Todo dia é dia de caos no trânsito carioca. É o preço que se paga por eleger um prefeito “empreendedor” e ”valentão”, que não tem o menor pudor de infernizar a vida de milhões de pessoas por conta de seus caprichos urbanísticos. Dizem que o indigitado pretende escrever o seu nome na História, em letras tão grandes quanto as de um Pereira Passos ou Carlos Lacerda.
Como todos sabem, Eduardo Paes transformou a vida dos cariocas num verdadeiro inferno, ao resolver derrubar um dos viadutos mais utilizados do Centro do Rio e, de quebra, interditar as ruas que passam embaixo dele.
Esta semana, para piorar as coisas mais um pouquinho, uma imensa cratera, provocada por vazamento de água, fechou uma das ruas mais importantes de Copacabana, e a famigerada CEDAE, empresa estatal de águas do RJ, já está há setenta e duas horas trabalhando no local, sem conseguir resolver o problema. Vai ser competente assim lá no Rio!
Para piorar ainda mais um pouquinho o inferno astral do carioca, na manhã de quarta (26), meia dúzia de gatos pingados, sob o olhar complacente da PM e da Guarda Municipal, resolveram promover uma passeata na Av. Francisco Bicalho, na Leopoldina, principal artéria de ligação entre o subúrbio e o Centro. Resultado: a cidade praticamente parou.
Parados no trânsito, o que os motoristas mais escutavam em seus rádios era um bordão que já ficou famoso por essas bandas: “A prefeitura reitera o pedido para que os cariocas não saiam de casa”. Quando isso não for possível “a prefeitura pede que evitem o Centro, a Zona Sul, a Zona portuária”. Não sei se alguém já disse ao prefeito e a seus asseclas que as pessoas, na sua imensa maioria, não saem de casa, durante a semana, para passear, mas para trabalhar. E, quando o patrão não é o prefeito ou o governador, as faltas são computadas e descontadas no fim do mês. Isso para não falar de um provável bilhete azul.
Felizmente, para o prefeito, o carioca é um povo manso, dócil, que aceita tudo com imensa paciência e bom humor (deve ser resultado de alguma coisa que colocam na água). E foi esse bom humor que gerou a criação de uma das páginas de internet mais engraçadas dos últimos tempos, chamada jocosamente de “Eduardopaespede”. Seguem algumas deliciosas pérolas:
“Para reduzir a poluição da Lagoa, Eduardo Paes pede que cariocas evitem fazer cocô”
“Para minimizar os riscos de tapetão, Eduardo Paes pede que cariocas evitem vencer o Flu”
“Para minimizar a sensação de calor, Eduardo Paes pede que cariocas evitem se movimentar”
“Por metrô menos cheio, Eduardo Paes pede que cariocas evitem engordar”
“Para diminuir a revolta contra o prefeito, Eduardo Paes pede que cariocas não lhe dêem ouvidos”
“Contra xixi na rua, Eduardo Paes pede que cariocas evitem beber no Carnaval”
“Com preços abusivos dos imóveis, Eduardo Paes pede que cariocas evitem morar na cidade”
“Por um Rio mais feliz, Eduardo Paes pede que cariocas evitem reclamar no Facebook”
“Para conter alta dos preços, Eduardo Paes pede que cariocas evitem gastar dinheiro”.
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo
Esse conteúdo foi originalmente publicado no portal do Instituto Liberal