Na campanha de 2010, Dilma trombeteava: “Seremos a quinta economia do mundo na década, ultrapassando alguns europeus”. No primeiro dia do seu segundo governo, vem a notícia: a Índia nos ultrapassou…
O fraco crescimento do Brasil deverá fazer o país perder o posto de sétima maior economia do mundo para a Índia já em 2015. A previsão é da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit). Segundo a EIU, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deverá somar US$ 2,12 trilhões em termos nominais neste ano, ante US$ 2,48 trilhões da Índia, que também deixará para trás a Itália, hoje a oitava maior economia. A tendência já era antevista por economistas para algum momento desta década por causa das altas taxas de expansão do país asiático.
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O cenário de persistente fraco crescimento do Brasil e recuperação da economia indiana depois de percalços nos últimos anos contribui para a possível materialização da projeção em 2015. O PIB brasileiro se expandiu a modestos 2% ao ano desde 2011, cerca de metade da taxa média que era projetada para o país em meados da década passada.
A Índia também desacelerou. O crescimento do país, que atingiu dois dígitos em 2010, chegou a cair para 4,7% dois anos depois. Mas, em 2014, a economia indiana ensaiou uma recuperação, ao contrário da brasileira, que deve ter ficado praticamente estagnada. Neste ano, a expectativa é de nova aceleração na Índia – a EIU projeta alta de 6,5%, ante 6% em 2014 – e outro ano de expansão fraca no Brasil, inferior a 1%.
Mudanças de posição no ranking das maiores economias do mundo não são incomuns e, às vezes, provam-se insustentáveis. O Brasil chegou a desbancar o Reino Unido e alcançar a sexta posição em 2011, para recuar, novamente, em 2012. A ascensão da Índia, porém, tende a ser definitiva devido à expansão demográfica e à urbanização, que favorecem altas taxas de expansão no país asiático.
Causa da retomada
A Índia começou sua retomada depois que o governo reformista do primeiro-ministro Narendra Modi assumiu, em maio de 2014. Modi tem conseguido destravar a agenda de reformas. Segundo Omar Hamid, chefe do departamento de risco da Ásia da consultoria IHS, existe uma percepção de que o novo governo “está fazendo muito mais” do que a gestão anterior, minada por escândalos de corrupção. Entre as mudanças implementadas, estão medidas para melhorar o ambiente de negócios.
Em outubro, Modi anunciou, por exemplo, um plano para reduzir o elevado custo trabalhista no país. Para Robert Wood, diretor-adjunto de risco da EIU, a mudança de humor em relação à Índia começou antes mesmo da posse do novo governo, com a indicação de Raghuram Rajan, ex-economista-chefe do FMI, para o comando do banco central, em setembro de 2013. Assim que assumiu, Rajan promoveu três altas de juros que contribuíram para a desaceleração da inflação. Além disso, a Índia se beneficia da queda do preço do petróleo, que favorece o declínio da inflação doméstica e a estabilização do déficit em conta-corrente.