A palavra cefaleia é usada para indicar uma dor que aparece na cabeça, um problema frequente na população, conhecido popularmente como “dor de cabeça”.
A cefaleia é um sintoma ou é uma doença? Há diferença nisso?
O sintoma é percebido pela própria pessoa, quando sente em seu organismo uma alteração desconfortável sinalizada pela dor.
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A doença é a resultante de um sintoma ou de vários deles agrupados, que levam a um diagnóstico específico e percebido pelo outro.
Sintoma: derivado do grego – syndromé (reunião — agrupamento de sinais);
Doença: derivado do latim – dolentia (padecimento – distúrbio específico).
A partir dessas considerações, a cefaleia pode ser vista como sintoma, que pode sinalizar uma doença. Também pode revelar um estado alterado da função na tensão muscular, ou de alteração respiratória – quando a inspiração é mais intensa do que a expiração.
Deduz-se, então, que a cefaleia é uma “dor de cabeça” que pode aparecer em momentos e intensidades diferentes. Esse termo abre um leque tanto para diagnósticos de doenças graves, como a meningite, como apenas para um sintoma que persiste ao longo do tempo – e que pode ser aliviado ao se tomar algum analgésico.
Assim, as causas e tratamentos são múltiplos, e nem sempre as causas conseguem ser descobertas através da ótica médica, sendo necessário o conhecimento de outras áreas, como da psicologia, da fisioterapia, da acupuntura e outras; contudo pouco se recorre à odontologia.
Existe um pressuposto incorreto de que o médico cuida do corpo e o dentista apenas da boca, como se a boca estivesse separada do resto do organismo. Não se pensa que muitos distúrbios que afetam o organismo estão relacionados ao mau funcionamento da boca, e nem que várias patologias que afetam a boca estão ligadas a funções alteradas em outras partes do organismo.
Vamos considerar a cefaleia ocasionada pela tensão muscular dos músculos faciais.
Estes são os músculos que condicionam o movimento da face e da cabeça, que está ligada por eles ao pescoço e às costas, interagindo inicialmente com a coluna cervical e torácica.
Parte desse movimento é oriundo da postura bucal e da mastigação. Quando a função muscular é inadequada, um grupo muscular é mais tenso e o outro é muito alongado dentro dessa dinâmica; por isso, o sistema nervoso acusa dor.
Em outros casos pode haver distúrbio vascular. Todo líquido no crânio deve estar em equilíbrio: o quanto chega dever estar em proporção adequada em relação ao quanto sai. Mesmo uma compressão mecânica, tanto pela postura de cabeça ou de boca, como no tocar dentes superiores com os inferiores, pode provocar alterações desarmoniosas, obstruindo ou tensionando vasos sanguíneos, resultando em dores.
Nevralgias do trigêmeo são sinalizadas muitas vezes por dores resultantes de um comprometimento dentário, tanto por compressão como por desvio da linha mediana (com os dentes se tocando, é a linha vertical que divide ao meio os arcos dentais em esquerda e direita). A linha com desvio leva a apoios desajustados nas ATMs (ATM: articulação temporomandibular), com dores de um lado ou dos dois lados, ao abrir e fechar a boca, e as vezes com “estalos” audíveis e desconfortáveis.
A respiração inadequada também tem um papel importante no surgimento de algumas cefaleias. A respiração está bastante ligada ao espaço oral (onde a língua se movimenta com os lábios fechados): é comum a presença de cefaleia quando num espaço oral inadequado a entrada de oxigênio (inspiração) nem sempre corresponde a saída de gás carbônico (expiração), e vice-versa, provocando uma dor crônica que pode ter uma relação íntima com fatores emocionais.
Os fatores são vários e, por incrível que possa parecer, o órgão responsável pela sinalização da dor, não dói: os neurônios não sentem dor, nem os tecidos do cérebro são sensíveis à dor. No cérebro muitos tumores são descobertos por acaso, em exames de imagens.
Com esse cenário complexo sobre a origem das cefaleias tudo parece complicado, porém a boa notícia é que 90% das dores de cabeça estão no grupo de dor tensional, ocasionada por tensão muscular.
Pode-se resolver a dor fazendo músculos funcionarem adequadamente, tanto para a respiração, como para a mastigação.
Há profissionais na odontologia que aplicam o método simples da Biocibernética Bucal, através de aparelhos colocados dentro da boca, que são direcionados a fazer trabalhar músculos rotineiramente pouco solicitados e descansar outros extremamente ativados. Após algum tempo, o cérebro aprende a nova orientação e corrige as alterações nos tônus musculares desajustados.
Nesse processo, a respiração também muda, já que o espaço oral também ganha extensão tridimensional, com mais volume aéreo, favorecendo assim a oxigenação mais intensa, resultando em maior saúde neural.
Devido à reorientação espacial da boca, ao incremento no aporte de oxigênio para o organismo, e à redução notável das tensões musculares na face, na cabeça, no pescoço e nos ombros, muitas cefaleias crônicas tendem a ser curadas através da abordagem da biocibernética bucal.