A China está provavelmente ansiosa para iniciar o novo ano chinês, que começa em 08 de fevereiro, deixando todo seu caos monetário para trás, já que os eventos econômicos chineses vão de mal a pior, e janeiro de 2016 não tem sido excessão.
O yuan chinês caiu 0,6% – queda muito significativa para o porte da moeda chinesa -, sendo esta a menor cotação desde março de 2011. O yuan despencou nas bolsas de valores depois que o banco central da China fixou um valor decrescente de 0,22%, sendo esta outra desvalorização oficial.
A China primeiro desvalorizou o yuan em agosto de 2015 e, em seguida, interveio com grande força no mercado para manter seu valor relativamente estável, gastando US$ 255 bilhões de suas reservas em moeda estrangeira, até o final de novembro de 2015.
Depois que o Fundo Monetário Internacional incluiu a China em sua cesta de moedas de reserva, em novembro, Pequim reduziu sua reserva, fazendo com que a moeda chinesa sofresse uma queda mais gradual.
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Pequim também deu um aviso justo ao mercado, dizendo que iria corrigir o valor do yuan frente a uma cesta de moedas, e não apenas realizando o reajuste em relação ao dólar americano.
O valor do yuan em dólares americanos caiu em 2015, mas aumentou na cesta ponderada pelo comércio. Isto deu a Beijing uma justificativa ainda maior para que sua moeda se desvalorizasse frente ao dólar.
“A China vai ter que desvalorizar dramaticamente sua moeda”, disse Kyle Bass, diretor da Hayman Capital Management LLC., ao jornal Wall Street Week. Ele acha que a desvalorização pode ser tanto quanto 20%.
Assim, os investidores despertaram e começaram a abrir mão do yuan o mais rápido que puderam. Afinal, para que continuar com uma moeda em queda? No entanto, este comportamento acabou gerando um problema: o abandono em massa do yuan resultou em uma queda ainda pior para a moeda. E enquanto os reguladores chineses podem impedi-los de vender injustificadamente a moeda continental (CNY) por causa dos controles de capital, ninguém os impede de vender o yuan offshore (CNH), que é comercializados livremente, principalmente, em Hong Kong.
O CNH caiu 1,1 % em relação ao dólar americano, sendo negociado a um preço tão baixo quanto US$6,70, o menor desde setembro de 2010. O spread entre o yuan continental e a moeda offshore também aumentou em um recorde de 2,5%.
Saída de capital
Por trás do movimento nas moedas existe a mudança tectônica nos fluxos de capital. Até 2014, a China atraiu capital, aquecendo o mercado. Agora, o capital está indo embora, fator que leva a taxa de câmbio para baixo.
“A situação passou de uma moeda que estava indo bem, com influxos de capital, para o inverso, chegando a um período em que os seus próprios residentes querem diversificar em outra coisa “, disse Carmen Reinhart, professora de Harvard.
Ela acha que a China está enfrentando “uma crise significativa da dívida interna “, razão pela qual os cidadãos chineses e os investidores internacionais estão movimentando seu dinheiro.
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“Você tem uma mudança nos fluxos de capital e, de fato, essa mudança também tem acelerado as compras de imóveis em Londres, em Boston e em Nova York. Você vê que não está sendo somente o Tesouro. Estamos presenciando isso na China e na Rússia “, disse ela.
A Bloomberg estimou que cerca de US$ 367 bilhões em capital deixaram a China nos três últimos meses de 2015. O Epoch Times havia estimado saídas em torno de $ 850 bilhões nos primeiros nove meses de 2015, logo, o total poderia ser mais de US$ 1,2 trilhões, o mesmo estimado pela pior previsão do banco francês Societe Generale.
O Superávit comercial da grande China é a razão pela qual ela não tem que vender mais reservas cambiais para evitar que a moeda entre em colapso.
O motivo da desvalorização
Não há nada que a China possa fazer contra os fluxos de capital por si só, a não ser que reforme sua economia completamente.
Ela pode intervir na venda de suas reservas em moeda estrangeira no mercado para evitar que a taxa de câmbio entre em colapso. Ela também pode impor para o yuan da grande China um controle de capital mais estrito, o que já tem feito, mas que vai contra as reformas prometidas.
No entanto, resultado apenas de más escolhas, gerenciar uma desvalorização gradual do yuan offshore e onshore é realmente o melhor do pior.
Crises cambiais do passado, como a desvalorização da libra esterlina, em 1992, a crise financeira asiática de 1997, e do recentre, mostram que o valor das moedas sempre irá cair até chegar em seu equilíbrio, não importa o quanto um país gaste para intervir no mercado.
Logo, se a moeda chinesa tem mesmo que cair, a China poderá, pelo menos, manter o seu grande estoque de reservas em moeda estrangeira. Embora pessimistas possam perguntar: para que servem estas reservas, afinal de contas?
“As reservas cambiais são apenas isso: elas são estrangeiras. Elas não são renminbi [RMB] – o yuan nasceu com a nomenclatura de Rén mín bi – ; elas não são dinheiro que pode ser utilizado em nível nacional “, disse Fraser Howie, autor de “Red Capitalism”.
Uma moeda mais baixa, por outro lado, vai apoiar o setor de exportação do país, que, graças ao aumento dos custos de terra e trabalho, não é tão competitivo como costumava ser. Kyle Bass acredita que uma desvalorização vai ajudar a China a “voltar a um certo nível de competitividade com o resto do mundo.”
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Ela precisa competir não para gerar crescimento, como muitos pensam. Embora a Academia de Ciências de Pequim havia estimado que o PIB fosse crescer 6,7 % em 2016 (abaixo da meta oficial de 7 por cento) –, são o emprego e o sentimento público que mais importam para o regime.
O setor de exportação ainda contribui com cerca de 10% do total de empregos.
Gordon Chang, autor de “The Coming Collapse of China”, diz: “Quando você tem apenas pessoas doentes e descrentes, especialmente quando o sistema não está mais proporcionando prosperidade, quando você tem graves problemas econômicos, as pessoas acabam dizendo: ” Basta, isto já é o suficiente”.
Até lá, o yuan tem muito mais a cair.