Apesar de muitos países terem avançado sanitariamente, o orçamento para o câncer ainda é muito pouco
Um artigo publicado ontem no The Lancet Oncology assinala que viver na América Latina significa 60% mais propensão ao desenvolvimento de câncer do que em países de alta renda.
“Enquanto o controle do câncer em países de alta renda tem sido relativamente bem sucedido nas últimas décadas; a grande desigualdade, a prática frequente de gestão clínica de qualidade inferior e o custo dos cuidados de saúde são cada vez mais insustentáveis. Tomados em conjunto, esses fatores ameaçam destruir grande parte do exitoso progresso”, diz o estudo liderado pelo Dr. Paul Goss, oncologista e professor da Escola de Medicina de Harvard, com uma grande equipe de especialistas.
“A história nos países de baixa e média renda é ainda mais acentuada. O controle do câncer é muitas vezes uma baixa prioridade em comparação com as necessidades urgentes de abordar a privação socioeconômica, guerras, crimes, doenças infecciosas, saneamento, habitação e educação”, afirma o relatório.
Na América Latina, há uma média de 163 casos de câncer por 100 mil habitantes. Esse número é menor do que os registrados nos EUA (300 por 100 mil) e na Europa (264 por 100 mil), contudo, o nível de mortalidade é quase o dobro das nações do primeiro mundo: 13 mortos para cada 22 casos de câncer na América Latina em relação a 13 por 37 casos nos Estados Unidos, segundo a BBC.
Segundo estimam os pesquisadores, se na América Latina não se tomarem medidas imediatas, em 2030, haverá 1,7 milhão de pessoas diagnosticadas com câncer e mais de um milhão morrerá anualmente da doença.
“O que descobrimos é que, embora muitos países tenham avançado na área da saúde, o orçamento para o câncer ainda é muito pouco”, declarou Goss.
Andreas Ullrich, da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse à BBC que têm dados muito semelhantes aos fornecidos por Goss. “A mortalidade tem aumentado devido a mudanças demográficas e ao aumento de comportamentos de risco, como o consumo de tabaco, obesidade e inatividade física”, entre outras razões.
O relatório também aponta que mais da metade, ou 320 de 590 milhões de latino-americanos, não têm cobertura de saúde.
Goss observa, “Descobrimos que há muita diferença entre o que está acorrendo e o que os legisladores esperam que acorra.” O relatório constata que apenas 54% dos latino-americanos têm acesso a cuidados de saúde; no Brasil, por exemplo, 70% do dinheiro gasto é destinado a 20% da população.
Enquanto na América Latina há muito pouco investimento na prevenção do câncer e uma distribuição desigual; nos Estados Unidos, o governo considera parte do PIB o equivalente a oito vezes mais do que em qualquer país latino.
Felicia Knaul, professora da Escola de Medicina de Harvard, também concorda com Goss que se nada for feito em breve, o cenário será catastrófico, pois a falta de acesso à saúde de grande parte da população resultará em taxas de mortalidade bem elevadas.
Uma estimativa afirma que 760 milhões de mortes por ano estão associadas a certos tipos de cânceres, 70% dessas mortes ocorrem em países pobres.
“O câncer não deve ser uma sentença de morte em nenhuma parte do mundo, pois há maneiras comprovadas de prevenir e cuidar dos vários tipos de cânceres”, diz Oleg Chestnov, vice-diretor-geral de doenças não transmissíveis e saúde mental da OMS.
Andreas Ullrich, citado pela BBC, descreveu um estudo da OMS realizado em 29 países em que 76% afirmaram ter um plano de câncer no país, 55% disseram estar operacional e 38% relataram ter um orçamento.
Os países com os maiores índices de câncer são: Uruguai (217), Argentina (167,7), Cuba (160,3), Chile (143,9), Honduras (137,4) e Equador (122,4) por 100 mil habitantes, segundo a OMS em 2012.
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