A retenção de vistos de residência para repórteres da Bloomberg News e do New York Times (NYT) pode ser entendida como um castigo por sua ignorância em compreender a política da China e por se envolverem inconscientemente na luta de poder comunista. Mas o ponto mais importante a comunicar as duas empresas de mídia é este: Não aposte no lado errado do Partido Comunista Chinês e, de preferência, não aposte em lado algum.
Desde o ano passado, as duas organizações publicaram matérias sobre a riqueza da família do ex-primeiro-ministro chinês Wen Jiabao e de outros reformadores econômicos sem saber que a informação e os materiais que receberam foram passados a eles por associados do ex-chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang, que é inimigo do atual líder chinês Xi Jinping e membro da facção do ex-líder chinês Jiang Zemin. O resultado é que as duas organizações de notícias americanas foram usadas para atacar Xi Jinping e seus aliados.
Fica claro que a Bloomberg e o NYT não têm um entendimento básico da política chinesa. Há tantos funcionários corruptos promovidos por ex-líderes seniores em áreas lucrativas, como energia, transporte, serviços bancários e telecomunicações, que o NYT e a Bloomberg deveriam olhar o amplo espectro de funcionários corruptos em vez de apenas as famílias de Wen Jiabao e Xi Jinping.
Seu foco foi, no mínimo, curiosamente seletivo, se não antiético. Seria como investigar exclusivamente a companhia USBancorp em práticas de subscrição de hipotecas após a Grande Recessão e ignorar totalmente a Countrywide Financial.
Na China, é quase impossível obter informações sobre os negócios dos principais líderes, a menos que alguém do círculo interno de uma agência de inteligência os exponha intencionalmente com o propósito de prevalecer numa luta de poder. Então, a Bloomberg e o NYT foram usados por arqui-inimigos de Xi Jinping como instrumentos de ataque à facção deste. Agora que Xi Jinping está firme no poder, ele decidiu dar uma lição às duas empresas. Seus repórteres receberão seus vistos em breve, após seu propósito ter ficado claro, uma clássica rabanada filha do autoritarismo, dizendo “vocês sabem com quem estão falando”, “quem manda aqui sou eu”.
A lição que a Bloomberg e o NYT devem aprender é que a sua gestão tem uma visão muito frágil e superficial sobre a China. Mas esta experiência também serve para todos considerarem a importância em se informar e entender o contexto geral das coisas, especialmente nesta nação conturbada pelo regime do Partido Comunista.