O Canadá finalmente quebrou seu silêncio sobre a ciberespionagem da China, algo que os EUA e outros governos têm feito, mas que até agora o Canadá evitava.
Um ciberataque ao Conselho de Pesquisa Nacional – a maior organização de pesquisa e desenvolvimento (P&D) do Canadá – levou-os a desligar seus sistemas de computador e começar a reconstruir suas redes depois de um mês de ataques. Na terça-feira, a declaração do governo atribuiu os ataques a “um ator altamente sofisticado patrocinado pelo Estado chinês”.
A acusação provocou uma forte reação de Ministro das Relações Exteriores da China, Qing Gang, que disse num comunicado que o regime chinês se opunha a “atividades criminosas de todas as formas destinadas a sabotar a internet e redes de computadores”.
“É irresponsável que o lado canadense faça acusações infundadas contra a China, quando não há provas credíveis”, disse o comunicado.
Não está claro como o Ministério das Relações Exteriores da China (MREC) sabe que evidência está disponível, dado que é protocolo das entidades de inteligência do Canadá manter as técnicas de contraespionagem secretas.
O MREC exigiu que o Canadá retraísse a acusação, chamando-a de “infundada”.
A história de silêncio do Canadá
Ciberataques anteriores foram atribuídos à China, mas apenas por algumas mídias citando fontes governamentais não identificadas. O governo nunca antes atribuiu oficialmente um ataque a um ator estatal chinês, embora o Serviço de Inteligência e Segurança do Canadá (CSIS) tenha identificado o regime chinês como um elemento principal de preocupação sobre atividades de espionagem.
Em 2010, o ex-chefe do CSIS, Richard Fadden, criou polêmica ao falar publicamente sobre os esforços de governos estrangeiros para influenciar indevidamente funcionários eleitos canadenses. Ele identificou a China como sendo o mais agressivo desses países.
Em entrevista à Canadian Broadcasting Corporation (CBC), ele disse: “Isso é definitivamente um problema gravíssimo, e, do meu ponto de vista, eu diria que vai ficar pior.” Algumas semanas mais tarde, Fadden foi criticado pelos comentários, mas as autoridades canadenses se mostraram relutantes em verificar a substância de suas observações.
O congressista liberal Borys Wrzesnewskyj, que estava preparado para levantar a questão numa audiência parlamentar, foi silenciado pelo líder de seu partido, o então líder do Partido Liberal, Michael Ignatieff. Ignatieff estava na China na época. Wrzesnewskyj sabia que ele estaria em apuros com seu partido se levantasse a questão, mas achou que tinha finalmente a chance de colocar o assunto na agenda política.
“É quase como um jogo de xadrez. Eu pensei que tinha descoberto a forma de trazer documentação criticamente importante para o público por meio dos processos de comissão parlamentar”, disse ele numa entrevista ao Epoch Times em 2011.
Outra fonte bem colocada disse ao Epoch Times que mudanças na Lei de Segurança da Informação do Canadá tornam mais difícil para os ex-funcionários públicos com conhecimento direto da questão falarem o que sabem.
John Baird, o ministro das Relações Exteriores do Canadá, estava na China na época em que o ataque foi anunciado. Ele teria levantado a questão com o regime chinês, mas declarações públicas de seu departamento durante a visita se focaram nos esforços do Canadá para aprofundar o comércio com a China.