Digo isso há muitos anos. Já dizia quando era dirigente nacional do PT (do qual saí em 1993, abandonando para sempre qualquer vida partidária). Cuba é uma ditadura de propriedade dos irmãos Castro. É uma ditadura retrógrada e sanguinária.
É uma ditadura que arma desgraças para seus próprios dirigentes máximos que (como fez com Carlos Aldana Escalante, o “angolano” que conheci pessoalmente e depois sumiu de modo inexplicável) supostamente possam vir algum dia a ameaçar os interesses da dinastia de Raul e Fidel.
É uma ditadura que proíbe livros (quaisquer livros que destoem do marxismo-leninismo, e posso atestar isso porque até recolheram um livro meu – chamado Autonomia e Partido Revolucionário – que foi levado para lá por jovens alunos de formação política em 1986).
E agora Cuba resolve exportar ditadura, colonizando outros países como Venezuela e Nicarágua, e ninguém diz nada? E a OEA não diz nada? E os países democráticos não dizem nada?
E o Brasil não só não diz nada como apoia o regime cubano, com medidas de política internacional – para bloquear a atuação democrática e humanitária dos órgãos internacionais – e com dinheiro do BNDES. Sim, o dinheiro brasileiro financiou um porto (o Porto de Mariel) que atualmente serve para tráfico de armas de destruição em massa para ditaduras como a da Coreia do Norte, contra proibições expressas do Conselho de Segurança da ONU, e a ONU não diz nada?
Atualmente, cerca de 60 mil cubanos atuam na Venezuela. Fazem inclusive a segurança pessoal de Maduro (o que é um escândalo). O regime chavista prende e tortura estudantes em cárceres militares. Agentes cubanos de segurança, espionagem, contrainformação e guerrilha orientam a formação de coletivos de assassinos armados pelo regime (como La Piedrita e Tupamaros).
Essas milícias ilegais – enraizadas no submundo do crime – atuam na sombra para depredar, incendiar, saquear e matar e são treinadas abertamente em instalações das forças armadas nacionais e protegidas pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Tudo isso, fora a tal Milícia Nacional Bolivariana – uma excrescência composta por pessoas do povo, das periferias das cidades e do campo, armadas e partidarizadas pelo chavismo – que ao que tudo indica também é orientada por cubanos.
Sem colonizar a Venezuela, hoje, Cuba naufragaria economicamente. Cuba recebe diariamente 100 mil barris de petróleo venezuelano. Revendendo esse petróleo, Cuba consegue sobreviver – além, é claro, dos recursos de trabalho semi-escravo, como os dos programas do tipo Mais Médicos que foi implantando por Dilma no Brasil.
Como alguém honesto pode apoiar essas coisas? De duas, uma: ou é um patife – por exemplo, um negocista (sim, pelo que noticia a imprensa parece que também tem doleiros e empreiteiros brasileiros por lá, envolvidos em maracutaias com o PT e o governo) que espera ganhar algum dinheiro com isso – ou está tão ideologizado, tão intoxicado pela crença de que vale tudo contra o “grande satã” – uma ideologia parecida com a dos aitolás e da Al Qaeda – que já é um caso clínico (de sociopatia grave).
Com exceção de quem não possui nenhuma informação e não tem mesmo condições intelectuais de interpretar o que está acontecendo, não há mais meio termo nessa história. Não há dois lados em confronto. Não há duas visões políticas. Não há duas avaliações legítimas. O que ocorre é um atentado à democracia e à humanidade em escala regional – e oremos para que não seja global, pois as conexões com a Rússia de Putin estão cada vez mais prováveis: o navio surpreendido no Panamá contrabandeando armas de destruição em massa para a ditadura coreana tinha na sua rota tanto o Porto de Mariel quanto o Porto de Vostochny (vide relatório das Nações Unidas).
Augusto de Franco é escritor, palestrante e consultor