Chavismo bolivariano e a marcha para o desastre

24/02/2014 12:01 Atualizado: 24/02/2014 12:01

Tem de ser dito que este chavismo bolivariano, o socialismo com um rosto venezuelano, realmente não está funcionando nada bem.

Alguns meses atrás, tivemos a história absolutamente absurda que as pessoas estavam usando alta tecnologia de aplicativos de smartphone apenas para descobrir que loja tinha papel higiênico em estoque na Venezuela. As coisas estão indo por água abaixo.

Pelo menos três companhias aéreas paralisaram seus voos da e para a Venezuela até agora este ano, em parte porque o governo do país deve as operadoras US$ 3,3 bilhões que eles precisam para pagar custos operacionais.

Montadoras também estão em apuros. A Toyota Motor Corp. está parando a produção na Venezuela, enquanto a Ford Motor Co. está reduzindo a produção. Apenas 722 veículos foram vendidos num país de quase 29 milhões de pessoas no mês passado. O grupo de comércio Cavenez acha que isso equivale a uma queda de 87% nas vendas num ano. O diretor-financeiro da Ford, Robert Shanks, subestimou o problema quando disse a Bloomberg na semana passada: “O controle de preços e uma oferta muito limitada e desigual de moeda estrangeira para sustentar os negócios têm afetado a produção adversamente.” Tão adversamente que a Chrysler, Ford e General Motors não produziram veículos na Venezuela no mês passado.

O negócio não vai muito melhor para os jornais. Nos últimos seis meses, 12 jornais fecharam e mais de uma dúzia pode cessar a publicação, se o governo não vender jornais suficientes para pagar o papel importado. Um dólar no mercado negro agora vale 84,2 bolívares, ou 13 vezes a taxa oficial. Com a inflação mais alta na Terra, violência galopante, declínio da produção de petróleo e um setor privado capengando, a Venezuela parece estar num caminho sustentável para a ruína econômica.

Eu não tenho certeza de que alguém teria a ousadia de afirmar que isso tudo é uma marca de sucesso.

O problema básico é o mesmo que sempre confronta os socialistas. Desejar reduzir a desigualdade pode ser algo que eu não esteja muito preocupado, embora seja uma visão legítima para se ter. Desejar melhorar a posição dos pobres é algo que eu concordo. Mas qualquer uma dessas coisas não pode ser feita estrangulando o mercado. Pois fazer isso produzirá inevitavelmente os resultados acima.

Como eu mencionei alguns dias atrás, se você instituir controles de preços e colocá-los nas alturas, acima do preço de equilíbrio de mercado, então você terá um excesso do produto cujo preço você manipulou. Se você precificá-lo abaixo do valor de equilíbrio de mercado, então você sofrerá com escassez. E se você colocar o preço de acordo com o equilíbrio de mercado, então por que é que você está se preocupando em controlar os preços?

Simplesmente não há saída deste problema.

A menos, é claro, que você não bagunce o mercado com seu método de aumentar a renda dos pobres e reduzir a desigualdade. E o método mais óbvio de fazer isso é tributar e redistribuir esse dinheiro para os ditos pobres. Obviamente, isso pode ser exagerado, mas na verdade é isso que todos os países atualmente estão fazendo e todos conseguem manter companhias aéreas voando, papel higiênico nas prateleiras e taxa de câmbio à vista dos números oficiais.

Isso, pelo menos segundo os bolivarianos, sobre eles quererem mover a Venezuela um pouco na direção da gelada socialdemocracia da Suécia, não é algo necessariamente condenável, mas pelos métodos completamente idiotas que eles têm empregado para alcançar isso, provavelmente sim.

Esta matéria foi originalmente publicada pelo Instituto Adam Smith