Cinquenta e duas pessoas da Região Autônoma da Mongólia Interior (RAMI) na China foram detidas por atividade online não aprovada pelas autoridades comunistas nas últimas semanas, segundo uma organização mongol de direitos humanos.
O ‘Centro de Informações sobre os Direitos Humanos no Sul da Mongólia’ (CIDHSM) informou em 4 de setembro que segundo uma nova campanha de “repressão”, pelo menos 52 internautas foram presos por “criar e espalhar rumores”. Em 29 de agosto, a Secretaria de Segurança Pública da RAMI divulgou um comunicado culpando os “suspeitos” pela distribuição de mais de 1.200 artigos informativos, principalmente “rumores e relatórios falsos de calamidade, epidemia e emergências da polícia na internet”.
“Defendendo o princípio de ‘combater, investigar e punir grupo por grupo’”, conclui o comunicado, as autoridades impediriam “estas atividades criminosas para proteger os direitos legais da grande massa”.
De acordo com a mídia estatal Xinhua, a campanha de “repressão” é “implementada pela Secretaria de Segurança Pública da RAMI, em resposta ao pedido dos líderes da Região Autônoma, e coordenada pelo Ministério de Segurança Pública”, com o objetivo de “estabelecer um mecanismo de longo prazo para suprimir rumores na internet”.
Dos 52 que foram presos, “21 estão em detenção administrativa policial, 10 foram multados, três advertidos e 18 educados e repreendidos”, segundo a Xinhua. “Alguns até exageraram os conflitos que ocorreram nos desenvolvimentos na Mongólia Interior, deliberadamente instigando atrito étnico, incentivando as massas a apelarem por seus interesses de forma radical, como greves estudantis e manifestações de protesto.”
Vinte e três internautas foram “punidos” por “empalharem boatos” relacionados com “o plano da China de realocar as vítimas do terremoto na província de Sichuan para a Mongólia Interior”, disse o Sr. Yang Xiaoping, vice-diretor da Secretaria de Segurança Pública da RAMI, à mídia estatal ‘China Broadcast Network’ em 13 de agosto.
“A maioria desses internautas disseminou essas informações por sentimentos étnicos. No entanto, por meio de nossa investigação, descobrimos que alguns internautas têm segundas intenções e estão tentando criar problemas para a sociedade”, disse Yang.
Prender internautas por “espalhar rumores” é uma tática comum das autoridades comunistas que visam expandir sua ofensiva online contra a dissidência. As pessoas podem ser detidas inclusive por pequenos comentários ou observações ‘impróprias’.
Em agosto, uma mulher de 20 anos da província de Hebei foi detida por cinco dias por perguntar num site local: “Eu soube que um assassinato foi cometido em Louzhuang. Alguém sabe o que realmente ocorreu?” Previamente, um homem na província de Anhui também foi preso por cinco dias por dizer que o número de vítimas de um acidente de trânsito que ele testemunhou foi de 16, em vez das 10 relatadas oficialmente. Apenas na província de Henan, a polícia investigou 463 casos e fez 131 prisões desde meados de junho, segundo autoridades citadas pela Caixin, uma revista de negócios de Hong Kong.
O policiamento da internet é realizado pela Brigada de Supervisão da Rede, sob a Secretaria de Segurança Pública. As autoridades chinesas de internet criaram um site incentivando as massas a denunciarem aqueles que espalham “rumores”.