Campanha de ódio chega a São Francisco

26/06/2012 11:00 Atualizado: 26/06/2012 11:00

Greg Suhr, o chefe de polícia de São Francisco. (NTDTV)Praticantes do Falun Gong atacados repetidamente num período de sete meses

SÃO FRANCISCO – No bairro chinês de São Francisco, simplesmente dizer a alguém sobre suas crenças pode fazê-lo ganhar um soco no queixo. Após sete meses de incidentes, a cidade está começando a tomar conhecimento.

Em várias cidades do mundo praticantes do Falun Gong rotineiramente dispõem mesas informativas ou cartazes e entregam panfletos que contam aos transeuntes sobre o que é a prática espiritual do Falun Gong e como ela tem sido perseguida na China. No bairro chinês de São Francisco, praticantes do Falun Gong empenhados nesta tarefa gentil têm sido vítimas de ataques violentos e repetidos ao longo dos últimos sete meses.

A polícia de São Francisco está agora a ponderar a possibilidade de classificar estes ataques como crimes de ódio. “Nós levamos os crimes de ódio tão a sério como em qualquer lugar do mundo”, disse Greg Suhr, o chefe da polícia de São Francisco, na quinta-feira. “Se a investigação mostrar que as pessoas foram atacadas com base na sua religião, se essa for absolutamente a motivação, isso seria um crime de ódio e tratado de acordo.” Agora, Ed Lee, o prefeito de São Francisco, também está dando atenção a esses ataques. Na quarta-feira, ele disse ao Epoch Times que está analisando os ataques e esperava uma avaliação sobre eles do chefe Suhr.

Sherry Zhang, a porta-voz dos praticantes do Falun Gong em São Francisco, não tem dúvida de que esses ataques são crimes de ódio. “Os ataques são direcionados a praticantes que estão contando as pessoas sobre o Falun Gong”, disse Zhang. “Eles estão muitas vezes usando roupas que os identificam como praticantes e estão distribuindo materiais que informam as pessoas sobre sua fé. Seus atacantes muitas vezes amaldiçoam o Falun Gong enquanto cometem atos de violência. Estes são crimes de ódio.” Zhang diz que o ódio não se origina em São Francisco. Ela diz que foi importado de Pequim.

O Falun Gong envolve praticar cinco conjuntos de exercícios de meditação e viver segundo os princípios da verdade, tolerância e compaixão. Em julho de 1999, o então chefe do Partido Comunista Chinês (PCC), Jiang Zemin, lançou uma campanha para “erradicar” o Falun Gong. Jiang temia a grande popularidade do Falun Gong, pois havia mais pessoas praticando-o do que membros do PCC. Ele também temia que o povo da China preferisse as crenças do Falun Gong à ideologia comunista. Desde que Jiang lançou sua campanha, consulados chineses em todo o mundo têm agido tentando suprimir os praticantes locais do Falun Gong.

Zhang disse que isso é o que está acontecendo no bairro chinês de São Francisco. “Esses ataques são muitas vezes feitos por pessoas identificadas com vínculos estreitos com o PCC”, disse Zhang. “Um dos agressores regularmente grita slogans do PCC no bairro chinês. Eu acredito que o consulado chinês está orquestrando isso. Há uma grande população chinesa em São Francisco e o consulado não quer que eles ouçam sobre o que o regime comunista fez aos praticantes na China.”

Insultos diários

Os ataques começaram em 27 de novembro de 2011. Na Praça Portsmouth no bairro chinês há um ‘Centro de Atendimento para Renúncia ao PCC’. Este centro de serviços é administrado por praticantes do Falun Gong que fornecem informações aos chineses e lhes explicam porque eles precisam renunciar a todas as conexões com o PCC.

Neste estande, um voluntário chamado Chen suportou horas de insultos nas mãos de um chinês quarentão que depois tentou agredi-lo. “Aquele homem ficou em torno de nós durante todo o dia e insultou os praticantes incansavelmente”, disse Chen. Houve outras pessoas que jogaram água ou detonaram granadas de fumaça, segundo Chen. Quando ele começou a gravar a cena com seu celular, o homem tentou, mas não conseguiu roubar seu celular.

