Bo Xilai acusado de desastre aéreo

27/04/2012 03:00 Atualizado: 27/04/2012 03:00

Bo Xilai em 13 de março em Pequim, China. Dois dias antes, ele foi substituído como secretário do Partido Comunista Chinês no condado de Chongqing. Zhang Dejiang, outro membro do Politburo, assumirá o cargo. (Lintao Zhang/Getty Images)Em 7 de maio de 2002, 112 pessoas, incluindo 7 estrangeiros, morreram num acidente de avião no porto de Dalian, na China.

O voo 6163 da China Northern Airlines já era uma bola de fogo quando se aproximou do aeroporto de Dalian, voando de Pequim.

De acordo com um jornalista chinês que passou oito anos na prisão por sua reportagem, o acidente foi orquestrado por Bo Xilai, o ex-secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) recentemente desposto de todos seus cargos.

Jiang Weiping, que escreveu sobre a corrupção de Bo na cidade de Dalian, diz que o acidente foi arranjado por Bo, para silenciar um adversário político. Uma história elaborada incriminando um dos passageiros foi então criada para encobrir o incidente, diz Jiang.

No momento do acidente, Bo Xilai era governador da província de Liaoning, onde a cidade de Dalian está localizada, mas ele havia sido prefeito de Dalian anteriormente.

Uma série de fatos suspeitos sobre o acidente veio à tona na investigação ou a falta dela.

O voo 6163 estava em boas condições antes de decolar, e o fogo não se originou no motor, na tubulação de combustível, na rede elétrica, ou no forno, e todos os tripulantes foram inspecionados antes de entrar no avião.

Os restos da maioria dos passageiros e da tripulação foram enviados para testes de DNA antes de serem cremados. Somente as cinzas de um passageiro específico, Zhang Pilin, foram armazenadas.

A família de Zhang foi convidada a deslocar-se temporariamente para um hotel e esperar pelos resultados finais. Sete meses depois do incidente, a família de Zhang finalmente recebeu uma declaração oficial, afirmando que Zhang havia trazido garrafas de gasolina a bordo e iniciou o incêndio.

Em descrença, a família de Zhang pediu o relatório da investigação, mas lhes foi negado. Relatos da mídia estatal disseram mais tarde que Zhang sofria de estágio avançado de câncer de fígado e estava profundamente endividado, após começar uma empresa de renovação residencial. Sabendo que ia morrer, ele comprou sete apólices de seguro de vida. Ele planejou incendiar o avião por raiva e pelo desejo da compensação do seguro, afirmou a mídia estatal.

A família de Zhang negou tudo isso. Eles disseram que Zhang, após graduar-se com um mestrado em Física, tinha um trabalho gratificante e ia muito bem com sua nova empresa.

Sua esposa disse aos repórteres que Zhang estava perfeitamente saudável, amava sua família e passava o tempo com seu filho. Ele começou a ficar muito ocupado de repente semanas antes do acidente. Ele não a informou de sua viagem a Pequim, até que estava prestes a retornar.

Jiang Weiping, o jornalista, diz que soube a verdadeira história do que aconteceu a partir de um improvável companheiro de prisão.

Na época da queda do avião, Jiang tinha sido detido com Han Xiaoguang, o rico dono de um hotel e amigo próximo de Yu Xuexiang, um ex-secretário do Partido da cidade de Dalian.

Yu era também o maior adversário político de Bo Xilai. Para atacar Yu, em 2001, Bo Xilai ordenou a prisão de seu amigo Han, e deteve-o no Centro de Detenção de Dalian, onde Jiang o encontrou.

Han disse a Jiang que a esposa de Han, Li Yanfeng, estava no avião que caiu. Ela levava consigo de Pequim cartas escritas pelas filhas do atual presidente Hu Jintao e do ex-presidente Li Xiannian. Ela ia usá-las para pedir a libertação de seu marido Han da prisão.

Han diz que Bo Xilai planejou a queda do avião para se livrar de Li. Ela era então a assistente-especial do chefe do Ministério de Segurança Nacional, e tinha laços estreitos na liderança do PCC em Zhongnanhai. Bo pensou que ela sabia demais.

Mais tarde, Jiang entrevistou outros envolvidos que disseram que o autor acusado, Zhang Pilin, era um policial secreto e tinha laços estreitos com a esposa de Bo, Gu Kailai. Zhang serviu como bode expiatório para o crime, disse Jiang.

Se for provado que Bo planejou a sabotagem do avião, ele será responsável pela morte das 112 vítimas, incluindo 7 estrangeiros.