Uma equipe de investigação do Partido Comunista Chinês recentemente apreendeu parte dos vastos ativos detidos pelo ex-chefe da segurança chinesa Zhou Yongkang, segundo a Reuters. A investigação de Zhou tem gerado inúmeros boatos, mas não foi oficialmente confirmada.
Segundo relatos, as recentes apreensões incluíram contas bancárias, ações, títulos, centenas de propriedades, antiguidades, pinturas, metais preciosos, licores caros, e um monte de dinheiro em várias moedas, somando ao todo cerca de US$ 14,5 bilhões.
Não está claro se esses ativos representam a extensão da riqueza que Zhou Yongkang acumulou após décadas em posições de alto escalão do Partido Comunista, incluindo muitos anos como chefe indiscutível do aparato de segurança pública da China. A partir de 2003, Zhou foi o chefe da Secretaria de Segurança Pública, e em 2007 foi promovido a secretário do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), uma agência do Partido Comunista Chinês (PCC) que coordena o gigante aparato estatal da segurança comunista chinesa, e que operava sem supervisão. Ele deteve essa posição até a mudança da liderança do PCC em novembro de 2012, e desde então correm suspeitas de que ele seria investigado e punido.
Zhou está no centro de uma investigação que até agora envolveu 300 de seus parentes, assistentes, subordinados e aliados, segundo a Reuters, que citou “fontes que foram informadas sobre a investigação”.
A destruição da rede política de Zhou não tem sido um segredo na imprensa chinesa: as autoridades por meses permitiram que notícias vazassem informações sobre as investigações, prisões e procedimentos disciplinares internos contra muitas pessoas com quem Zhou teve laços estreitos.
As investigações visaram cada um dos setores em que Zhou acumulou capital político, inclusive nos setores de petróleo e energia, na província de Sichuan, na província de Liaoning – ele ocupou posições em ambos os locais durante sua carreira – e no aparato de segurança interna.
Em nenhum momento Zhou Yongkang foi formalmente nomeado como estando no centro das investigações. No entanto, recentemente, um representante oficial de um órgão consultivo do Partido Comunista foi questionado publicamente se Zhou estava sob investigação. Lü Xinhua, o porta-voz do órgão consultivo, disse que uma série de investigações de alto nível foi feita, inclusive contra “funcionários de alto escalão que tinham sérios problemas disciplinares” (um eufemismo para corrupção). Ele indicou que não poderia dar uma resposta direta à pergunta sobre Zhou, mas, numa linha final agora famosa, acrescentou: “Vocês sabem do quem estou falando!”
Razões para mudar
Embora a explicação oficial para a investigação e possível prisão e punição de Zhou Yongkang seja sua acumulação ilícita de bens, na verdade as razões seriam outras, motivos mais graves que o atual líder chinês Xi Jinping procura usar contra ele.
Estas dizem respeito, em parte, a suas associações estreitas com Bo Xilai, o ex-membro do Politburo e chefe do PCC em Chongqing, que foi deposto e condenado à prisão perpétua numa investigação separada concluída no ano passado. Bo era um protegido de longa data de Zhou Yongkang, e Zhou havia tentado promover Bo ao Comitê Permanente do Politburo – o centro máximo de poder do regime chinês, atualmente constituído de sete membros – e assim entregar-lhe o controle do aparato de segurança.
O próprio Zhou Yongkang foi nomeado para chefiar as forças de segurança por Jiang Zemin, o líder do Partido Comunista Chinês de 1989 até 2002. Ao longo da década de 2000, no entanto, Jiang conservou um papel influente nos bastidores da política comunista chinesa, mantendo protegidos em postos-chave e mantendo sua influência em algumas políticas-chave. Sua cruzada pessoal desde 1999 é a perseguição brutal e genocida contra a prática espiritual do Falun Gong, que tanto Bo Xilai como Zhou Yongkang entusiasticamente implementaram e foram recompensados por isso.
Relatos surgiram no início de 2012 que os planos de Zhou Yongkang e Bo Xilai foram expandidos para incluir o enfraquecimento da posição de Xi Jinping e depois removê-lo inteiramente – um efetivo golpe político. A história comunista chinesa está repleta de luta entre facções, conspirações, golpes, tentativas de golpe e expurgos diversos.
Observadores políticos acreditam que Xi Jinping, após ter sido ameaçado dessa forma por Zhou Yongkang, agora não tem escolha a não ser expurgar Zhou, para não ser visto como um líder fraco.