogado por seus amigos sobre a perseguição de Chen, de acordo com um artigo do Canyu.org em 16 de maio.
Chen chegou à fama internacional em 2005 por liderar uma ação coletiva contra a cidade de Linyi pela aplicação excessiva da política do filho único do regime chinês, que incluiu atrocidades como abortos tardios forçados e esterilizações involuntárias.
O funcionário, cujo nome não foi divulgado, disse a seus amigos que o tom para lidar com caso de Chen foi definido no mais alto nível do governo. O poderoso e infame Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), liderado por Zhou Yongkang na época, foi diretamente responsável pela perseguição de Chen.
O CAPL comanda o aparato público maciço da segurança doméstica da China, incluindo os tribunais, a polícia e os sistemas de vigilância nacional.
Chen ganhou as manchetes internacionais em 22 de abril, quando escapou da prisão domiciliar e fugiu para a embaixada dos EUA em Pequim para pedir asilo. Chen só deixou a embaixada depois que as autoridades chinesas deram garantia aos oficiais dos EUA que ele não seria prejudicado, apesar de terem simultaneamente ameaçado sua família.
Antes de sua fuga ousada para a embaixada dos EUA, Chen foi detido em prisão domiciliar desde sua libertação da prisão em 2010 por iniciar um processo de ação coletiva.
Em 4 de setembro do ano passado, Liu Shasha e alguns outros ativistas de direitos humanos começaram a visitar Chen, e até o final de novembro mais ativistas aderiram ao esforço. O governo local de Linyi relatou as visitas ao CAPL, aguardando instruções sobre como lidar com a situação.
No final de novembro, Zhou Yongkang foi pessoalmente a Linyi e convocou uma reunião com autoridades locais e os da Secretaria de Segurança Pública, segundo o oficial citado no artigo do Canyu.org.
Zhou arranjou a monitoração e repressão de todos que visitaram Chen, atribuindo a referência numérica “905” para o caso, indicando que lidar com Chen tinha alcançado um nível maior de significância e receberia atenção especial, de acordo com o oficial.
Zhou mandou oficiais para lidar com os ativistas visitantes com ameaças, violência e intimidação. Zhou instruiu que o governo local arcaria com a pressão de realizar a intimidação, e que o CAPL os apoiaria, indicou o oficial.
Os visitantes de Chen já tinham sido ameaçados com detenção se visitassem Chen.
Em 5 de dezembro de 2011, a polícia de Linyi deteve as visitas de Chen, incluindo Lu Haitao, um escritor de Pequim; Shang Xueshan, um ativista dos direitos do nordeste da China, e outros dois por dez dias. Autoridades alertaram que qualquer um que ousasse visitar Chen também seria detido. (Quando o ator de Hollywood, Christian Bale, conhecido por interpretar Batman, tentou visitar Chen em dezembro do ano passado, ele foi atingido por pedras.)
Depois de Chen escapar com sucesso para a embaixada dos EUA, oficiais do departamento de polícia de Linyi foram convidados a reforçar o controle e intimidação dos que tiveram contato com Chen, com o objetivo de impedir a passagem de qualquer informação de Chen aos Estados Unidos, indicou o oficial citado pelo Canyu.org.
Deter Chen em sua casa e monitorá-lo dia e noite não foi barato. O custo da “estabilidade” para não enviar Chen para uma prisão comum, enquanto simultaneamente aprisionando e monitorando-o e sua família custou mais de 30 milhões de yuanes (4,7 milhões dólares, de acordo com a BBC, a renda média rural na China em 2008 foi de 690 dólares) em 2008, de acordo com Chen, e cresceu para mais de 60 milhões de yuanes em 2011.
Com base nestes números, as autoridades gastaram mais de 200 milhões de yuanes (31,6 milhões de dólares) desde 2008 com a família Chen.