Brasil campeão: O maior vence o melhor

01/07/2013 07:08 Atualizado: 01/07/2013 07:39
Neymar levanta o troféu da Copa das Confederações FIFA Brasil 2013 junto com a equipe brasileira, este domingo no Estádio do Maracanã. Ele foi eleito o melhor jogador do torneio (Lluis Gene/AFP/GettyImages)
Neymar levanta o troféu da Copa das Confederações FIFA Brasil 2013 junto com a equipe brasileira, este domingo no Estádio do Maracanã. Ele foi eleito o melhor jogador do torneio (Lluis Gene/AFP/GettyImages)

A excepcional, e porque não surpreendente, goleada do Brasil em cima da Espanha, na noite deste domingo (30) pela final da Copa das Confederações 2013, no Maracanã, mostrou que a mística da camisa verde e amarela ainda existe e que a seleção canarinho deve ser respeitada e temida em qualquer circunstância por todos os adversários. Foi a vitória do maior contra o melhor. Maior sim, pois qual país tem cinco títulos mundiais no currículo? Mas a conquista da Copa das Confederações poderia ter um rumo diferente, caso a conclusão de dois lances tivessem desfechos diferentes.

O primeiro é, sem dúvida, o gol de Fred logo aos dois minutos de jogo. Aquele gol mudou completamente os rumos da partida. A equipe da Espanha, por mais experiência que tivesse, sentiu o gol e ficou nervosa em campo, errando passes fáceis que não costuma errar. O Brasil, com isso, ganhou mais confiança para imprimir sua forte e eficiente marcação, que anulou as principais jogadas espanholas. O segundo é o corte de David Luiz, que salvou o gol de Pedro em cima da linha. Um empate da Espanha àquela altura poderia recolocar a ‘fúria’ no jogo. Portanto, podemos dizer que o Brasil contou com uma pequena dose de sorte também.

Mas não podemos desconsiderar a raça, determinação e aplicação tática da equipe brasileira, que fez uma excelente partida e conquistou o título com méritos. Diminuiu os espaços, foi objetivo, não deixou a Espanha praticar o “tic-tac” e soube aproveitar as oportunidades. Não foi um espetáculo, digno do futebol arte que ainda temos esperança de ver ressurgir, mas devemos reconhecer a eficiência da equipe. Méritos para Felipão, que, em pouco tempo desde que assumiu, conseguiu dar uma cara à seleção, melhorando o seu jogo coletivo e montando uma equipe que não encantou pelo futebol, mas conseguiu os resultados.

Se o assunto for destaques individuais, podemos citar Paulinho, Fred e Neymar. O primeiro parece que evoluiu ainda mais seu futebol na competição, mostrando ser uma peça importante na seleção, com eficiência na marcação e na saída de bola. O atacante do Fluminense se firmou como dono da camisa 9 e demostrou-se decisivo, marcando gols nos dois jogos finais. Já o novo reforço do Barcelona superou a desconfiança da mídia e da torcida e foi simplesmente o melhor jogador da competição. E chega à Catalunha com moral para, finalmente, se tornar o melhor do mundo.

Para a Espanha, fica a lição de que será preciso encontrar uma solução contra marcações mais compactas e que a sufoquem em seu campo de defesa, como aconteceu hoje. Se compararmos com o primeiro jogo, com vitória tranquila diante do Uruguai, vimos que Felipão acertou na receita do bolo. Naquele jogo, a equipe uruguaia marcava de longe, dando muitos espaços no meio-campo, fazendo com que a fúria chegasse com facilidade à sua área. O Brasil fez completamente o oposto, e foi feliz.

Chamou a atenção as atuações ruins de Mata, Fernando Torres e Arbeloa na partida. O último, inclusive, confirmou o futebol limitado que possui e provou que a safra de laterais direitos espanhóis anda nada boa, vide Michel Salgado. O deslocamento de Sérgio Ramos para esse setor pode ser uma solução. Xavi e Iniesta, destaques máximos da equipe de Vicente del Bosque, sofreram com a forte marcação e não conseguiram render.

Guardadas as devidas proporções, tudo isso lembra a goleada do Bayern sobre o Barcelona, na Liga dos Campeões da temporada passada, em que as circunstâncias foram as mesmas. Eram poucos os que apostavam em goleadas ou os torcedores que afirmavam que era possível jogar de igual para igual com os timaços espanhóis. Brasil e Bayern, porém, provaram o contrário e desfizeram a ideia de que há times imbatíveis ou que os jogadores espanhóis são imortais.

Mas o resultado, em nenhuma das duas circunstâncias, representa um declínio do futebol espanhol. Pelo contrário, continuarão fortes e brigarão por títulos. As conquista recente no Europeu sub-21, onde a seleção contava com jogadores talentosos e de futuro como Thiago Alcantara, Isco, Muniain e Tello dá indícios disso. E não é por causa da derrota de hoje que a “roja” deixa de ser a melhor da atualidade e uma das favoritas ao título da Copa do Mundo ano que vem. A derrota, inclusive, pode fazer bem à equipe, que dificilmente cometerá os mesmos erros da Copa das Confederações.

O Brasil, por sua vez, deve comemorar muito o título e a recuperação da confiança da torcida e do respeito que há muito tempo não imprimia ou pouco imprimia aos adversários. Mas não deve se deslumbrar, pois na Copa do Mundo, será preciso mais. Na Copa de 2014, a seleção poderá não só ter a Espanha pela frente novamente, mas adversários fortíssimos como Alemanha, Argentina e Holanda. Além disso, é um torneio mais longo, com um nível de cobrança ainda maior. Um novo fracasso pode fazer com que a conquista da Copa das Confederações não seja mais considerada importante e que o trabalho feito vá por água abaixo. É outra história.

Força da torcida

O apoio da torcida brasileira foi um show à parte neste torneio. Foram poucas as vaias e foi total o apoio, algo que não víamos a muito tempo nos estádios brasileiros. Ainda mais o Hino Nacional sendo cantado a plenos pulmões antes e durante as partidas. Inesquecível! E será um fator importante para o sucesso do Brasil na Copa.

Rafael Souza é bacharelando em jornalismo pela UERJ, apaixonado por futebol e dono do blog Planeta Pelota

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