Bolhas gigantescas atravessam nossa Via Láctea

20/03/2012 00:00 Atualizado: 06/08/2013 19:43

De ponta a ponta, as bolhas de raios gama recentemente descobertas se estendem por 50 mil anos-luz, cerca de metade do diâmetro da Via Láctea, conforme mostrado na ilustração. Impressões do limite das bolhas foram descobertas pela primeira vez em raios-X (azul) pelo ROSAT, uma missão alemã, em 1990. Os raios gamas mapeados pelo Fermi (vermelho) se estendem muito além do plano da galáxia. (NASA's Goddard Space Flight Center)

Um gigantesco “olho negro” está no centro da galáxia

Cientistas da NASA descobriram duas bolhas gigantescas e incríveis recentemente, no norte e no sul do centro da galáxia. Ocupam um território de 50 mil anos-luz que equivalem a 9,4 bilhões de quilômetros, informou o Centro Espacial.

Os astrofísicos dos Estados Unidos supõem que as bolhas observadas, de cor violeta, são resíduos da erupção de um gigantesco buraco negro que está no coração da galáxia. Elas abrangem mais da metade do céu visível, entre a constelação de Virgem e a constelação de Grou e teriam milhões de anos.

“O que vemos são dois raios gama que emitem as bolhas e que se estendem a 25.000 anos-luz ao norte e ao sul do centro da galáxia”, apontou Doug Finkbeiner, astrônomo do Centro de Harvard-Smithsoniano para a Astrofísica em Cambrige, Massachusetts. No entanto, explica: “Não entendemos completamente sua natureza ou origem”.

“Não puderam ser detectadas por causa da névoa dos raios gama. A névoa ocorre quando as partículas se movem aproximadamente com a velocidade da luz e interagem com a luz e o gás interestelar na Via Láctea”, explicou o relatório da NASA.

Ambas as bolhas são capazes de emitir radiações gama mais poderosas do que jamais se havia detectado. Assim mesmo, as bolhas têm bordas bem definidas. Os raios gama emitem radiações luminosas ou eletromagnéticas dotadas de uma enorme energia que se alcança pelo desprendimento dos fótons e por elementos radioativos ou processos subatômicos.

A forma que tem faz pensar que sua formação foi muito rápida, como por um jato de um buraco negro super massivo ou talvez pela explosão de formação de milhares de estrelas no centro da Via Láctea de milhares de milhões de anos.

“Qualquer que seja a fonte de energia por detrás dessas enormes bolhas pode ser que esteja conectada às perguntas mais profundas da atmosfera”, explicou David Spergel, cientista da Universidade de Princeton em Nova Jersey, informou a NASA.

Estima-se que cada globo possua uma energia que varia entre 1 e 10 bilhões de volts, emergindo exatamente desde o centro da galáxia e se estendendo a 50 graus norte e a 50 graus sul, segundo calcularam os pesquisadores do Centro Espacial e de Voo, ajudados pelo Telescópio Fermi de Grande Área (LAT) para raios gama da NASA.

O primeiro a vê-las foi o astrônomo Doug Finkbeiner; mais tarde contribuíram com a descoberta Meng Su e Tracy Slatyer, do mesmo lugar, quando realizaram a análise dos dados acessíveis ao público provenientes do telescópio Fermi de Grande Área (LAT), lançado em 2008 pela agência espacial dos Estados Unidos NASA, informou o Centro de Astrofísica.

O telescópio Fermi (LAT) foi construído com apoio internacional e seus sócios são Itália, Japão, Suécia e Estados Unidos. É o mais sensível às emissões de raios gama, graças a um sensor de altíssima definição, e varre todo o céu a cada três horas.

Um vídeo da descoberta pode ser visto no site da NASA (em inglês).