Carta aberta acusa empresário bilionário na China de corrupção

21/08/2013 16:27 Atualizado: 21/08/2013 16:27
Acusações podem estar associadas com esforços para incriminar ex-chefe da segurança pública
Yang Weijun, ex-vice-presidente da Conferência Consultiva Política Popular na província de Yunnan, China, escreveu uma carta publicada na revista Caijing abordando a ampla corrupção na venda de minas em Yunnan e envolvendo o poderoso empresário Liu Han (Imagem da internet)
Yang Weijun, ex-vice-presidente da Conferência Consultiva Política Popular na província de Yunnan, China, escreveu uma carta publicada na revista Caijing abordando a ampla corrupção na venda de minas em Yunnan e envolvendo o poderoso empresário Liu Han (Imagem da internet)

Uma carta aberta de um oficial aposentado do Partido Comunista Chinês (PCC) alegando extensa corrupção na província de Yunnan, no sudoeste da China, aprofundou as dificuldades enfrentadas por um famoso empresário bilionário. As revelações também podem significar problemas para o patrono deste empresário, o ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang.

Yang Weijun foi vice-presidente do órgão consultivo provincial do PCC – a Conferência Consultiva Política Popular – na província de Yunnan. Recentemente, ele publicou uma carta aberta no blogue da revista de negócios Caijing que foi dirigida a Wang Qishan, o chefe do órgão encarregado de disciplinar e punir oficiais do PCC, o Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID).

Na carta, Yang acusa Liu Han, o bilionário-chefe do Grupo Sichuan Hanlong, de obter 60% das ações da mina Lanping de chumbo e zinco, avaliada em 500 bilhões de yuanes (c. US$ 81,635 bilhões), por apenas 1 bilhão de yuanes (c. US$ 163,27 milhões). Ele foi capaz de fazer isso, segundo Yang, com a ajuda do ex-secretário do PCC na província de Yunnan, Bai Enpei, e do ex-governador provincial Xu Rongkai.

A mina de ouro Dongchuan Boka, que está avaliada em dezenas de bilhões de yuanes, também foi depreciada e vendida para Liu Han por alguns milhões de yuanes.

Yang diz que muitas minas importantes em Yunnan – como as minas Yanping e Boka, a mina de cobre Dahongshan e as minas de bronze Lanla, Puchao, Wenshan e Dapingzhang – não foram vendidas respeitando os regulamentos. Ele suspeita que funcionários públicos e empresários sejam coniventes nestas fraudes e apelou a Wang Qishan que investigasse estes casos.

Em agosto de 2011, quando Yang pediu ao então novo secretário do PCC em Yunnan, Qin Guangrong, para fazer uma investigação, Qin disse a Yang que estes casos envolveram dirigentes do Comitê Central e que há “um inconveniente para intervir”.

Esse transtorno tem um nome: Zhou Yongkang. De acordo com pessoas familiarizadas com as lutas pelo poder no PCC e no que diz respeito à província de Sichuan especificamente, Liu Han é um assecla de Zhou Yongkang. Entre 1999-2002, Zhou foi o chefe do PCC na província de Sichuan, local e época em que Liu Han ascendeu.

O Grupo Sichuan Hanlong de Liu Hang atualmente detém ações de cinco empresas nacionais e estrangeiras e possui ou controla outras 30 empresas que estão envolvidas na produção de energia limpa, desenvolvimento de recursos, infraestrutura, proteção ambiental de alta tecnologia, investimento transnacional e outras áreas.

Desde sua fundação em 1997, a empresa se tornou bastante rica em apenas 15 anos, com ativos atingindo 20 bilhões de yuanes (c. US$ 3,26 bilhões). Liu Hang foi detido pela polícia em março, por supostamente abrigar o irmão foragido que é procurado por assassinato.

Por causa de suas redes de conexões no PCC, os crimes de empresários ricos na China são muitas vezes negligenciados. Sua prisão, por outro lado, parece refletir uma alteração na dinâmica de poder.