Manifestantes depredam centro da cidade fugindo de operação do Choque. Pedestres entram em pânico
RIO DE JANEIRO – O terceiro ato contra o aumento das passagens de ônibus para R$ 2,95, que vigora desde 1° de junho no Rio de Janeiro, terminou em caos no centro da cidade nesta segunda-feira (10) à noite. O protesto, inicialmente pacífico, foi da Cinelândia à Uruguaiana e interditou algumas das principais avenidas da cidade, como a Rio Branco e a Presidente Vargas, resultando em confronto com a polícia e em vandalismo.
Cerca de 1.500 manifestantes se concentraram na Praça da Cinelândia por volta das 17h, em frente à Câmra Municipal, e, com cartazes e faixas onde se lia “Desculpe o trânsito, estamos lutando pelos seus direitos”, marcharam pela Avenida Rio Branco, Rua Araújo Porto Alegre, Avenida Presidente Antônio Carlos, Rua Primeiro de Março e, finalmente, Avenida Presidente Vargas. O trânsito foi liberado às 19h10.
O conflito começou quando um manifestante foi preso supostamente por desacato a autoridade na Avenida Presidente Antônio Carlos, em frente ao Fórum de Justiça do estado, e por, segundo a polícia, ter quebrado uma de suas motos. Um manifestante que presenciou de perto a detenção e não quis se identificar afirmou, no entanto, ser falsa a versão e que o jovem teria sido usado pelos policiais como bode expiatório para desencadear a repressão.
Os manifestantes reagiram soltando fogos de artifício e incendiando uma barricada montada com sacos de lixo para conter o avanço da Polícia Militar. Os policiais contornaram pelas adjacências e os alcançaram em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A essa altura os manifestantes já somavam 2.000 pessoas, com a adesão de pedestres no trajeto e a chegada de reforço convocado em tempo real pelas redes sociais.
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Neste ponto, a tropa de Choque começou a atirar balas de borracha e a jogar dezenas de bombas de efeito moral e granadas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, causando tumulto e correria. Os policiais também investiram com cassetetes e spray de pimenta para cima dos manifestantes.
A partir de então, alguns protestantes mais radicais começaram a reagir jogando pedras e quebrando tudo o que viam pela frente: janelas e pontos de ônibus, latas de lixo e bancos de rua, vidraças do edifício da Universidade Cândido Mendes, do Paço Imperial, da Igreja da Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé e do Centro Cultural Banco do Brasil, na Rua Primeiro de Março, e também do Banco Central, já na Avenida Presidente Vargas. Paredes e ônibus foram pichados. Pedestres desesperados buscavam proteção atrás de carros estacionados e estabelecimentos fecharam.
Na Uruguaiana, a polícia encurralou os manifestantes e a estação do metrô fechou, causando pânico nos trabalhadores que voltavam para casa, mas que conseguiram embarcar após arrombarem a porta. Neste ponto os manifestantes se beneficiaram da mistura com pedestres e logo ressurgiram em massa, com 1.600 pessoas, após nova concentração em frente ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, no Largo do São Francisco. A marcha retomou a Presidente Vargas com a perseguição seguindo pela avenida até a Faculdade Nacional de Direito por volta das 21h30, altura do Campo de Santana, na Central.
Tudo terminou na 4ª (Rua Praça da República, Central) e 5ª (Rua Mem de Sá, Lapa) Delegacias de Polícia Civil, transbordando de manifestantes, policiais, repórteres e advogados. Até 23h, pelo menos 37 pessoas haviam sido detidas, nove menores de idade.
Protestantes criticaram a violência da polícia e a violação do direito a se manifestar. “A polícia atacou com extrema truculência e de forma desproporcional”, afirmou o estudante secundarista Isaac Galvão, de 16 anos, um dos detidos. A Polícia Militar justificou, em nota, que a operação visou garantir o direito de ir e vir da população.
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