O título está inspirado, ao mesmo tempo, no romance de Marcel Proust (Em busca do Tempo Perdido) e na reportagem excelente de Renato Onofre, Sérgio Roxo, Sílvia Amorim e Tatiana Farah, de O Globo de terça-feira (5), focalizando o empenho da presidente Dilma Rousseff, do senador Aécio neves e do ex-governador Eduardo Campos, num esforço desenvolvido em São Paulo na segunda-feira para reduzir o contingente de votos brancos e nulos e assim conquistar parcelas de eleitores ainda indecisos.
Em São Paulo, a faixa dos que hoje pretendem neutralizar o sufrágio é muito alto: 31% de quase 32 milhões de eleitores do maior colégio eleitoral do país. No Rio de Janeiro, terceiro maior reduto de votos, a percentagem é até mais alta em termos percentuais. Atinge, como revelou a mais recente pesquisa Ibope, 33%. No segundo colégio, Minas Gerais, oscila em torno de 25 e 26%. Na Bahia passa da escala de 40%. Enfim, reflete o peso de uma indiferença que se reflete no campo da rejeição que, por sua vez decorre de decepções que se acumularam através do tempo.
Os candidatos, assim, estão partindo em busca do tempo perdido. Caso especial de Eduardo Campos que, até pouco, integrou o atual governo indicando um de seus ministros.
É sempre assim
Os candidatos não têm dúvida, vão recuperar espaços hoje brancos ou marcados pelo sufrágio nulo. É sempre assim. É inclusive próprio das fases iniciais das campanhas. A indecisão, de um lado, e a rejeição, de outro, começam a diminuir na proporção em que o confronto pela conquista dos votos progride nas telas da propaganda na televisão. E também na medida em que a disputa esquenta e incorpora parcialmente o clima de competição esportiva, quando o entusiasmo entra em campo e as imagens na TV vão acrescentando doses de simpatia atualmente ocultas em sombras.
Política é esperança, sustentava Juscelino, sintetizando a atividade que o fascinava e inspirou sua vida e suas realizações. A esperança, como ela própria, se renova, sai do adormecimento dos votos nulos e brancos e parte ao encontro da realidade.
A rejeição será menor
Claro que não recuará totalmente, e nem vai descer à escala de 10%, como acontecia antigamente. Mas não ficará na casa dos 30% como onde se encontra hoje. Em minha opinião cairá à metade nas urnas de outubro, no primeiro turno. Ou seja: desce para a proximidade do décimo-quinto degrau, assinalando uma frieza na casa dos 15, talvez 17%.
Esse processo de recuperação dependerá essencialmente dos quadros que as campanhas apresentarem. A força da publicidade, com sua psicologia da forma, não pode ter sua importância e influência minimizada. basta ver o volume de recursos que se injeta nas mensagens publicitárias comuns nas emissoras de televisão e rádio, além de, claro, nos grandes jornais do país.
As campanhas de publicidade são mantidas ou reformuladas à base dos resultados obtidos. Se isso ocorre com produtos de consumo que não têm a emoção humana, evidentemente em maior escala vai incidir sobre os candidatos que são seres humanos e, como tal, além do livre desempenho, passam – ou devem passar – a emoção, tão essencial à vida. Quanto ao voto em tempo de eleição, não há momento melhor para a população cobrar compromissos assumidos, promessas feitas não realizadas, e os candidatos se comprometerem novamente. Mas vamos ver desta vez, pensam parcelas dos que se decepcionaram com as urnas do tempo.
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