O candidato derrotado no segundo turno das eleições à Presidência do Afeganistão, Abdullah Abdullah, rejeitou hoje (8) os resultados oficiais e declarou-se vencedor. Segundo Abdullah, a ampla diferença de votos entre ele e o adversário, Ashraf Ghani, 43,5% a 56,4%, é resultado de fraudes em massa.
“Somos, sem qualquer dúvida, os vencedores das eleições”, disse Abdullah a milhares de apoiadores reunidos em Cabul, acrescentando que não aceitará um resultado fraudulento “nem hoje, nem amanhã, nunca”, acrescentou.
Os resultados preliminares do segundo turno das eleições presidenciais, ocorrido em 14 de junho, foram anunciados ontem (7) pela Comissão Eleitoral Independente. De acordo com o presidente do órgão, Ahmad Yusuf Nuristani, os resultados não são definitivos e está aberto o prazo para a apresentação de queixas até 24 de julho, quando serão divulgados os números finais.
Ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah chegou ao segundo turno como favorito, após obter 45% dos votos no primeiro turno, contra 31,6% de Ghani, ex-ministro das Finanças. Desde a votação do dia 14 de junho, Abdullah tem denunciado fraudes eleitorais em “escala industrial”. Segundo ele, os resultados são comparáveis a um golpe de Estado contra o povo, com a participação da Comissão Eleitoral Independente.
Nas últimas eleições presidenciais do Afeganistão, em 2009, Abdullah boicotou o segundo turno, também denunciando fraudes. Seu ato resultou na reeleição automática do presidente Hamid Karzai. O impasse em torno dos resultados eleitorais tem gerado preocupação na comunidade internacional, que teme que a crise política leve à violência entre os grupos políticos.
Apesar do protesto e das denúncias, Abdullah apelou à população para que se mantenha unida. “Não queremos uma partição do Afeganistão, queremos preservar a unidade nacional e a dignidade do Afeganistão”, disse.
Em visita a Tóquio, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, advertiu hoje que qualquer tentativa ilegal de tomada do poder no Afeganistão ameaça a ajuda que os Estados Unidos e a comunidade internacional dão ao país. “Qualquer ação que vise a tomada de poder através de meios extralegais vai custar ao Afeganistão o apoio ao nível financeiro e de segurança dado pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional”, disse Kerry, manifestando “profunda preocupação” quanto ao estabelecimento de um eventual governo paralelo.