Bilionários de Hong Kong continuam a retirar investimentos da cidade

10/10/2013 13:09 Atualizado: 05/12/2013 11:07

Li Kashing, um bilionário de Hong Kong, anunciou que planeja vender a cadeia de varejo Watson, o que será seu quinto maior desinvestimento em Hong Kong e na China nos últimos dois meses. Empresários e legisladores veem esta saída dramática como um voto de falta de confiança no chefe-executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying. Combinada com as outras quatro manobras, a venda da Watson pode trazer a Li um desinvestimentos total de até HK$ 150 bilhões (US$ 19 bilhões).

A Watson é a cadeia de varejo de saúde e beleza que faz parte do conglomerado mundial Hutchison Whampoa Ltd. (HWL), do qual Li Kashing é presidente. A HWL planeja desmembrar a Watson nos próximos 12-18 meses para levantar HK$ 78 bilhões (US$ 10 bilhões), informou o Economic Daily em 2 de outubro. A Watson tem 1.100 lojas em 33 cidades no mundo. Se a cisão for bem sucedida, será a maior transação da HWL desde a venda do seu negócio de telecomunicações israelense em 2007.

Analistas estão otimistas com a cisão e preveem que será muito atraente para os investidores. Um analista do mercado financeiro de Hong Kong disse que acha que a venda da Watson trará uma renda considerável à HWL. Além de vender a Watson, Li Kashing colocou à venda a cadeia de supermercados ParknShop de Hong Kong e anunciou a venda de 50% de sua participação na Hong Kong Electric Co. Quanto à China, ele anunciou a venda do Oriental Financial Center em Shanghai e do Metropolitan Plaza Square em Guangzhou.

Estas cinco vendas maciças em dois meses são vistas como um ritmo alarmante de retirada de investimentos. Enquanto Li e sua família têm reduzido seus investimentos em Hong Kong, eles têm aumentado seus investimentos na Europa.

Liberdade e estado de direito

O Sr. Lo, um fornecedor que tem cooperado com a Watson por mais de 20 anos, disse ao Epoch Times que acha que Li está tentando mostrar seu descontentamento com Leung Chun-ying (conhecido como C.Y. Leung em Hong Kong) ao retirar investimentos. O Sr. Lo também se prepara para deslocar seus ativos de investimento para o exterior. “Não estamos surpresos, porque o ambiente comercial atual em Hong Kong se deteriorou desde que C.Y. Leung assumiu o governo”, disse Lo.

Como Li Kashing retira mais e mais investimentos de Hong Kong, isso está afetando a confiança no investimento na área comercial de Hong Kong, segundo Lau Tat Pong, presidente honorário vitalício da Associação de Pequenas e Médias Empresas de Hong Kong. Lau Tat Pong admitiu que está pessimista sobre o futuro. Ele disse que pode fechar um restaurante com um investimento de HK$ 7 milhões (US$ 902.734). “Li Kashing gosta da liberdade e do estado de direito”, disse Lo. “Portanto, se ele tem que se retirar e recuar para mercados no exterior, isso é um sinal para C.Y. Leung.”

Pouco antes, Li Kashing deu uma espécie de aviso a C.Y. Leung sobre o que importa para ele em Hong Kong. Em maio de 2012, após a vitória eleitoral de C.Y. Leung em março de 2012, mas antes de ele assumir o cargo em julho, Li Kashing disse à mídia após uma reunião de acionistas da Hong Kong Electric Co. que era crucial para Leung considerar como servir o povo de Hong Kong, criar um ambiente confortável para viver e trabalhar e salvaguardar os valores fundamentais de Hong Kong.

Li Kashing salientou que valores fundamentais incluem o estado de direito e a liberdade. Cumprir a Lei Básica (a Constituição que garante as liberdades civis de Hong Kong) era uma obrigação, disse Li, e comentou particularmente sobre as políticas que afetam o valor das propriedades. Ele disse que não se deve esquecer que vários milhões de famílias em Hong Kong possuem propriedade. Baixar o valor da propriedade não é do interesse do povo de Hong Kong, disse Li. A política imobiliária e de terras deve refletir os desejos de todo o povo de Hong Kong.

Criando conflitos

Desde que tomou posse, C.Y. Leung tributou pesadamente os imóveis. Leung Kwok-hung (sem parentesco com C.Y. Leung), um membro do Conselho Legislativo, disse que C.Y. Leung que está efetuando os planos do Partido Comunista Chinês (PCC) de “roubar os ricos [de Hong Kong] para beneficiar os ricos [da China continental] em Hong Kong”.

Leung Kwok-hung disse que C.Y. Leung apresenta-se como se estivesse representando o pobre de Hong Kong numa luta contra Li Kashing. O membro do Conselho Legislativo disse que C.Y. Leung está na verdade enganando o povo de Hong Kong.

“Na superfície, ele disse que tem que resolver os conflitos profundos em Hong Kong. Ele disse que os conglomerados de propriedade têm muito lucro ou criam uma diferença muito grande entre as duas classes, mas vemos que sua política não resolveu os problemas”, disse Leung Kwok-hung. “Tudo o que ele faz é tornar a situação mais conveniente e facilitar a entrada mais barata para os conglomerados da China continental”, disse Leung Kwok-hung.

Além das alterações de Leung Chun-ying na política imobiliária, ele tomou várias outras ações controversas. Estas incluem a tentativa de introduzir nas escolas de Hong Kong o currículo da China continental e permitir que a Associação de Cuidados da Juventude de Hong Kong e outros grupos de frente do PCC possam suprimir os praticantes do Falun Gong e ativistas da democracia em Hong Kong.

Leung Yiu-chung (também sem parentesco com C.Y. Leung), um assistente social e membro do Conselho Legislativo, vê o recuo de Li Kashing de Hong Kong como um aviso para C.Y. Leung. Ele criticou o chefe-executivo por polarizar a sociedade.

“Se o governo tivesse alguma política e estratégia efetiva para ajudar as pessoas em situação de pobreza, o problema não teria se tornado tão contraditório e drástico”, disse Leung Yiu-chung. “[C.Y. Leung] está criando uma série de conflitos, levando pessoas a apontarem o dedo e atacarem umas as outras.”