Enquanto o nome do grupo terrorista Estado Islâmico e sua estratégia de barbárie – que inclui crucificação e decapitações de cristãos – continua sendo notícia por causa de suas ações no Iraque e na Síria, ele vai ganhando força em outros países também.
A ideia de ressurgimento de um califado islâmico incentivou outros grupos militantes jihadistas a fazerem o mesmo. Na Nigéria o Boko Haram está anunciando seu próprio califado. Em um vídeo recente, seu líder Abubakar Shekau anunciou que estava declarando a independência da região de Gwoza, nordeste do país, enquanto promete que irá continuar matando e pilhando em nome de Allah (Deus, em árabe).
“Graças a Allah, que deu a vitória aos nossos irmãos em Gwoza e fez parte do califado islâmico”, disse Shekau. “Pela graça de Allah, não vamos deixar a cidade. Viemos para ficar.”
De acordo com o jornal britânico Telegraph, Shekau já manifestou seu apoio e lealdade a Abu Bakr al-Baghdadi, líder e califa do Estado Islâmico. Porém, o vídeo não deixa claro se a independência de Gwoza seria considerada parte do mesmo califado do Oriente Médio.
Ao término do vídeo, Shekau diz que o Boko Haram irá ampliar o território conquistado e avisa: “Allah nos ordena para governarmos pela lei islâmica. Na verdade, ele nos manda para governar o resto do mundo, não só a Nigéria, nós só começamos. Allah nos ordenou matar sem piedade”.
Dias depois, eles atacaram a cidade de Gamboru, deixando dezenas de mortos. O governo nigeriano, presidido pelo cristão Goodluck Jonathan, emitiu uma resposta ao vídeo, onde nega ter perdido o controle no noroeste do país.
Enquanto isso, na Líbia, o grupo extremista islâmico Ansar al-Sharia tomou conta da cidade de Benghazi e declarou sua independência, também alegando ser parte do califado. Violentos conflitos entre o exército e grupos jihadistas têm assolado o país nos últimos meses, deixando centenas de mortos.
Os guerrilheiros já tomaram (e perderam posteriormente) parte da capital Trípoli. Contudo, existem poucas informações concretas sobre essas declarações do grupo Ansar, sempre negadas pelo governo da Líbia. O que há de concreto é um movimento africano que parece estar alinhando diferentes grupos muçulmanos ao Estado Islâmico.