Este tesouro da UNESCO já abrigou um monge fugitivo
EISENACK – O Castelo de Wartburg localiza-se no topo da montanha e tem uma vista para o bosque Thuringian, um oceano de árvores tão denso que daria para esconder centenas de Hansels e Gretels perdidos. (Adaptação alemã para a estória de João e Maria perdidos na floresta e alimentados pela bruxa). O pequeno vilarejo de Eisenach, onde nasceu Johann Sebastian Bach, está localizado ao lado do vale.
As estruturas que sustentam o Castelo possuem cerca de mil anos. A lenda diz que Wartburg foi fundada em 1067 por um conde que se chamava Ludwig Der Springer ou Louis o saltador, que ganhou este apelido ao saltar da cela onde estava aprisionado diretamente em direção ao rio que ficava no final de um desfiladeiro.
A evidência arqueológica sugere que a parte mais antiga do Castelo foi construída em meados do século XII por Landgrave Ludwig II de Thuringia, cunhado do poderoso imperador romano Frederick Barbarossa.
Uma combinação única das arquiteturas romana, gótica e italiana, o Castelo de Wartburg hospedou santos, cavalheiros, trovadores e um sacerdote fugitivo chamado Martin Lutero.
Com seus valores culturais de significado universal, destacando-se os monumentos do período feudal europeu, foi classificado como patrimônio mundial.
Em 1206, ocorreu um dos eventos mais significativos do Castelo. Foi um equivalente medieval ao “American Idol”, este evento se deu no Recinto dos Cantores, o qual tem uma história de 800 anos. Organizado por Landgrave Herman I e sua esposa Sofia, seis cantores da Alemanha e Áustria se apresentaram em uma competição musical que não somente provaria quem era o melhor, mas que terminaria com a execução dos perdedores.
O compositor Richard Wagner, 600 anos depois, utilizou “A Guerra dos Cantores” como história de sua Ópera “Tannhauser”. Wagner e o compositor Franz Listz executaram a música de Wartburg inspirada neste grande Recinto do Castelo. Hoje em dia, a competição possui como anfitriões, Herman e Sofia que saúdam com as mãos os visitantes. A pintura dos dois está em um manuscrito iluminado e exibido no Salão dos Cantores.
Em 1221, poucos anos após o eco das músicas ter se apagado, um novo Landgrave (título nobre) Ludwig IV, trouxe a sua prometida, Elizabeth da Hungria, à Wartburg. Com apenas 14 anos de idade, Elizabeth foi muito querida por seu povo; a admiração por sua pessoa era tanta que, 4 anos após a sua morte, em 1228, foi canonizada como santa Elizabeth.
O Castelo celebra sua vida em murais e mosaicos pintados pelo neto do Czar russo em um estilo romântico alemão do século XIX.
Porém, deixando de lado os cantores e santos, o residente mais famoso do castelo de Wartburg, foi aquele que passou na história como renegado e permaneceu no castelo no início do século XVI, Martin Lutero.
A incógnita de um inquilino famoso
Em 1521, condenado pela Igreja por heresia, Lutero fugiu. Federico da Saxônia, “o sábio”, escondeu o fugitivo no castelo. Em um período de 10 semanas, Lutero traduziu o novo testamento do grego ao alemão, transformando o cristianismo na Europa e a estrutura vernácula alemã também.
A história de sua visão de satã, o que o levou a atirar o tinteiro contra a parede, trouxe como resultado um conjunto de souvenires. O salão de Lutero apresenta uma pessoa apreciando a paisagem em uma janela, o quarto está decorado com seu retrato feito por Lucas Cranack, o ancião, também possui um escritório contemporâneo com uma cadeira feita de vértebra de baleia, a qual era usada por Lutero.
Este quarto simples, o qual abriga esta grande revolução religiosa, é a “parada” mais importante para muitos visitantes deste lugar na Alemanha.
Nos quartos próximos, há um pequeno, porém impressionante conjunto de instrumentos musicais medievais, retratos originais da família de Lutero feitos por Lucas Cranack; há também uma coleção de relicários e peças de arte, incluindo o impressionante armário gótico Durer, o qual foi talhado por Albrech Durer e Lucas Cranack.
O quarto de Lutero, que tem 500 anos, é uma construção em madeira dentro do pátio do Castelo. Pouco mais adiante, há um hotel de 100 anos, o Auf Der Wartburg, onde os turistas podem passar a noite em quartos medievais e observar o imenso bosque, o qual mudou muito pouco desde que Lutero dormiu ali.