Uma multidão espancou até à morte um casal cristão acusado de profanar um exemplar do Corão e queimou os cadáveres no forno de uma fábrica numa cidade do centro do Paquistão, anunciou a polícia.
O incidente, o mais recente de uma série de atos de violência no país por alegada blasfémia, ocorreu em Kot Radha Kishan, uma cidade de cerca de 45 mil habitantes da província do Punjab, a cerca de 60 quilómetros da capital provincial Lahore.
“Uma multidão atacou um casal cristão depois de os acusar de profanarem o Corão e, mais tarde, queimou os seus corpos no forno da fábrica onde trabalhavam”, disse à agência France Presse um responsável da polícia local, Bin Yameen.
“Ontem (03.11) houve um incidente de profanação do Corão na zona e, hoje, a multidão espancou o casal e queimou os corpos”, acrescentou.
Outra fonte policial confirmou o incidente à agência.
As vítimas foram apenas identificadas pelos primeiros nomes, Shama e Shehzad.
O chefe do governo regional, Shahbaz Sharif, nomeou uma comissão de três elementos para investigar o incidente e deu ordens à polícia para reforçar a segurança nos bairros cristãos da província, segundo fonte do seu gabinete.
Incidentes envolvendo acusações de blasfémia, muitas vezes com atos de violência perpetrados por multidões, são frequentes no Paquistão, país onde 97% da população é muçulmana.
Uma mulher cristã, Asia Bibi, foi condenada à morte há quatro anos por ter supostamente “insultado” o profeta Maomé durante uma discussão com vizinhas muçulmanas.
No mês passado, Mohammed Asghar, um cidadão britânico de 70 anos, que sofria de esquizofrenia, foi morto a tiro por um guarda da prisão por afirmar ser um profeta do Islã, o que é considerado sacrilégio no Paquistão.