Campanha política na China ameaça seus próprios criadores

26/02/2013 13:45 Atualizado: 26/02/2013 13:45
Em meados de 1990, locais de prática dos exercícios do Falun Gong como este em Guangzhou, no Sul da China, eram uma cena comum no país (Minghui.org)

Na China moderna sob o regime do Partido Comunista Chinês (PCC), os chineses têm sofrido com várias campanhas políticas.

A mais recente delas é a perseguição ao Falun Gong, que está tendo um impacto profundo no povo chinês, na China e no PCC. Para entender esta campanha, é útil saber um pouco da história do regime do PCC.

Os chineses deram suas vidas irrestritamente para trazer o PCC ao poder: A guerra civil consumiu 1,6 milhão de vidas. Como qualquer outro ser humano, os chineses têm um forte desejo de viver e de viver uma vida digna. O PCC prometeu-lhes uma China democrática, próspera e livre.

Campanhas de Mao

Depois de tirar vantagem da confiança e esperança que o povo chinês colocou no PCC, seu líder Mao Tsé-tung decidiu que precisava se manter no poder apesar dos desejos do povo ou de qualquer consideração pelo bem-estar da nação. O povo chinês se viu mais uma vez submetido à tirania.

Durante sua vida, Mao lançou várias campanhas políticas para consolidar seu poder pessoal no processo de se livrar de qualquer sinal de oposição.

Suas campanhas mataram proprietários de terras, empresários e líderes religiosos e seguidores. Em seguida, ele eliminou quaisquer intelectuais e membros do próprio PCC que se atreveram a criticá-lo ou suas políticas.

A fim de se livrar de seus potenciais rivais políticos, Mao lançou a notória Grande Revolução Cultural, que matou seus dois sucessores e muitos outros. Estima-se que o regime de Mao tenha causado a morte de 40 a 70 milhões de pessoas pela fome, trabalho forçado e execução.

Massacre de Deng

Quando Mao morreu em 1976, o povo chinês colocou suas esperanças por uma vida melhor nos novos líderes do Partido Comunista. Em 1978, no Muro da Democracia, muitos estudantes, intelectuais e chineses comuns arriscaram suas vidas, promovendo slogans pró-democracia e ensaios.

Eles foram incentivados a fazer isso por alguns no PCC para apoiar Deng Xiaoping. Após Deng consolidar seu poder, o Muro foi fechado e vários dissidentes presos.

Como líder supremo do PCC, Deng realmente tentou ser mais razoável e pragmático do que Mao. Ele iniciou o processo de reforma econômica com a máxima de “deixar algumas pessoas ficarem ricas primeiro”.

Como o Partido Comunista controla tudo na China, estas “algumas pessoas” que foram favorecidos acabaram sendo os líderes do Partido e seus familiares e amigos que trabalhavam para eles.

A corrupção decepcionou e irritou os chineses que confiaram em Deng. Eles decidiram tomar as ruas novamente em abril de 1989 após a morte de Hu Yaobang, um ex-líder do PCC e reformador.

A manifestação pacífica na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), realizada por estudantes, intelectuais e pessoas de todas as esferas da vida, ganhou a simpatia e o apoio de algumas mídias estatais e de alguns líderes do PCC, incluindo o secretário-geral Zhao Ziyang.

Temendo perder o poder, Deng Xiaoping, junto com outros sete líderes veteranos do PCC, decidiu reprimir a manifestação com tanques e metralhadoras, supostamente matando milhares de manifestantes, a maioria deles estudantes universitários.

Zhao Ziyang foi destituído do cargo e colocado em prisão domiciliar até sua morte. Um general que se recusou a cumprir as ordens de matar foi preso por anos. Qualquer um que participou na manifestação foi punido e aqueles que contribuíram para a repressão foram recompensados e promovidos.

Obsessão de Jiang

Devido a sua forte posição em Shanghai contra os movimentos estudantis pró-democracia, Jiang Zemin se tornou o escolhido dos líderes veteranos do PCC para substituir o deposto Zhao Ziyang. Eles pensaram que Jiang seria leal ao PCC.

Jiang se tornou o novo líder do PCC, enquanto Deng acompanhava de perto seu desempenho. Deng também colocou alguns de seus favoritos em torno de Jiang para mantê-lo sob controle.

Jiang sentia-se muito inseguro sobre sua autoridade e poder. Ele fez algumas manobras para enganar Deng e se livrar de aliados políticos de longa data de Deng, como o general Yang Shangkun e seu irmão Yang Baibing. Jiang também colocou na prisão o chefe do PCC em Pequim, Chen Xitong, por acusações de corrupção.

