Campanha anticorrupção varre a Central Chinesa de Televisão

08/08/2014 17:11 Atualizado: 08/08/2014 17:11

Em torno do mesmo período em que o Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou oficialmente a investigação de Zhou Yongkang, um ex-membro do Comitê Permanente do Politburo, uma campanha anticorrupção foi expandida na Central Chinesa de Televisão (CCTV), a emissora estatal porta-voz do regime comunista chinês.

Em 11 de julho, Rui Chenggang, um conhecido âncora da CCTV; Li Yong, o vice-diretor do canal de finanças da emissora; e outro produtor da rede foram detidos. Em seguida, Liu Wen, o diretor do canal CCTV-9, foi detido em 30 de julho.

Segundo comentaristas sobre a China, estas detenções foram planejadas pelo líder chinês Xi Jinping em preparação para derrubar Liu Yunshan, o diretor do Departamento Central de Propaganda e membro do Comitê Permanente do Politburo. Assim como o ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang, Liu Yunshan é também um dos membros da facção do ex-líder chinês Jiang Zemin.

Liu Wen

A mídia financeira online chinesa Caixin informou que Liu Wen, o diretor do canal CCTV-9, foi detido em 30 de julho. Desde então, seu celular não mais responde. O CCTV-9 é o canal de documentários da CCTV. Ele foi lançado em janeiro de 2011 e Liu Wen tem sido seu diretor desde o início.

A reportagem citou fontes que disseram que durante uma auditoria de rotina realizada pela Secretaria Nacional de Auditoria do Partido Comunista Chinês (PCC) em dezembro passado, foi descoberto que Liu tinha vários problemas financeiros. Ele teria lucrado ilicitamente com as operações do canal, por exemplo, superfaturando a compra de documentários estrangeiros, e “era suspeito de se beneficiar de publicidade incorporada em documentários populares”.

Zhu Xinxin, ex-editor da Rádio Hebei Renmin, disse à NTD: “Apesar da CCTV ser qualificada como uma mídia, na verdade, ela serve como uma ferramenta de propaganda e faz parte do sistema ditatorial do PCC. Portanto, ela também compartilha todos os problemas observados na política do PCC e participa no [negócio de] ‘corte do melão’ do regime chinês.”

“Ela também participa de todas as conspirações e trapaças tramadas pelo PCC. Como resultado, muitos funcionários da CCTV se tornaram membros de grupos de interesse e assim também têm problemas de corrupção e estão envolvidos em todo o tipo de escândalos.”

Centenas interrogados

Em dezembro de 2013, Li Dongsheng, o ex-vice-presidente da CCTV, foi preso. Desde então, tem havido relatos da mídia dizendo que o Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID) e a Secretaria Nacional de Auditoria criaram cinco equipes para investigar a CCTV. Centenas de funcionários da CCTV foram interrogados e muitos foram demitidos e presos.

Em 1º de junho, Guo Zhenxi, o diretor do canal de finanças da CCTV, foi investigado por acusações de suborno. Em 6 de junho, Wang Shijie, o produtor do canal de finanças, foi detido. Em 11 de julho, o famoso âncora Rui Chenggong foi detido sob a acusação de suborno. Li Yong, o vice-diretor do canal de finanças, e outro produtor também foram levados pelos investigadores.

Departamento Central de Propaganda

Hua Po, um estudioso dos assuntos políticos de Pequim, disse à NTD: “A CCTV pode ser considerada um monopólio, que envolve enormes interesses e, portanto, a troca de poder e dinheiro com regras cinzentas. Alguns funcionários da CCTV são capazes de fazer qualquer coisa para benefício próprio. Por isso, não é incomum ver todos esses comportamentos desviados.”

“Desta vez, outro grupo de membros da CCTV foi posto sob investigação. Acho que o movimento está relacionado a Liu Yunshan, que é o poder no sistema de propaganda, e devido a sua oposição a Xi Jinping. Xi está tentando atacar Liu limpando os órgãos de propaganda.”

O Noticiário Noturno da CCTV usou um tom vulgar e desleixado ao transmitir a notícia da investigação sobre Zhou Yongkang em 29 de julho, disse Hua Po. Além disso, um artigo online publicado pela mídia estatal Diário do Povo, intitulado “Ataque contra o grande tigre Zhou não é o fim da campanha anticorrupção”, também foi excluído pelo Departamento Central de Propaganda. Estas são indicações claras que Liu Yunshan está usando seu poder no sistema de propaganda para se opor ao líder chinês Xi Jinping.

Escândalos sexuais

Além dos problemas de corrupção, chineses também costumam falar dos escândalos sexuais na CCTV.

Jia Xiaoye, a atual esposa de Zhou Yongkang, teria sido parte do “pacote de subornos sexuais” de Li Dongsheng para Zhou Yongkang. Jia Xiaoye trabalhava com Ye Yingchun e Shen Bing, todas elas repórteres famosas da CCTV.

Em 30 de julho, a mídia online chinesa Hexun publicou um ensaio fotográfico, intitulado “Fotos sexuais em carro sugerem que a repórter Ye Yingchun da CCTV é amante de Zhou Yongkang”. O ensaio tinha uma foto relacionada ao suposto “sexo no carro”.

Em 31 de julho, o Youth.cn relatou boatos online dizendo que duas repórteres da CCTV, Ye Yingchun e Shen Bing, foram detidas pelo CCID para investigação.

Fontes disseram que, depois que Ye Yingchun começou a trabalhar para a CCTV, ela rapidamente chamou a atenção de Li Dongsheng e se tornou uma estrela do canal CCTV-4. Anos atrás, Li Dongsheng apresentou Ye Yingchun a Zhou Yongkang.

Shen Bing, outra repórter, também se tornou amante de Zhou Yongkang por meio da introdução de Li Dongsheng. Zhou Yongkang posteriormente promoveu Li Dongsheng a vice-diretor do Centro de Mídia do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL).

O internauta chinês ‘Yan Shaoxiong 53’ escreveu no Sina Weibo que todos os dias os repórteres da CCTV enganam o povo chinês com a parte superior de seus corpos e satisfazem os líderes do Partido Comunista com suas partes inferiores.

Zhu Xinxin, o ex-editor da Rádio Hebei Renmin, comentou à NTD: “Falando a verdade. Por um lado, a CCTV inventa e espalha mentiras para enganar nosso povo. Por outro lado, eles compartilham dinheiro ilícito com grupos de interesses escusos. A CCTV age em conluio com funcionários do Partido Comunista. Essa mídia não tem qualquer ética profissional ou espírito independente.”