O mercado negro da China para mercadorias utilizadas por cibercriminosos está disponibilizando dispositivos para hackear telefones móveis. A mudança está ligada ao aumento do uso de smartphones na China, o que permite que mais pessoas acessem a internet.
O novo foco dos hackers também pode significar mais ciberataques em celulares no Ocidente. “Isso afeta qualquer um e todos, porque todos usamos dispositivos móveis”, disse John Clay, especialista em tecnologia de segurança da TrendMicro, que publicou recentemente um relatório sobre o mercado negro dos hackers chineses. “Os criminosos querem ter acesso a um grande grupo de vítimas. Quanto mais vítimas eles tiverem acesso, mais provável é que eles visem esse produto”, disse ele.
De acordo com a TrendMicro, que cita o ‘Centro da Rede de Informação da Internet da China’, cerca de 81% dos 618 milhões de usuários de internet da China acessaram a web com telefones celulares em 2013. As ameaças contra os telefones móveis só aumentarão, disse Clay. Ele relacionou isso a vários anos atrás quando hackers se voltaram quase exclusivamente para produtos da Microsoft, “porque é onde estava a maioria dos usuários”. Isto pode ser ainda mais reforçado com a proliferação dos dispositivos que estão sendo vendidos no mercado negro chinês que visam telefones celulares.
O ‘submundo móvel’
Os mercados negros para cibercriminosos normalmente existem na internet sob a internet, um lugar referido como “darknet” ou “deepweb”. A darknet é um termo amplo que se refere a websites não abertamente acessíveis. Estes incluem tudo, desde fóruns e salas de bate-papo protegidos por senha até websites que só podem ser acessados usando um software especializado.
Um dos sites mais conhecidos na darknet era a ‘Rota da Seda’ (“Silk Road”), que era um mercado negro de drogas ilegais. Ele foi fechado em outubro de 2013, quando o FBI prendeu seu suposto proprietário. “Eles têm sua própria versão da darknet dentro da China”, disse Clay, observando que eles existem principalmente em fóruns da Baidu Web e nos grupos de chat QQ, que estão entre os métodos mais populares de comunicação online na China.
Pesquisadores da TrendMicro, que obtiveram acesso aos mercados negros da China, viram que há um número crescente de dispositivos de software e hardware destinados a hackear celulares. Clay observou que, embora os tipos de ataques usados pelos dispositivos não sejam nada novo – como dispositivos maliciosos para enviar spam, ou inscrever vítimas em serviços especiais móveis indesejados –, os dispositivos estão ficando mais fácil de usar, e agora são pré-construídos.
Isso permite que até mesmo pessoas com pouco conhecimento de computadores se envolva em cibercrimes. Os dispositivos, por sua vez, estão ficando mais específicos e perigosos. “Esta é uma indústria, é um mercado, e, assim como no mundo legítimo, as organizações que vendem coisas acompanharão o que funciona de uma perspectiva de marketing e vendas”, disse Clay. “Essas pessoas estão fazendo a mesma coisa no mundo clandestino.”