Cao Cao, um ministro capaz e controverso num período caótico

24/01/2013 17:52 Atualizado: 01/06/2013 14:45
Cao Cao, um ministro capaz e controverso num período caótico (Zhiching Chen/The Epoch Times)

Em 189 d.C., as chamas no palácio real marcaram a queda do Império Han Oriental, quando o conflito entre eunucos e oficiais do governo finalmente chegou ao clímax do derramamento de sangue no interior da corte. A guerra civil que se seguiu nas próximas três décadas mostrou uma nova cena política na história chinesa, um homem que tinha o comando do exército conduzindo o governo com o imperador legítimo como seu títere. Numa multidão de tais chefes militares, Cao Cao se destacou como um gênio militar e um político astuto com visão ousada, além de poeta brilhante, embora uma figura extremamente controversa aos olhos dos historiadores chineses.

Na juventude, Cao Cao teve acesso e estudou muitos clássicos de estratégia militar, como ‘A Arte da Guerra’ de Sun Tzu. Como um adolescente independente e de mente ambiciosa, Cao Cao desprezava os pedantes, mas acreditava que um dia ele se elevaria e salvaria a China da corrupção e do caos. Ele gostava de fazer amizade com jovens que compartilhavam uma visão similar.

No entanto, sua ambição e falta de escrúpulos não era favorecida pelos eruditos tradicionais, incluindo seu tio. O pai de Cao Cao o repreendeu por seu comportamento, devido às reclamações de seu tio, e ele guardou rancor contra o tio.

Um dia, percebendo que seu tio caminhava próximo, Cao Cao fingiu ter convulsões e seu tio então correu para informar seu pai. Preocupado, seu pai correu para a cena apenas para descobrir Cao Cao se exercitando de maneira perfeitamente normal. Quando questionado, Cao Cao respondeu, “Eu nunca tive convulsões, mas sei que perdi a benevolência de meu tio.” Desde este incidente, seu pai deixou de acreditar nas palavras do tio sobre Cao Cao. Embora tal astúcia fosse criticada pelos padrões morais da época, isso certamente ajudou a promovê-lo rapidamente num período de turbulências e guerras.

Tendo servido como um oficial menor e depois como oficial militar de baixo escalão, Cao Cao se tornou um fugitivo procurado após uma tentativa frustrada de assassinar o Chanceler, um notório tirano militar que mantinha o imperador como refém. Quando acolhido uma noite por um amigo de seu pai numa vila durante sua fuga, ele ouviu o barulho de facas sendo afiadas. Alarmado, ele matou a família inteira antes de descobrir que eles preparavam o abate de um porco para entretê-lo. Enfrentando o constrangimento, ele disse que a famosa frase, “Eu prefiro trair o mundo a deixar o mundo me trair.”

Com 35 anos, Cao Cao organizou um pequeno exército baseado em alianças familiares, amigos e recursos locais. Embora tenha sofrido muitas derrotas em suas primeiras batalhas, em grande parte devido a sua ousadia, ele conseguiu moldar um crescente exército graças à rígida disciplina e a sua excepcional habilidade de liderança. Ele tratava seus subordinados imparcialmente e exigia disciplina de todos. Enquanto isso, ele adotou várias medidas para reassentar camponeses deslocados pela guerra num campo abandonado e colocá-los sob sua proteção, além disso, ele requisitava que sua tropa ajudasse na agricultura. Em troca, esses camponeses forneciam alimentos seguros para o exército. Uma história de autopunição conta que Cao Cao ordenou ao juiz militar que cortasse uma mecha de seu cabelo em público após seu cavalo assustado embrenhar-se nos campos de trigo e pisotear as culturas. No entanto, outra história diz que ele condenou o governador de uma cidade pelo assassinato de seu pai e, em sua fúria, ordenou um massacre brutal da população da cidade por suas tropas.

Conhecido como um sábio observador do caráter alheio, ele promoveu políticas de recrutar pessoas de talento, independente da origem familiar ou de conflitos pessoais com ele. Muitos de seus generais serviram inicialmente a seus rivais e ele lhes dava grande confiança quando eles lhe dedicavam sua lealdade. Ele também era muito generoso e mostrava grande respeito aos generais talentosos, mesmo que estes se recusassem a servi-lo. Após as batalhas, Cao Cao costumava recompensar seus subordinados.

Em 207 d.C., Cao Cao havia consolidado sua posição no Norte da China com dois grandes feitos. Primeiro, ele manipulou o jovem imperador para justificar seu avanço militar. Segundo, ele derrotou seu maior rival no Norte, que tinha um exército dez vezes maior na “batalha de Guandu”, adotando táticas militares de velocidade extraordinária e deixando sua marca na história militar chinesa.

Cao Cao não só demonstrou sua capacidade militar, mas também seu carisma e grande liderança, ao derrotar seu maior rival. Após vencer a “batalha de Guandu”, muitas cartas particulares de seus oficiais dirigidas ao inimigo foram encontradas na casa do rival derrotado. Cao Cao ordenou que todas as cartas fossem queimadas na corte sem olhar qualquer uma e disse a famosa frase, “Antes desta batalha feroz, mesmo eu não sabia se poderia sobreviver, como eu poderia culpar o desejo dos outros de sair?” Como consequência, os oficiais foram tocados por seu perdão e se tornaram firmemente leais a ele.

Em anos de campanhas militares na China, Cao Cao venceu a maioria das batalhas até sofrer uma grande derrota para o exército aliado de dois outros líderes militares regionais na “batalha do Penhasco Vermelho”, que teve como resultado a formação dos Três Reinos.

Depois de recuar para o Norte, Cao Cao concentrou-se na recuperação econômica e em melhorar as condições de vida do povo. Sob seu governo, o Norte foi unificado e a prosperidade aumentou significativamente apesar dos tumultos das guerras. Cao Cao foi intitulado duque de Wei e é lembrado como “um ministro capaz num período caótico”.

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