Apesar desses movimentos para reforçar seu poder, Jiang descobriu que ainda era muito menos popular do que alguns de seus colegas no Comitê Permanente do Politburo. Ele precisava de uma oportunidade para estabelecer seu poder absoluto, algo que os líderes do PCC sempre fizeram por meio de campanhas políticas.

Quem seria o alvo dessa vez? Jiang encontrou um: o Falun Gong. A disciplina espiritual parecia ser o alvo perfeito para Jiang. O Falun Gong era muito popular, popular demais para o gosto de Jiang.

Depois do massacre da Praça Tiananmen, o povo chinês perdeu a esperança de engajar-se politicamente. Alguns se empenharam em fazer dinheiro. Outros simplesmente voltaram sua atenção para suas famílias e vidas privadas, querendo ficar longe de problemas.

Quando o fundador do Falun Gong, o Sr. Li Hongzhi, introduziu esta disciplina espiritual, ele imediatamente tocou um acorde no povo chinês que reconheceu como reviver uma abordagem tradicional chinesa para a vida. O Falun Gong ensinou-os a viver de acordo com os princípios de verdade, compaixão e tolerância e a fazer exercícios de meditação, atingindo assim saúde física, emocional e espiritual.

Os chineses descobriram que o Falun Gong ajudava a reduzir o estresse, melhorava relacionamentos e acabava com vícios. Quando Jiang Zemin tomou conhecimento público do Falun Gong em 1999, cerca de 70 a 100 milhões de pessoas na China continental o estavam praticando. Pessoas de todas as esferas da vida, entre elas estavam membros do PCC, funcionários públicos, militares e familiares de líderes do PCC em todos os níveis.

Numa carta que Jiang enviou aos líderes maiores do PCC na noite de 25 de abril de 1999, ele culpou o Falun Gong por afastar seus seguidores do PCC.

Outros líderes, como o premiê Zhu Rongji e Qiao Shi (então presidente do Congresso Popular), apoiavam abertamente o direito do povo chinês de praticar o Falun Gong. Li Ruihuan, o presidente do Comitê Consultivo Político, estaria ele próprio praticando o Falun Gong.

Este apoio no PCC pelo Falun Gong, na verdade, parecia uma oportunidade para Jiang. Ele descobriu que, ao suprimir o Falun Gong, ele poderia mostrar seu poder e forçar os oficiais do PCC a obedecerem a sua autoridade.

Numa carta de 25 de abril, Jiang afirmou que forças políticas e ocidentais anti-China estavam por trás da prática do Falun Gong. Todos familiarizados com a linguagem estereotipada do PCC sabiam que essa era uma declaração de uma nova luta de poder.

Em julho de 1999, Jiang lançou uma campanha nacional e internacional com o objetivo de erradicar o Falun Gong em três meses.

Como Mao e Deng antes dele, Jiang queria usar uma campanha política para identificar seus aliados e inimigos.

Na verdade, por meio de sua campanha contra o Falun Gong, Jiang foi capaz de controlar e expandir as forças da segurança pública. A polícia militar alcançou um milhão de componentes, maior que o exército de várias nações. As forças de segurança nacional foram feitas leais apenas a ele e seu protegido Zhou Yongkang.

Jiang também foi capaz de fazer todos os seus rivais políticos se aposentarem, substituindo-os por seus aliados.

No entanto, mesmo com o poder de Jiang maximizado, ele subestimou a resistência dos praticantes do Falun Gong. Corajosos, persistentes, compassivos e pacíficos, os praticantes não desistiram de sua prática. A campanha de Jiang de três meses se transformou numa guerra que não podia ser vencida.

No entanto, Jiang intensificou a perseguição. Nos últimos 13 anos, milhares de praticantes morreram de tortura e abusos; dezenas de milhares de pessoas morreram tendo seus órgãos retirados à força para transplante e milhões foram detidos, torturados e submetidos à lavagem cerebral. Mais uma vez, o povo chinês vive o horror de uma campanha política do PCC.

A questão do Falun Gong fornece uma lente única para enxergar a China de hoje e a direção que ela tomará. Jiang e seus seguidores encontram-se cavalgando o dorso do tigre sem possibilidade de desmontar. O PCC agora deve tentar encontrar uma maneira de libertar-se do legado de Jiang sem se destruir.

A obsessão de Jiang pelo Falun Gong se tornou o tema principal do drama político da China.

Michael Young é um escritor chinês-norte-americano que vive em Washington DC e escreve sobre a China e as relações sino-norte-americanas.

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