Investigando fungos da América Central e do Sul como proposta de biossolução para degradar plástico
Vários grupos de cientistas estão desenvolvendo métodos com fungos para remover dejetos e lixo produzidos pelo homem. Um grupo apresentou uma pesquisa na semana passada sobre degradar ponta de cigarro (Parte 1), enquanto outra equipe está estudando a degradação do plástico.
Fungos que degradam plástico
Cientistas norte-americanos descobriram uma possível utilidade dos fungos patogênicos da América Central e do Sul, que suas enzimas podem degradar poliuretano, um tipo muito comum de plástico nas embalagens de tintas, assentos de carro, colchões, espuma, vernizes e adesivos.
Este estudo, baseado em buscar soluções biológicas (biorremédio), foi publicado em 15 de julho de 2011 na revista científica Sociedade Americana de Microbiologia por pesquisadores da Universidade de Yale e da Universidade Nacional de San Antonio Abad de Cusco.
A equipe descobriu que a enzima que degrada plástico pode funcionar com ou sem oxigênio.
Isto pode ser aplicado nos casos de áreas com plásticos encobertos com terra, tais como aterros sanitários, que normalmente têm reduzida quantidade de oxigênio dificultando assim a decomposição.
Os plásticos são materiais que levam muito tempo para degradar naturalmente no meio ambiente. Os pesquisadores especulam que leva mais de 500 anos para uma garrafa de plástico, feita com PET, ser decomposta no meio ambiente. Assim, considerou-se necessário abordar o problema da poluição, informou a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP.
O estudo
Os pesquisadores selecionaram dezenas de fungos endófitos, que se desenvolvem no interior das plantas, e avaliaram sua capacidade de degradar poliuretano.
O resultado foi que muitos deles foram capazes de degradar o poliuretano em suspensões sólidas e líquidas.
O gênero Pestalotiopsis se destacou por causa da forte atividade de degradação, embora não seja a característica mais forte desse gênero. Dois dos seus micrósporos isolados foram capazes de crescer numa base de poliuretano em condições com e sem oxigênio.
A análise molecular indica que a enzima ‘serina hidrolase’ é responsável pela degradação de poliuretano.
Os autores concluíram que a atividade de degradação anaeróbia, sem oxigênio, é melhor para o biorremédio. O biorremédio é uma proposta para reduzir resíduos utilizando substâncias geradas nos processos biológicos dos seres vivos que quebram uma variedade de contaminantes.
Fungos do gênero Pestalotiopsis
O gênero Pestalotiopsis provoca enfermidades nas folhas de plantas como goiabeira, coqueiro, abacateiro e bananeira. As enfermidades provocadas por este tipo de fungo produzem manchas familiares nas folhas, tornando-as muito importante na América Central e do Sul, pois podem diminuir para 36% o rendimento produtivo das plantas, o que significa perdas de produção de até 5,6 toneladas por hectare por ano, de acordo com a Embrapa Amazônia Ocidental.