Censura da internet, um negócio lucrativo na China

28/02/2013 14:34 Atualizado: 28/02/2013 14:34
Pessoas usam seus laptops num café em Pequim em novembro de 2012 (Wang Zhao/AFP/Getty Images)

Surgir atravessada na tela a mensagem “esta página não pode ser exibida” enquanto se navega na internet é uma experiência comum para os internautas chineses e geralmente um sinal de que o conteúdo foi removido por censores da internet. A prática é conhecida como “pós-exclusão” e relatos recentes revelam como a indústria tem crescido.

Como a maioria das coisas na China, a prática duvidosa de apagar mensagens envolve negócios e a burocracia, segundo um artigo do Century Weekly de Pequim em 18 de fevereiro. Essa economia paralela é controlada por empresas de relações públicas, gestores de websites e oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC) encarregados de monitorar a internet.

Também conhecidas como “empresas de relações públicas de crise na internet”, essas empresas de pós-exclusão atendem empresas privadas, bem como oficiais do PCC. Uma dessas empresas, a ‘Pequim Qihang Relações Públicas da Internet’, explica em seu website que certas mensagens online devem ser excluídas porque “muitas empresas bem conhecidas gastam grandes quantias para estabelecerem suas imagens corporativas. Se não tomarem medidas para remover artigos negativos, elas poderiam encontrar-se numa crise mortal.”

Pequim Qihang é capaz de remover qualquer artigo online que possa ser encontrado usando o Baidu, o maior motor de busca na China, assim como imagens de tela armazenadas em cache de páginas ofensivas em servidores Baidu.

Excluir um artigo custa até dezenas de milhares de yuanes e bloquear um termo de pesquisa pode custar até 1 milhão de yuanes (160 mil dólares), segundo a Century Weekly.

No entanto, como agora muitos internautas anônimos usam a internet como plataforma para denunciar atos de corrupção, as autoridades chinesas se tornaram os principais clientes dessas empresas de censura.

A ‘Yage Time Advertising Ltd.’, uma dessas empresas de ‘limpeza na web’, disse no relatório que 60% de sua receita vem de oficiais em pequenas e médias cidades, a maioria dos quais eram chefes de polícia e governadores municipais.

Gu Tengda, o fundador da Yage Time, teria dito a seus vendedores durante uma sessão de treinamento, “Cada uma de suas negociações deve valer pelo menos 500 mil yuanes [80 mil dólares].” Um ex-executivo de alto escalão revelou que a empresa lucrou de 50 milhões de yuanes (8 milhões de dólares) em 2011.

O Sr. Zhang, um funcionário de uma empresa do mesmo setor, a ‘306 Internet Brand Consulting’, disse numa entrevista com a mídia chinesa ‘International Business Times’ que a empresa oferece serviços de longo prazo para seus clientes. “Os preços dependem da dificuldade do trabalho. Não é difícil apagar notícias da maioria dos websites, mas excluir notícias ou mensagens em websites de notícias e fóruns financeiros muitas vezes custa mais. Também oferecemos o serviço de modificar a mensagem original e liberar informações positivas sobre nossos clientes”, disse o Sr. Zhang.

De acordo com Zhang, o negócio de pós-eliminação começou a crescer em 2007 e atingiu seu auge em 2010, mas desde então tem abrandado. “Essa indústria ainda é rentável e realmente competitiva nas grandes cidades, como Pequim, Shanghai, Shenzhen e Guangzhou. No entanto, o mercado também é atraente em cidades de pequeno e médio porte.”

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