Cerca de 30 mil professores estão em greve no Paraná, grande mídia se cala

16/02/2015 14:14 Atualizado: 16/02/2015 14:14

Governo e Professores da rede estadual e municipais de ensino do Paraná (APP) se reunirão nesta quinta-feira (19), para discutir o fim da greve dos professores, que começou no último dia 9, impedindo o início do ano letivo.

Os professores permanecem acampados no Centro Cívico de Curitiba, próximo da sede do governo do estado e da Assembleia Legislativa (Alep). O presidente do Sindicato dos Professores das Redes Públicas Estadual e Municipais do Paraná (APP-Sindicato), Hermes Leão, disse que a categoria reivindica aumento salarial, o pagamento dos atrasados e o reinício das conversações sobre os temas educacionais e a organização escolar, conforme reportagem da Agência Brasil.

No dia 7 deste mês, 100% das escolas estaduais do Paraná entraram em greve, além de três das quatro universidades estaduais. Policiais e bombeiros não, porque sua greve é inconstitucional. Os professores faziam parte do grupo de servidores que invadiu o prédio da Alep para protestar contra um pacote de medidas proposto nesta semana pelo governado Beto Richa (PSDB) para votação dos deputados em caráter de urgência. Dentre as medidas, estão o aumento de impostos e o “confisco” de 8 bilhões da Previdência Paraná (entenda todo o pacotaço aqui). Beto Rixa deu calote em professores, bombeiros, policiais e outras classes, deixando de pagar férias, atrasando décimo terceiro, mandando embora professores aprovados, bem como merendeiros, porteiros, faxineiros etc.

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Os manifestantes deixaram o local na quinta-feira (12) após o governo do Paraná anunciar a remoção “para reexame” dos projetos “em função dos lamentáveis acontecimentos que culminaram com a invasão dos prédios do Poder Legislativo, para preservar a segurança e a integridade física de deputados e servidores públicos”.

Na quarta-feira (11), mais de 20 mil professores e funcionários públicos, de diversas cidades, invadiram a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, fazendo com que os deputados de situação fugissem pelos fundos. Beto Richa conseguiu que ordenassem que fossem expulsos do local. A PM não aceitou cumprir a determinação e se retirou. A professora Thais Vanessa Schmitz comentou: “A PM do PR também está sofrendo com um calote do governador e desvalorização. Para eles é inconstitucional fazer greve, mas estão nos apoiando, um deles mesmo disse: eu sei que vocês estão lutando por nós também.” Veja vídeo divulgado pelo site Portal Metrópole.

O governador Beto Richa chamou a manifestação de “absurda e violenta”. “Um grupo de baderneiros, infiltrado no movimento dos professores, impôs uma mordaça ao Poder Legislativo, impedindo temporariamente o seu funcionamento. É lamentável que a democracia, pela qual tanto lutamos, seja ameaçada por atos violentos como os que assistimos no dia de hoje”, disse.

A APP-Sindicato contestou o governador em suas afirmativas, através de comunicado transmitido na quinta-feira (12) à noite, segundo divulgou o jornal Paraná Online. Confira o comunicado na íntegra:

“Frente às declarações do governador do Paraná, senhor Beto Richa (PSDB), veiculadas na noite desta quinta-feira (12), a direção estadual da APP-Sindicato vem a público repudiar com veemência as alegações e a falta de diálogo daquele que foi eleito para governar um Estado e não para tentar fazer dele um reinado.

O governador, em entrevista, afirmou que eram apenas ‘baderneiros que invadiram a Assembleia Legislativa’. Eram, na verdade, milhares de servidores(as) em greve, que protestaram, mais uma vez, de maneira pacífica e ordeira em defesa de suas carreiras e salários. Em defesa de direitos historicamente conquistados com muitas lutas. Diante da iminência de um verdadeiro ‘tratoraço’, trabalhadores(as) saíram às ruas para ‘ousar’ discordar do governador.

Ressaltamos que o governo foi informado da reinstalação da greve da educação ainda na segunda-feira, dia de seu reinício. Em um documento protocolado no Palácio Iguaçu, a direção da APP-Sindicato apresentou a pauta de reivindicações aprovada na assembleia da categoria no ultimo sábado (12). Além disso, solicitou imediato estabelecimento de uma mesa de negociação entre governo e sindicato, o que não ocorreu. O governo, pelo contrário, insistiu em sua gana de aprovar o pacote de maldades.

Infelizmente, mais uma vez educadores(as) foram recebidos pela polícia militar com bombas e balas de borracha. Deputados aliados foram vergonhosamente entronizados na Alep pela porta dos fundos, após cerrarem as grades. A indignação tomou conta daqueles que ali estavam e decidiram ocupar o pátio da assembleia legislativa.

Vencemos apenas uma batalha e continuaremos em greve para exigir do governo o cumprimento das demais pautas da paralisação.”

O secretário-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, entrou em contato com a direção estadual da APP-Sindicato na sexta-feira (13) para agendar um encontro. A reunião será feita na próxima quinta-feira (19) a partir das 14h30, segundo divulgou o APP-Sindicato em sua página oficial na internet. O tema será a pauta da greve (aprovada na assembleia da categoria, realizada em Guarapuava).