Desde a difusão da cesariana como alternativa para um parto sem dor em décadas passadas, médicos alertam para os riscos podem afetar a saúde da mãe e da criança. Um estudo realizado pela Universidade de Copenhaguen descobriu que partos por cesariana geram nos recém-nascidos uma deficiência dos fatores-chaves que previnem doenças imunológicas. Essa deficiência pode se estender até a vida adulta.
Os resultados da pesquisa foram publicados recentemente no Journal Of Immunology, por sua importância na medicina humana.
“O estudo mostra que os bebês [nascidos] por cesariana desenvolvem um menor número de células que fortalecem o sistema imunológico”, disse Camilla Hartmann Friis Hansen, professora assistente no Departamento de Biologia de doenças veterinárias, de acordo com um relatório publicado em 10 de julho pela Universidade.
Anteriormente, os cientistas sabiam por vários outros estudos que a flora intestinal de bebês nascidos por cesariana é muito diferente dos nascidos por parto natural, mas não tinham explicação para isso, segundo o relatório da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas em Copenhaguen.
O documento descreve que os nascidos por parto natural “estão expostos a mais bactérias da mãe do que aqueles [nascidos] por cesariana”, e de acordo com o que chamaram de “hipótese da higiene, o sistema imunológico do recém-nascido aprende, assim, a distinguir entre as suas próprias moléculas inofensivas e moléculas estranhas”.
Investigadores observaram em ensaios clínicos diversos animais nascidos por cesariana, e estes mostraram “um menor número das células que possuem um papel importante na prevenção de células imunes reativas que respondem a moléculas do próprio corpo, da dieta e bactérias intestinais inofensivas”.
Entre as doenças autoimunes que são caracterizadas precisamente por uma reação excessiva do sistema imunitário, os cientistas citam diabetes do tipo 1, doença de Crohn e alergia. O menor número de células relacionadas ao papel do sistema imunológico no corpo de filhotes por parto cesárea, poderia estar relacionada com a ocorrência dessas doenças.
Em resumo, o estudo indicou que a cesariana “tem sido associada com as alterações a longo prazo na composição da flora intestinal e, mais recentemente, com as alterações do sistema imunitário”.
Podemos constatar também que a pesquisa “sugere uma ligação entre a cesariana e um maior risco do desenvolvimento de doenças autoimunes, como a diabetes tipo 1”.
Os efeitos são de longo prazo, porque vimos em animais nascidos por cesariana, uma menor proporção de células T reguladoras e outras células importantes para a imunologia, descreve o extrato.
“Isto mostra um efeito sistêmico (de todo o sistema imunitário do corpo), a longo prazo, sobre o sistema imunológico regulador”, diz o documento.
Os ensaios clínicos nos filhotes de nascimento por cesariana, por sua vez permitiu descartar qualquer predisposição específica para essas doenças, tais como diabetes 1. Para testar a tese, anunciaram que farão em uma próxima etapa uma estudo para averiguar se os filhotes nascidos por cesariana estão predispostos a outras doenças autoimunes.
“Em conclusão” – destaca a equipe de Camilia Hartmann – “a primeira exposição a microrganismos parece ser crucial” para o que será a microbiota intestinal e as células reguladoras do sistema imunológico do novo ser, durante sua vida, e “o tipo de parto influencia fortemente isso”.
Para muitos, o parto natural também se refere a dar à luz em casa, assistido por especialistas qualificados da tradicional medicina moderna: enfermeiras, doulas, parteiras ou o equivalente em cada país.
Experiência parto natural
Francisca e Rodrigo, que têm três filhos por parto natural, explicou ao Epoch Times que a tarefa começou ao ter sua primeira filha no México. “Foram muitas semanas de exercício intenso”, disse a mãe, como a preparação do corpo para permitir a passagem do bebê sem intervenção cirúrgica. A mãe de Francisca a pariu por cesariana e ela queria evitar isso.
Ela escolheu dar à luz na água, muito comum no México. Mas não foi apenas saltar para uma piscina e esperar, disse. Depois de dois dias de contrações intensas, nasceu uma menina. Ela explicou que conseguiu suportar a dor graças aos exercícios que aprendeu anteriormente, e à companhia constante de especialistas.
O segundo filho, nascido no Chile, não esperou a chegada ao hospital, onde haviam decidido ter o bebê por parto normal. Aparentemente, o corpo já estava bem preparado, disse. “Ele nasceu no carro, cheguei com ele nos braços e com o cordão umbilical ainda não cortado”.
Na chegada do terceiro, Francisca disse simplesmente não ter saído de casa porque não havia tempo. Por isso decidiu tê-lo na banheira, vendo que era uma questão de minutos. “Graças à experiência anterior”, disse ela, “foi muito rápido e indolor”.
“Todos os três são muito fortes e saudáveis”, disse o pai, lembrando que estas foram também as palavras que ele disse o pediatra durante o controle normal. Esperanza, Raimundo e Vladimir têm quatro, três e um ano de idade.
Na Itália, um grupo de mães explicou ao repórter do Epoch Times, que o nascimento natural em casa continua a ser um costume comum, que não se perde em pequenas cidades e áreas rurais.
Na Argentina, em outra entrevista ao Epoch Times, o Dr. Jorge Díaz Walker confirmou que a tendência em seu país é o retorno do parto natural tradicional.