Censores chineses anunciam controles mais rígidos sobre conteúdo de vídeo online

17/07/2012 03:30 Atualizado: 17/07/2012 03:30

Chineses navegam na internet num cibercafé em Pequim em 8 de setembro de 2011. (Liu Jin/AFP/Getty Images)Um regulador de radiodifusão chinês ordenou que todos os websites na China devem censurar e pré-exibirem todos os vídeos antes de se tornarem públicos num novo movimento para reprimir mais duramente a liberdade de expressão dos internautas. Os analistas sugerem que o movimento pode ser uma reação para bloquear a distribuição online de vídeos curtos feitos com dispositivos portáteis ou documentários curtos sobre questões políticas sensíveis.

O Departamento de Informação da Internet do Estado e a Administração Estatal de Cinema, Rádio e Televisão (AECRT) emitiram o decreto no início da semana passada, dizendo que websites chineses que hospedam vídeos, incluindo o website altamente popular Youku, serão responsabilizados se não censurem seu conteúdo.

Numa resposta por escrito a jornalistas chineses, um regulador de radiodifusão disse que a censura é necessária para conter “conteúdo vulgar”.

No entanto, observadores veem isso mais como uma questão de controle político. O Register afirma que, uma vez que poucos detalhes foram dados, as autoridades estão efetivamente permitindo “rotular e retirar qualquer coisa que não gostem”, o que pode incluir vídeos que ridicularizam o Partido Comunista Chinês (PCC) ou que mencionem outros temas considerados politicamente sensíveis.

A censura de vídeos já é prática comum na China, mas a exigência de que o conteúdo seja rigorosamente avaliado antes de ser publicado significa que os websites de vídeo terão de trabalhar mais para ficar dentro das normas de propaganda.

David Bandurski, analista de mídia chinesa na Universidade de Hong Kong, escreveu numa análise online que a exigência da AECRT para os vídeos “aderirem à orientação correta” é uma “política de propaganda básica que sugere o controle não apenas de conteúdo vulgar ou indecente, mas também de conteúdo que, no mais amplo sentido, vai contra as políticas, objetivos ou ‘espírito’ do PCC.”

Ele disse que o movimento poderia ser especialmente dirigido para bloquear a distribuição de “microfilmes”, ou curtos documentários, compilados a partir de imagens feitas com dispositivos móveis. “Além disso, os regulamentos responsabilizam explicitamente os distribuidores de programação de vídeo online por violações da disciplina de propaganda”, escreveu ele.

Youku, o website de vídeos mais visitado, disse à BBC que dificilmente seria afetado porque ele emprega centenas de pessoas que verificam vídeos. “Se for anti-PCC e antissociedade, então, definitivamente não passará. Nenhum website permitirá tal conteúdo”, disse um porta-voz, que sugere ainda que a AECRT desejará que outros websites de vídeo censurem conteúdo anti-PCC.

Postagens de internautas na popular plataforma de microblogue Sina Weibo comentaram sobre o anúncio da AECRT antes das pesquisas sobre o tema serem censuradas.

Um usuário disse, “Vocês controlam tudo, mas não administram nada bem!”, segundo o blogue de Bandurski. Outro disse, “Deveríamos deixar esses caras cuidarem do problema da segurança alimentar”, referindo-se à série de escândalos alimentares que atingiram as empresas chinesas nos últimos anos.