Bispo nomeado pelo Vaticano desaparecido na China

15/07/2012 03:00 Atualizado: 15/07/2012 03:00

O bispo Thaddeus Ma Daquin. (Weibo.com)Um bispo de Shanghai ordenado pelo Vaticano, que recentemente deixou a Igreja Católica estatal do Partido Comunista Chinês (PCC), desapareceu depois de publicamente renunciar a sua posição oficial, informou um jornal de Hong Kong e um serviço de notícias católico na segunda-feira.

O bispo Thaddeus Ma Daquin disse no sábado que estava deixando a Associação Católica Patriótica Chinesa (ACPC), que foi criada na década de 1950 pelo PCC e seleciona seus próprios bispos sem a aprovação do Vaticano.

Ma foi ordenado pelo Vaticano em 7 de julho, com a aprovação do Papa Bento XVI e do regime chinês, mas em seu discurso de aceitação na cerimônia de ordenação, ele disse à congregação de mais de 1.200 pessoas que ele não manterá uma posição na CCPA do Estado chinês, segundo o jornal Standard de Hong Kong.

Em seu discurso, Ma disse que “é inconveniente para mim assumir certas responsabilidades”, segundo a AsiaNews, um website católico. “Portanto, a partir deste dia da consagração, não mais serei um membro da Associação Patriótica”, disse ele.

AsiaNews disse que seu discurso foi recebido com um “aplauso caloroso” e que muitos participantes foram “movidos às lágrimas”.

Ele não apareceu para a missa dominical na Catedral de Santo Inácio em Shanghai, o que provocou perguntas sobre seu paradeiro atual, que não é conhecido.

Fontes disseram ao Standard que oficiais locais da igreja chinesa não estavam satisfeitos com a renúncia pública de Ma de sua posição oficial.

Estes oficiais “pareciam muito sérios quando saíram da catedral”, afirmou o jornal, que também citou fontes dizendo que Ma tem alguma liberdade de movimento, mas não pode exercer seu ministério sem ser sancionado pelo Estado.

Ma tem estado “descansando” no Seminário Sheshan desde domingo, afirma o website, citando fontes.

Anthony Lam Sui-ki, um pesquisador sênior do Centro de Estudo do Espírito Santo da diocese de Hong Kong, disse ao Standard que o regime chinês atacou abertamente a igreja várias vezes.

Depois de tomar o poder em 1949, o Partido Comunista Chinês embarcou num caminho de destruir a religião, acabou com congregações e demoliu edifícios religiosos, incluindo templos budistas e igrejas católicas durante todo seu regime.

Muitos católicos chineses que declararam sua fidelidade a Roma são forçados a frequentar igrejas “clandestinas” ou “secretas”, que são consideradas ilegais pelo regime chinês e podem ser alvo das autoridades comunistas.

Um ano atrás, quatro bispos reconhecidos pelo Vaticano foram presos porque se recusaram a participar na ordenação de um sacerdote da ACPC na província de Guangdong.