Os dramáticos momentos finais da carreira política de Bo contados por um informante
Antes de Bo Xilai ser deposto do cargo de secretário do Partido de Chongqing em 15 de março, e antes de ser expulso de Comitê Central e do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCCh) em 10 de abril, ele teve a chance de sobreviver ao escândalo de Wang Lijun. Mas ele não conseguiu enxergar, e a oportunidade evaporou rapidamente, de acordo com um indivíduo informado dos detalhes que cercam a inglória demissão recente de Bo.
A primeira oportunidade se apresentou em 20 de fevereiro, duas semanas depois de Wang Lijun, ex-braço direito de Bo, tentar desertar no consulado dos EUA em Chengdu. O Gabinete Político do Comitê Central do PCCh, conhecido como Politburo, realizou uma reunião e decidiu lançar um boato de que Bo havia renunciado. No dia seguinte, o Centro de Informação dos Direitos Humanos e da Democracia de Hong Kong, um website respeitável, anunciou a renúncia de Bo do Politburo relacionada ao incidente de Wang Lijun.
Um informante do Epoch Times disse que isso era uma notícia falsa espalhada com um propósito. Naquele momento, a liderança do topo não tinha decidido definitivamente purgar Bo. Se ele tivesse agido em conformidade com os rumores, ele teria sido capaz de escapar de uma escalada do escândalo político, disse a fonte.
“No entanto, a reação de Bo durante o período das duas reuniões foi tão pobre que a evolução subsequente de toda a questão se moveu na direção da demissão de Bo em 15 de março”, disse a fonte, referindo-se às reuniões do Congresso Nacional Popular (CNP) e do Congresso Político Consultivo do Povo Chinês (CPCPC), dois órgãos auxiliares do regime do Partido.
A narrativa fornecida pela fonte coincide com aquela apresentada pela Reuters em 23 de março, assim como acrescenta mais detalhes sobre como as decisões foram tomadas e implementadas entre os principais líderes do Partido.
Na manhã de 8 de março, Bo Xilai inesperadamente desapareceu do pódio da sala de reunião onde costumava se sentar. Uma foto publicada pela mídia oficial mostrou que Bo, que estava sempre sentado ao lado do corredor, tinha ido embora, e sua placa de identificação na mesa também havia sido removida.
A fonte disse, “Desde que Bo chegou a Pequim para as reuniões do CNP e do CPCPC, os altos oficiais tentaram dialogar com ele. Eles participaram das reuniões do CNP e do CPCPC durante o dia e tiveram discussões à noite. Seu último diálogo na noite de 7 de março atingiu um muro. Em 8 de março, os altos oficiais da China haviam quase decidido em suas mentes lidar com Bo seriamente. Para dar um aviso final a Bo, sua placa de identificação na tribuna foi removida. Ninguém jamais teria imaginado que tal anedota pudesse chamar a atenção de todo o mundo, mas não conseguisse atrair a atenção de Bo. Ele nunca percebeu que se prosseguisse, seu posição seria removida.”
No dia seguinte, em 9 de março, Bo realizou uma fatídica conferência de imprensa. De uma maneira imprudente característica, ele tentou justificar seu movimento de “ataque ao negro” em Chongqing, que classificou inimigos políticos e empresários como chefes da máfia e rapidamente os prendeu, muitas vezes, aos milhares, enquanto seus bens foram expropriados. Ele afirmou que o movimento envolveu o Comitê dos Assuntos Político-Legislativos e os órgãos da Segurança Pública, o Ministério Público, os tribunais, as autoridades de segurança do Estado e o Comitê Central de Inspeção Disciplinar. Ele estava dizendo que não era apenas um movimento local mobilizado por Wang Lijun.
Quando um repórter japonês fez-lhe a delicada questão, “Por que Hu Jintao não fez uma visita a Chonqing?” Bo respondeu: “Acreditamos firmemente que o secretário-geral visitará Chongqing um dia, e ficará satisfeito ao ver o que está acontecendo lá.”
Pouco depois de fazer essa afirmação, em torno de 11:45 a.m., Bo recebeu um telefonema. Ele pediu licença enquanto Huang Qifan, prefeito de Chongqing, continuou falando com os repórteres. Poucos minutos depois, Bo voltou e ainda se defendeu, atacando os críticos de “sujaram o nome” de sua família.
O informante explicou o pensamento dos principais funcionários do Partido na época, “Os líderes do PCCh observavam cada palavra de Bo durante a conferência de imprensa. Suas declarações sobre Wang Lijun e outras questões não foram consideradas muito inapropriadas, no entanto, alegar que Hu ‘visitará Chongqing um dia’ foi muito inadequado. Alguém então o chamou, pedindo-lhe para deixar a conferência.”
Foi aí que Bo retornou e atacou seus “críticos”. Essa foi a última gota, disse a fonte. “Depois disso, alguém no círculo superior tomou sua decisão de remover Bo de seu cargo, e detê-lo em Pequim para investigação.”