Então, o atacante começou a tentar bater em Chen. Quando Chen evitou o espancamento, o homem pegou uma vara de madeira do chão e tentou bater na cabeça de Chen, mas errou, recordou Chen. Numa revisão posterior do vídeo, Chen identificou para a polícia o homem de seus quarenta anos e o envolvimento de outra mulher que costuma distribuir para pedestres cardápios de um restaurante local. Uma queixa foi arquivada na polícia.

Repórter agredido

Este incidente provocou outro em 18 de dezembro em que uma repórter do Epoch Times chamada Sra. Tian foi a vítima. Tian estava familiarizada com o ataque a Chen e viu a mulher que distribuía cardápios interagindo com um senhor vestido de roupas vermelhas. Uma mulher com um chapéu vermelho viu a repórter observando e correu para ela. Enquanto a mulher fisicamente empurrava e arrastava Tian, outra mulher com um chapéu branco juntou-se ao assalto. Mesmo que a mulher de chapéu branco tivesse atacado Tian, ela gritou, “Eu fui espancada pela repórter!” Com o desenvolvimento do incidente, vários transeuntes pararam para ajudar Tian, mas eles também foram atacados.

Uma mulher que testemunhou o incidente disse a Tian, “Por favor, anote o número do meu telefone para que você possa entrar em contato comigo sempre que achar necessário. Eu testemunhei como ela agrediu você.” Dois transeuntes idosos também expressaram seu apoio dizendo, “Vimos que ela bateu em você. Nós não vamos embora. Vamos ficar com você até a polícia chegar.” Com a chegada da polícia, a mulher de chapéu vermelho fez uma declaração imprecisa sobre o incidente aos oficiais, segundo Tian.

Bando defende o cônsul-geral

Gao Zhansheng, o cônsul-geral da República Popular da China em São Francisco, enviou uma carta datada de 18 de janeiro aos oficiais de Seattle tentando desencorajá-los a apoiarem o show de cultura chinesa do Shen Yun. A missão do Shen Yun, segundo seu website, é reviver a cultura tradicional chinesa. As performances da companhia muitas vezes incluem um ato que retrata a perseguição ao Falun Gong, um exemplo contemporâneo da hostilidade do PCC direcionado a crenças tradicionais chinesas.

Em 6 de fevereiro, os praticantes do Falun Gong fizeram um protesto a respeito da ação do cônsul-geral na vizinhança do Centro Cívico em São Francisco. Uma multidão cujas identidades permanecem desconhecidas agrediu alguns dos praticantes. A Sra. Shi estava segurando uma placa dizendo, “Expulse Gao Zhansheng”. Uma mulher de meia-idade com um casaco preto e um homem de meia-idade numa jaqueta de couro marrom avançaram na direção dela. Eles insultaram-na verbalmente e, em seguida, a mulher empurrou a Sra. Shi duramente. O Sr. Zhou, outro praticante, também foi agredido pelo homem de casaco marrom. Com muita força, o homem empurrou o Sr. Zhou por uma distância de 10 metros. De acordo com a Sra. Shi, quando ela se mudou para outro lugar e continuou o protesto com sua placa, a mulher de preto olhou para ver se havia alguma câmera em volta e então bateu na Sra. Shi.

Atacantes ‘incitados’

Em 23 de fevereiro, uma senhora usou sua bengala para derrubar as placas de exposição na Praça Portsmouth do Centro de Atendimento para Renúncia ao PCC. O Sr. Zhou, um voluntário do centro, tentou impedi-la e lhe disse que a denunciaria à polícia se ela continuasse a criar problemas. A velha o ignorou e continuou a derrubar as placas, assim, o Sr. Zhou chamou a polícia.

Outra voluntária, a Sra. Zhang (não a porta-voz Sherry Zhang) tentou capturar a cena com seu celular. A velha correu para ela e acenou com a bengala tentando bater nela. Ela segurou Zhang firmemente para detê-la e tentou tomar o celular dela. Outro velho também veio para tentar agarrar o telefone da Sra. Zhang. A Sra. Shang, outra voluntária do centro, ajudou a Sra. Zhang a escapar, mas Shang mesma foi derrubada no chão por alguém e sua mão ficou lesionada da queda.

