Os Bernardo-eremitas mudam de moradia por meio de interações sociais

19/04/2014 14:00 Atualizado: 19/04/2014 15:06

Os Bernardo-eremitas precisam de conchas vazias como moradia para se alojar. À medida que crescem e tornam-se cada vez maiores, eles necessitam encontrar novas conchas que se ajustem a seu tamanho.

Por meio de estudos de campo, experimentos de laboratório e modelagem computacional, os pesquisadores descobriram que contrariamente a seus nomes, os Bernardo-eremitas normalmente encontram as melhores conchas novas quando se reúnem.

A Dra. Randi Ratjan, líder da pesquisa, afirmou em um comunicado a imprensa: “Os Bernardo-eremitas são realmente seletivos com respeito ao alojamento, porque entram e saem constantemente do mercado imobiliário de moradias.”

Rotjan, pesquisadora no Aquário da Nova Inglaterra, recebeu seu doutorado na Universidade de Tufts, onde dirigia um estudo sobre os Bernardo-eremitas com a Dra. Sara Lewis, professora desta universidade.

Muitas vezes, quando os Bernardo-eremitas não conseguem encontrar moradias adequadas, ficam nus e sem proteção. Seu abdômen macio os torna vulneráveis diante de predadores.

“Vi Bernardo-eremitas arrastando-se ao redor de tampas de canetas e de garrafas. É patético”, comenta Lewis.

Uma estratégia entre os caranguejos, descoberta anteriormente, é a formação de uma cadeia sincronizada de vagas. Quando uma concha nova ficava vazia, ou vaga, o grupo se reunia ao redor dela, organizando-se em uma fila, do maior para o menor. Uma vez que o caranguejo maior se movia para a concha vazia, os outros caranguejos se moviam para as conchas que tinham diante deles, oferecendo assim uma concha nova para cada caranguejo da cadeia toda.

Ao observar os caranguejos, durante o estudo de campo, os investigadores descobriram comportamentos desconhecidos para o mundo científico. Quando os Bernardo-eremitas descobrem uma concha vazia, mas muito grande, esperam nas proximidades ao invés de ir embora.

Os pesquisadores descobriram em sua pesquisa que alguns Bernardo-eremitas esperavam próximos da concha por período superiores a 24 horas. Uma vez reunido um pequeno grupo, os caranguejos começam a subir e montar sobre a concha do caranguejo maior, cujo comportamento parece aumentar a oportunidade de uma cadeia de vagas sincronizadas.

Segundo os pesquisadores, foi demonstrado que uma única concha vazia pode provocar uma cadeia sequencial de vagas e distribuir eficazmente os benefícios dos recursos entre muitos indivíduos.

Randi Rotjan acrescentou que estes “ficam horas fazendo a fila e a reação da cadeia dura segundos, como uma cadeia de dominós”.

Segundo Rotjan, o mesmo tipo de cadeia de vagas sincronizadas pode ocorrer em qualquer animal que depende de recursos isolados e reutilizáveis; incluindo os peixes que vivem em anêmonas e os pássaros carpinteiros que fazem buracos para ninhos.

Além disto, os pesquisadores sugerem que a participação dos Bernardo-eremitas na cadeia de vagas pode trazer nova compreensão sobre o comportamento humano. Por exemplo, em Boston, EUA, locatários em busca de apartamentos avaliam cuidadosamente todas as opções de moradia antecipadamente e entram em fila em 1º de setembro para mudar para o apartamento ideal, semelhante a como os Bernardo-eremitas escolhem suas conchas e entram em fila para se adequarem nelas.

Esta pesquisa foi publicada no jornal Behavioral Ecology.