Bo Xilai acusado de corrupção e “abuso de poder” na China

25/07/2013 13:59 Atualizado: 25/07/2013 13:59
Bo Xilai, o ex-secretário do PCC em Chongqing, numa sessão do Congresso Popular Nacional no Grande Salão do Povo em Pequim. Após sua ruína política, Bo Xilai espera julgamento por acusações de corrupção (Lintao Zhang/Getty Images)

Num anúncio conciso em seu site, a Xinhua, a agência oficial de notícias do Estado chinês, disse que Bo Xilai, um membro purgado do Politburo chinês, foi indiciado e seria julgado sob a acusação de “suborno, corrupção e abuso de poder”.

Nenhuma data foi fornecida no edital, que teve apenas duas sentenças em inglês.

O caso contra Bo Xilai estava sendo preparado pela Procuradoria Popular da cidade de Jinan, capital da província de Shandong, na costa leste da China. Bo Xilai foi considerado culpado de “usar sua posição para benefício próprio” e aceitar “quantidades especialmente enormes” de dinheiro e bens como propina, segundo o anúncio em língua chinesa. Seu abuso de poder “trouxe grandes prejuízos para os interesses do povo e do país, em circunstâncias particularmente graves”, disse o comunicado.

Bo Xilai tem sido mantido em cativeiro desde abril de 2012: primeiro sob a forma secreta de detenção e interrogatório do Partido Comunista Chinês (PCC), conhecida como ‘shuanggui’, e, em seguida, nas mãos das autoridades judiciais, que teriam sido instruídas por comitês de segurança do PCC sobre do que acusar Bo Xilai e que evidências revelar.

O julgamento de Bo Xilai é um dos mais politicamente sensíveis em uma geração. Tudo começou após um escândalo no ano passado, quando seu vice Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing, na grande cidade que Bo Xilai presidia como secretário do PCC, fez uma viagem no meio da noite para o consulado dos EUA em Chengdu, Sichuan, em fevereiro de 2012 e teria tentado desertar.

Depois de gravar confissões e revelações de Wang Lijun por mais de um dia, as autoridades norte-americanas o entregaram a um oficial de segurança da Central do PCC em Pequim, ao invés de homens de Bo Xilai que tinham cercado o complexo dos EUA com a polícia paramilitar.

A esposa de Bo Xilai, Gu Kailai, foi acusada em agosto de 2012 do assassinato do parceiro de negócios britânico Neil Heywood e recebeu uma sentença de morte suspensa; Wang Lijun foi acusado em setembro de 2012 de uma série de crimes, incluindo traição e “manipulação da lei para fins egoístas” e foi sentenciado à prisão por 15 anos.

Estas sentenças e as acusações contra Bo Xilai – segundo um relatório não confirmado de que ele será acusado de aceitar US$ 3,25 milhões em propina, uma soma insignificante no contexto da corrupção na China – esquivam-se de muitos aspectos politicamente mais explosivos do caso.

Bo Xilai e Wang Lijun, por exemplo, faziam parte de uma conspiração, junto com o ex-líder chinês Jiang Zemin e o ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang, para dar um golpe de Estado e tomar poder na China. Houve relatos no ano passado de que Bo Xilai tinha grampeado os telefones dos principais líderes do PCC e foi capaz de ouvir suas conversas particulares.

Bo Xilai e sua esposa Gu Kailai, enquanto ele era prefeito de Dalian, uma cidade no norte do país, também estariam envolvidos no comércio de corpos de presos executados – o que incluiria prisioneiros da consciência – vendidos para empresas de plasticização que depois os poria em exibição pelo mundo.

Wang Lijun ostentou num discurso, que mais tarde foi removido da internet, que ele se envolveu em “milhares” de transplantes de órgãos “ao vivo”, uma referência que especialistas interpretaram como um ambiente clínico em que as vítimas teriam sido meramente anestesiadas, em vez de mortas, antes que seus órgãos fossem extraídos para transplante. Analistas também acham provável, devido ao contexto de seu discurso, que muitas das milhares de vítimas eram praticantes do Falun Gong, uma disciplina espiritual que tem sido perseguida na China desde 1999.

As atividades de colheita de órgãos relatadas por Wang Lijun ocorreram na província de Liaoning, onde Bo Xilai presidiu de 2000 a 2004. O pesquisador Ethan Gutmann chamou a província de epicentro da colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong.

Nenhuma destas acusações mais graves apareceu nos julgamentos encenados de Gu Kailai e Wang Lijun e não se espera que apareçam no julgamento de Bo Xilai, cujo veredito terá sido determinado pelo PCC antes de ele entrar no tribunal.

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