O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, participou na terça-feira (17) de uma sequência de audiências da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE). Ao dar início às sessões, o ministro assumiu a paralisação da economia do país, que para analistas financeiros deixa o Brasil perto da recessão, defendeu providências fiscais e monetárias como primeiro passo para a retomada do crescimento e mostrou perspectivas de investimentos para os próximos anos, segundo reportagem da agência EFE.
“A equipe econômica tentou lutar contra a desaceleração, usou todas as suas ferramentas fiscais, mas foi surpreendida no fim de 2014 por um déficit fiscal equivalente a 0,63% do Produto Interno Bruto (PIB), primeiro resultado negativo em 13 anos”, disse Barbosa diante de uma comissão do Senado.
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Porém, se o governo ainda é capaz de fazer algum tipo de investimento, foi uma afirmação contestada por senadores de diferentes partidos. A audiência teve duração de quase cinco horas e foi presidida pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Grandes protestos populares aconteceram no domingo (15) e um dos estopins foi o ajuste fiscal que Dilma Rousseff impôs logo no início de seu segundo mandato, apesar de ter negado ser necessário tomar tal medida quando em campanha para a reeleição.
“O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também mudou a política cambial depois de ter sido reeleito prometendo mantê-la”, disse Barbosa argumentando que isso não foi uma incoerência, assim como não foi a mudança de planos de Dilma Rousseff. De acordo com o ministro, “as condições econômicas mudam”.
Até fevereiro, com uma flutuação anual de 7,7%, o primeiro bimestre do ano terminou com uma inflação em 2,48%. Barbosa admitiu que conspiraram para isso a desaceleração da indústria, uma forte desvalorização do real e o corte do gasto público. Mesmo assim, insistiu que a meta das autoridades monetárias para 2015, de 4,5% ao ano, com certeza será alcançada paulatinamente e que o governo confia nisso.
Na gestão de Guido Mantega, Barbosa foi secretário executivo do Ministério da Fazenda. Esse fato foi lembrado por alguns senadores – Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Alvaro Dias (PSDB-PR), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Cristovam Buarque (PDT-DF), que indagaram sobre prováveis erros no comando da economia.
Na opinião de Barbosa, o crescimento terá uma reabilitação em curto prazo e fará com que seja temporária a repercussão negativa na atividade econômica criada pelas medidas praticadas. Segundo o Banco Central, após cair 0,15% em 2014, a atividade econômica no país diminuiu em 0,11%.
“Há um processo constante de revisão, de reconhecimento de erros e excessos, não só em programas, mas também em algumas ações prévias do governo. Esse é o dia a dia da política econômica. Você faz várias coisas. O que você acerta, continua e aprimora; o que você erra, revisa ou faz outra coisa”, afirmou Barbosa.