Buscador da web chinês levanta proibição sobre documentário ‘Fogo Falso’

11/06/2012 15:00 Atualizado: 11/06/2012 15:00

O logotipo do Baidu em seu edifício sede em Pequim em 22 de julho de 2010. (Liu Jin/AFP/Getty Images)Na véspera do 23º aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) de 4 de junho, o maior motor de busca da China, o Baidu, levantou a proibição sobre o ‘fogo falso’, um documentário produzido pela NTDTV, uma emissora independente, principalmente de língua chinesa, sediada em Nova York.

O documentário está relacionado a um incidente na Praça Tiananmen ocorrido em janeiro de 2001, em que cinco pessoas puseram fogo em si mesmas. A CCN também registrou o incidente, mas teve suas filmagens confiscadas pela segurança chinesa.

Uma semana depois, a mídia estatal chinesa transmitiu as imagens do incidente em todo o país. A mídia estatal disse aos cidadãos chineses que as pessoas que tinham se autoimolado eram praticantes do Falun Gong.

O documentário ‘fogo falso’ diz que o incidente foi uma tentativa do regime chinês de incitar o ódio público contra os membros da prática espiritual do Falun Gong. O documentário também questiona por que as pessoas foram deixadas queimando por tanto tempo quando a segurança é tão restrita na Praça Tiananmen.

Pesquisando no Baidu com as palavras-chave “verdade autoimolação” em 3 de maio, os resultados, “Conferência das Nações Unidas ‘autoimolação em Tiananmen’ é uma farsa orquestrada pelo Partido Comunista Chinês (PCC)”, apareceu.

No final de maio, o Baidu levantou a proibição sobre duas reportagens de vídeo, “Assinaturas dos 300 bravos aldeões de Hebei” e “Advogados de direitos humanos defendem levar a facção das mãos ensanguentadas de Jiang Zemin à justiça em Pequim”, dois assuntos relacionados ao Falun Gong.

Em 20 de março, quando o firewall da China foi parcialmente desbloqueado, internautas chineses foram capazes de buscar no Google palavras sensíveis como “Falun Gong”, “4 de junho” e até “Zhuan Falun” (o livro principal da prática espiritual do Falun Gong proibido na China há mais de 13 anos).

Resultados da busca por Zhuan Falun em 20 de março listaram o website oficial do Falun Gong no topo. Internautas chineses puderam acessar livremente as informações sobre o Falun Gong, incluindo as fotos do professor, o Mestre Li Hongzhi, seus ensinamentos na China e no exterior e as fotos dos praticantes fazendo os exercícios do Falun Gong na China e no exterior.

Wen Zhao, um comentarista político da NTDTV baseado no Canadá, disse que permitir o acesso na China continental a websites relacionados com o Falun Gong está relacionado a mudanças que ocorrem dentro da liderança do regime chinês.

“Isso não deve ser visto como um fenômeno acidental. Isso significa que alguns dos líderes do PCC realmente querem avançar a questão do Falun Gong. Este é um ponto fundamental para distinguir-se da facção das mãos ensanguentadas de Zhou Yongkang”, disse Zhao.

O incidente da autoimolação na Praça Tiananmen em 23 de janeiro de 2001 foi filmado pela China Central de Televisão (CCTV).

O Falun Gong disse que os cinco autoimoladores não eram adeptos da prática espiritual, que proíbe o suicídio. O Centro de Informação do Falun Dafa afirma que o incidente foi orquestrado pelo PCC para criar um clima na China para perseguir o grupo.