Chefe da máfia na China afirma ter testemunhado sob tortura contra seu advogado

27/11/2012 21:18 Atualizado: 27/11/2012 21:18
O ex-advogado Li Zhuang numa corte em Chongqing, onde foi sentenciado a 18 meses de prisão, depois de ser acusado de subornar perjúrio ou falso testemunho (NTDTV)

Com o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC) agora terminado e com Bo Xilai, um político poderoso e ex-membro do Politburo, na prisão esperando julgamento, é hora de acertar contas antigas.

Um ex-advogado que foi preso em 2009 como parte de uma campanha de repressão à “máfia” na cidade de Chongqing, orquestrada por Bo Xilai, foi recentemente convocado pela Suprema Procuradoria Popular para discutir seu caso.

Li Zhuang, de 51 anos, foi sentenciado por fabricar evidências e subornar perjúrio depois que seu ex-cliente, o líder mafioso Gong Gangmo, testemunhou contra ele em corte, dizendo que Li Zhuang o instruiu a mentir.

Li Zhuang, na verdade, tentava defender Gong Gangmo e garantir que o devido processo fosse seguido, quando seu cliente se tornou um alvo na campanha anticrime de “esmagar o preto”, promovida por Bo Xilai, que frequentemente usava táticas arbitrárias e agressivas contra suas vítimas. Gong Gangmo mesmo é uma figura do crime, mas a manipulação aberta dos procedimentos judiciais e a utilização de rótulos políticos e propaganda na campanha criaram o que muitos na China consideram como uma atmosfera semelhante à Revolução Cultural.

Após Gong Gangmo testemunhar contra Li Zhuang, este foi preso.

Agora, com Bo Xilai completamente deposto e uma nova liderança no PCC em Pequim, a história está sendo recontada.

Promotores da maior procuradoria do país se reuniram em 23 de novembro com Li Zhuang, seu advogado Wang Shihua e dois parentes de Gong Gangmo – Gong Ganghua e Gong Yunfei – para discutir o caso.

Aparentemente, eles foram convocados em resposta a uma nova petição recente de Li Zhuang (ele tem pedido uma revisão de seu caso desde que saiu da prisão – sem sucesso até recentemente), que continha novos detalhes sobre como a “equipe do projeto” de Chongqing, em última análise supervisionada por Bo Xilai, “forjou o caso nos mínimos detalhes”.

Em entrevista à Rádio Som da Esperança, Li Zhuang disse que a petição explicava, “Como eles testemunharam na época. Como foram intimidados. Como foram ameaçados e espancados pela polícia. Eles foram forçados a acusar injustamente Li Zhuang”, disse ele, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa.

“Eles foram instruídos a fabricar histórias. Eles fizeram isso contra seus corações. Eles estão todos envergonhados agora, desculpando-se repetidamente. Isso tudo aconteceu no início da primavera deste ano. A coisa toda não veio à luz até agora. Quando conversávamos, havia cerca de 10 advogados presentes”, disse Li Zhuang.

Li Zhuang agora pede um novo julgamento, devido à grande quantidade de novas evidências que surgiram, mas está cauteloso sobre os promotores de Chongqing assumirem o caso, porque muitos dos envolvidos na fabricação de provas e invenção de um caso contra ele ainda estão no cargo, disse ele.

O início da virada do caso de Li Zhuang coincide com a queda de um oficial menor em Chongqing, que era protegido de Bo Xilai. Analistas veem os casos como o início de um possível padrão em que aliados de Bo Xilai, que agora está em desgraça e aguardando punição, são postos na brasa, enquanto um novo regime em Chongqing e no governo central recolhem as injustiças causadas sob seu mandato.

Li Zhuang disse recentemente à mídia chinesa que 100 bilhões de yuanes (16 bilhões de dólares) foram confiscados por Bo Xilai e seus associados na campanha de repressão antimáfia em Chongqing, mas menos de um décimo chegou aos cofres públicos.

Em declarações à emissora nova-iorquina NTDTV, Li Zhuang disse que, “Segundo a lei, cada centavo confiscado pelo gabinete de segurança pública tem que ser transferido… com o caso correspondente.” Mas, continuou ele, “apenas cerca de 900 milhões passaram para o Tesouro. Para onde foi todo o resto? Este é um mistério que tem de ser resolvido.”

Com pesquisa de Ariel Tian.

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