Um chamado em Chicago, EUA, para cancelar os Institutos Confúcio

05/05/2014 13:47 Atualizado: 05/05/2014 13:47

Mais de 100 membros do corpo docente da Universidade de Chicago mostraram-se preocupados com a existência de uma iniciativa educacional apoiada pelo Partido Comunista Chinês. Ela é chamada de Instituto Confúcio, e, numa observação que os líderes chineses não podem negar, essas instalações são uma “parte importante da configuração da propaganda da China no exterior”.

Essa observação foi feita pelo ex-chefe de propaganda do regime chinês, Li Changchun, reportada em 2009. Embora os membros da administração e professores da Universidade de Chicago que apoiam o Instituto Confúcio pareçam ter ido ao extremo de desdentar o Instituto local de sua capacidade de exercer controle político ou ideológico, muitos membros do corpo docente ainda são extremamente desconfiados.

A petição apresentada na semana passada expressa uma gama de preocupações.

“A Universidade de Chicago participa num projeto mundial político-pedagógico que é contrário em muitos aspectos aos próprios valores acadêmicos”, diz a petição. “Na verdade, ao emprestar seu bom nome ao projeto do Instituto Confúcio, a Universidade, quer queira ou não”, isto é, quer goste ou não, “está ajudando a promover uma empresa que compromete a integridade acadêmica de muitas universidades ao redor do mundo.”

Uma preocupação é “a prática duvidosa de permitir que uma instituição externa realize cursos acadêmicos na Universidade”, neste caso agravado, dizem eles, pelo fato de que o órgão de supervisão do Instituto Confúcio, chamado Hanban, é dirigido por comissários políticos do Partido Comunista Chinês.

O Hanban, que determina as regras que os Institutos Confúcio em todo o mundo são obrigados a seguir, inclui também demandas de pessoal que violam as leis de discriminação nos locais de trabalho dos países ocidentais, assim como valores fundamentais como a liberdade de crença e de expressão.

Apoiadores do Instituto Confúcio e da universidade, no entanto, não responderam à essência das preocupações contra o Instituto Confúcio, qualquer que seja a sua função, no campus. Estas são principalmente que as instituições são um veículo de influência para o Estado chinês, que é controlado por um Partido Comunista secreto que busca estabelecer sua legitimidade em todo o mundo por meio de iniciativas aparentemente benignas, enquanto ao mesmo tempo e silenciosamente censura indivíduos e pontos de vistas que julgam inconvenientes. Os críticos propõem que simplesmente por estarem numa universidade e investirem dinheiro lá, um Instituto Confúcio seria capaz de se censurar.

Segundo o professor John Mark Hansen, presidente do conselho-administrativo do Instituto Confúcio: “A liberdade acadêmica sempre foi um valor fundamental na Universidade de Chicago, e membros do corpo docente aqui estão profundamente comprometidos com o livre exame”, incluindo aqueles envolvidos em Instituto Confúcio.

O professor Hansen disse num e-mail que o Instituto Confúcio na Universidade de Chicago patrocina principalmente a pesquisa, e que todas as suas atividades de ensino e pesquisa são supervisionadas e controladas pelo corpo docente da universidade.

No Canadá, o conflito mais importante desse tipo surgiu na Universidade McMaster, em Ontário. A universidade foi atingida com uma queixa no Tribunal de Direitos Humanos de Ontário, após se descobrir que Sonia Zhao, uma professora do Instituto Confúcio, foi forçada a esconder sua crença no Falun Gong, uma prática espiritual que é perseguida na China. Zhao disse que foi instruída a evitar temas politicamente sensíveis durante seu treinamento em Pequim. A rodada de má publicidade para a McMaster terminou com a decisão de não renovar um contrato de cinco anos, que terminou no ano passado em 31 de julho.

A Universidade de Chicago, por outro lado, parece que continuará seu contrato com o Instituto Confúcio. O contrato com o Instituto Confúcio será automaticamente renovado em setembro, a menos que uma das partes se mobilize para cancelá-lo, com um aviso prévio de 90 dias. A reunião será realizada em 16 de maio, mas não haverá votação sobre o assunto. Os administradores da universidade não fizeram comentários.