O grupo de apresentação “Canções Vermelhas” com 500 membros, vindos da cidade de Chongqing, apresentou-se em Hong Kong por 3 dias. Coincidindo com o festival das lanternas, de 6 de fevereiro, o propósito parece ter sido encantar o público de Hong Kong com velhas canções da revolução comunista. Após Bo Xilai ter assumido a liderança do Partido na cidade, Chongqing se tornou o bastião do revivalismo dessas canções, bem como de outras práticas de repressão ultraesquerdistas, à moda da “Revolução Cultural”.
Trupes de canções vermelhas já se apresentaram na capital Pequim, mas era a primeira vez em Hong Kong. De acordo com Howard Lam, diretor da emissora de rádio “Juventude” em Hong Kong, o esforço em promover a cultura do Partido em Hong Kong não seria um chamariz, mas um desperdício.
“É ridículo cantar canções vermelhas em Hong Kong, pois só mostra o quanto as regras dos comunistas, tanto na China Continental como em Hong Kong, perderam sua confiança”, diz Lam.
Lam ainda diz acreditar que vários jovens e membros da comunidade acadêmica foram forçados a comparecer ao espetáculo, mas poucas pessoas se comoveram com as canções.
“Qual a relação entre Hong Kong e a história do ‘Exército Vermelho’?”, questionou Lam. “O exército e as canções vermelhas não são mais do que a história do Partido Comunista; isso é uma tentativa de lavagem cerebral, de mudar a ideologia, e acredito que não terá êxito”, disse em seguida.
Lavagem cerebral
O grupo se apresentou no salão de músicas da cidade, num acampamento militar numa ilha próxima, e no auditório do clube de jóqueis da Universidade Politécnica de Hong Kong. Neste último local, não se encontrou qualquer anúncio ou divulgação. Grande parte dos estudantes entrevistados pouco antes do início do espetáculo declarou não ter conhecimento deste. Uma estudante com ingresso perguntou por direções para o espetáculo. Ela disse que um grupo pró-comunistas a informou sobre o evento e disse para ela vir assistir.
Vários estudantes do local afirmaram suas crenças de que o grupo veio com o intuito de lavagem cerebral. Um estudante disse: “Acho que há o propósito de lavagem cerebral. Comparado com a China Continental, Hong Kong é um lugar mais livre, e mais aberto à manifestação de nossas posições políticas; talvez tenham distorcido elementos da arte para serem usados em propaganda política.”
Uma estudante também afirmou: “Pessoas bem informadas e bem educadas certamente têm suas próprias posições, e não serão facilmente influenciadas por ouvir as canções vermelhas. Ainda assim, há a possibilidade de lavagem cerebral. Se me dessem escolha, não iria por vontade própria.”
Outro estudante disse: “Como habitante de Hong Kong, tive contato com o comunismo, e estou ciente da liberdade e da democracia ocidentais. Eu apoio a democracia, uma vez que não quero que outros controlem meu pensamento ou meu ponto de vista, mas quero ter minha própria liberdade e fazer o que quero.”
As demonstrações de força indiretas do regime chinês, usando cultura, artes e mídia, frequentemente falham em impressionar a comunidade internacional. Por exemplo, em 2011, a semana cultural de filmes, organizada pelo Ministério da Cultura da China, pela administração de rádio, filme e televisão, e pela Universidade de Columbia, tornou-se um vergonhoso fiasco. Em 17 de outubro, um filme patrocinado pelo governo chinês, glorificando a tomada do poder pelos comunistas, foi exibido para nenhum espectador, nem mesmo os organizadores compareceram.