Câmara dos Deputados: Panorama eleitoral da próxima legislatura

21/09/2014 21:41 Atualizado: 22/09/2014 04:34

A perspectiva de segundo turno envolvendo Marina Silva e Dilma Rousseff reforça a importância das eleições legislativas. Se por um lado mais 4 anos de PT no poder fortaleceriam ainda mais o predomínio da esquerda petista no poder, as incertezas do que seria ideologicamente um governo Marina Silva também assusta a quem se preocupa com o balanço do poder no Brasil, nossos valores, nosso futuro e até mesmo nosso estado democrático.

Num país atrasado em termos institucionais, com predomínio de visões estatistas na economia e certa lassidão quanto à criminalidade e desrespeito às leis, é praticamente impossível votar em concorrentes a cargos executivos que reúnam todas as qualidades que gostaríamos, ficando a escolha geralmente tomada por eliminação dos piores sucessivamente. Já o voto para o “segundo poder”, o Legislativo, não precisa sofrer dessas mesmas amarras. Como não temos o voto distrital, pode-se escolher qualquer candidato de seu estado e não deve ser difícil encontrar algum que possa representá-lo na maioria das questões que forem postas em votação no Congresso.

A Câmara Federal com bons nomes e firmes ideais será fundamental. Olhando agora, a impressão que se tem é que a sua próxima composição não possuirá mais os blocos imensos ou partidos com 20% da Câmara, como já foram em eleições passadas o PT, o PMDB e, antes, o PSDB e o PFL. Tudo indica que o PT sofrerá uma perda expressiva de sua bancada por São Paulo (onde investem em Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, como puxador de votos) mas tem chances de crescer ainda mais por Minas Gerais; o PSDB deve lutar para fazer o mesmo número de deputados por São Paulo e crescer nos eleitos pelo Paraná. É de se esperar que o PSB cresça após a entrada de Marina Silva enquanto o PV, partido dela em 2010 deve perder cadeiras; o DEM deve continuar a minguar, o PSD enfrentará sua primeira eleição nacional lutando para manter o seu tamanho e o PSC deve ter um bom crescimento. Veja abaixo como foi o resultado dos principais partidos da última eleição por estados e quais são as perspectivas de cada um tendo por base os desempenhos estaduais:

PT

Total de eleitos em 2010: 88.  Estados mais importantes: 16 por SP, 10 pela BA, 8 pelo RS e por MG, 5 pelo RJ e pelo PR;

Em 2014: Está bem fraco em São Paulo, perdeu força no Rio Grande do Sul e na Bahia, estados em que elegeu o governador no primeiro turno em 2010. Pode aumentar a bancada por Minas onde o predomínio tucano está em risco. No Rio e no Paraná o partido não parece ter chances de disputar sequer o segundo turno e deve lutar para manter o número de eleitos pra deputado federal;

PSDB

Total de eleitos em 2010: 53. Estados mais importanes: 13 por SP, 8 por MG, 3 pelo Paraná, Pará, Goiás e Maranhão;

Em 2014: Tudo indica que mais uma vez levará São Paulo no primeiro turno, tem boas chances de manter os governos do Paraná, Pará e de Minas mas, neste último caso, a disputa deve ir ao segundo turno. O crescimento de forças alternativas como o PSC podem tirar-lhe votos importantes no Paraná e em São Paulo. O fraco desempenho da candidatura presidencial também deve influenciar negativamente.

PSB

Total de eleitos em 2010: 34. Estados mais importantes: 7 por SP, 5 por PE, 4 pelo CE, 3 pelo RS e pelo RJ;

Em 2014: A entrada de Marina Silva deve refletir em melhoras no resultado do partido, fazendo uma bancada mais espalhada pelo país. Em São Paulo o partido está fortalecido com o posto de vice na chapa de Geraldo Alckmin. Perdeu força no Ceará com a saída da família Gomes mas pode crescer ainda mais em Pernambuco, mesmo se a eleição estadual não for decidida para o partido no primeiro turno.

PMDB

Total de eleitos em 2010: 79. Estados mais importantes: 8 pelo RJ, 7 por MG, 6 pelo CE e pelo PR, 5 por SC e PB;

Em 2014:  Não deve conseguir o governo do Rio de Janeiro em primeiro turno como em 2010 e não tem candidato forte em Minas Gerais. Em compensação, pode melhorar o desempenho em SP, estado em que elegeu apenas um deputado em 2010 (Paulo Skaf é hoje a maior força contra os tucanos). É um partido marcado por ter forças distintas em vários estados e, como em 2010, deve ter uma bancada bastante espalhada por todas os colégios eleitorais, especialmente pela perspectiva de aumentar o número de governos estaduais.

PSC

Total de eleitos em 2010: 17. Estados mais importantes: 4 pelo PR, 2 por BA, SP e RJ.

Em 2014: O grande puxador no Paraná, Ratinho Júnior, não disputa a Câmara Federal mas estadual. Marco Feliciano, que teve 211 mil votos em 2010, deve ampliar sua votação, restando a dúvida do quanto. A candidatura nacional do Pastor Everaldo poderia incrementar a votação na legenda mas foi praticamente engolida pela entrada de Marina Silva na disputa. Pelo Brasil, o partido conta com celebridades que devem fazer a bancada crescer.

Reaçonaria

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