A velha voltou para destruir as placas e um grupo de pessoas veio para se juntar a ela. Quando a polícia chegou, este grupo de pessoas mentiu à polícia que os voluntários do centro bateram na velha, segundo os praticantes que lá estiveram. Quando o policial observava as fotos armazenadas no telefone da Sra. Zhang, uma das mulheres ainda tentou pegar o celular do policial. Um policial disse aos voluntários que a situação era muito desfavorável para eles, pois alguém incitou estes idosos a assaltá-los. Ele gentilmente aconselhou os voluntários que fossem mais cuidadosos.

Tentativa de roubo

Praticantes do Falun Gong se reúnem regularmente na Praça Portsmouth no início da manhã e praticam seus exercícios juntos. Na manhã de 11 de abril, o Sr. Fang Wei, cujos olhos estavam fechados porque estava meditando, ouvi alguém em torno de 5h20 da manhã roubar uma bandeira do Falun Gong que estava amarrada numa árvore. Fang notou uma pessoa tentando fugir com a bandeira. Ele a deteu e esperou a polícia chegar. A mulher tentou tudo que podia para fugir e mordeu a mão do Sr. Fang. Quando a polícia chegou, a mulher foi presa.

Cruzamento perigoso

No bairro chinês, um homem que habitualmente usa uma camisa vermelha reivindicou o território de uma esquina no cruzamento da Rua Washington com a Rua Grant por muitos anos. Nesta esquina, ele fica de pé num banco, pendura um cartaz no peito e então passa o dia xingando ativistas da democracia, o Falun Gong, o Epoch Times e a NTDTV.

Em 28 de abril, duas praticantes do Falun Gong chegaram a essa intersecção para contar às pessoas sobre sua prática. De acordo com estas praticantes, o homem de repente desceu do seu banco e empurrou uma delas com força surpreendendo-a. O tráfego era pesado na hora e seu empurrão poderia tê-la jogado na frente de um carro, disse ela.

A praticante recobrou-se do empurrão e voltou para onde estava antes. O homem a empurrou novamente com tanta força que ela quase caiu, disse ela. Embora as praticantes não tenham chamado a polícia, um transeunte tirou fotos do incidente e estava disposto a testemunhar se fosse necessário no futuro.

Intersecção revisitada

Um grupo de jovens praticantes foi ao mesmo cruzamento no bairro chinês em 10 de junho para contar aos transeuntes sobre a perseguição ao Falun Gong que já dura 13 anos na China.

Por volta do meio-dia, mais de 20 pessoas vieram e começaram a insultar os praticantes. Quando eles perceberam que alguém os estava filmando, o mais velho deles se aproximou dos praticantes e socou Derek Wang duas vezes atingindo-o no queixo. Seus golpes foram fotografados.

Um transeunte ajudou chamando a polícia. Quando a polícia chegou, o homem disse que foi Wang que bateu nele e, então, se sentou no chão fingindo estar atordoado. Após a polícia checar o vídeo, o atacante foi preso, embora a polícia o tenha levado de ambulância por ele alegar estar passando mal.

O homem vestido de camisa vermelha também estava envolvido no assalto. Segundo praticantes na cena, ele bateu na praticante Wang Dafang. No hospital, ela foi diagnosticada com uma contusão no rosto. Mais tarde, ela descobriu que seu ombro também havia sido ferido.

Outra surra

No fim de semana seguinte, no sábado, 16 de junho, no mesmo cruzamento por volta das 18h30, o homem de vermelho atacou praticantes do Falun Gong que seguravam faixas com informações sobre a perseguição, segundo os praticantes que lá estavam. O homem subiu numa caixa de correio e usou uma tábua de madeira para bater nas duas praticantes de onde ele estava. As praticantes sofreram ferimentos graves no braço. Uma delas foi atingida na cabeça e seus óculos se quebraram no chão. A polícia emitiu uma indiciação sobre o homem de vermelho.