Benefícios notáveis da terapia dos pés descalços

14/12/2014 00:00 Atualizado: 12/12/2014 23:18

Terapia dos pés descalços renova conexões neurológicas 

Não importa quem entre em seu consultório caminhando com dificuldade por uma lesão no pé, a Dra. Emily Splichal oferece a mesma receita: a terapia dos pés descalços. “Ao encaminhar os pacientes para a terapia física, na prescrição recomendo que eles devem estar descalços”. É a base da reabilitação de cada paciente”, comentou Splichal.

Para os pacientes que não requerem terapia física, Splichal recomenda que escovem os dentes com os pés descalços equilibrando-se sobre uma perna. “Quando as pessoas pensam em pés descalços, elas crêem que se trata de corrida. Porém, eu não quero que façam isso, quero que pensem em capacitação, reabilitação, rendimento”.

O método simples se deve a observação de Splichal sobre o benefício dos pés descalços ser de longo alcance e muito mais do que uma tendência para corrida. A corrida tem seus opositores, já que muitos corredores lesionam-se prematuramente Agora muitos deles chegam na terapia dos pés descalços não apenas para aprender a correr descalços – o que, comparado com a corrida convencional, gera lesões mínimas -, mas para reabilitarem-se dos danos anteriores.

Treinando descalços

Splichal cresceu em Dakota do Norte, onde a neve cobre o solo durante nove meses ao ano, clima que não é favorável para andar sem calçados. Porém, depois de passar 12 anos como personal trainer e tendo maestria em movimento humano, agora ela é uma defensora dos benefícios do treinamento com pés descalços. Sua jornada lhe deu abertura em programas como O Show de Oprah, The Today Show, The Doctors, Dr. Steve Show e Good Day New York.

“Utilizo pesos russos ou kettlebells, sem uso de calçados, em minhas aulas nas academias de Nova York”, comentou Splichal. Para a especialista, os exercícios com os pés descalços a fizeram se sentir mais forte, mais consistente e mais conectada. “Tenho estudado a ciência por trás disso e tenho muitos pacientes que a utilizam, e vejo que esse método realmente funciona, não apenas em mim mesma”.

Tenho ensinado essas técnicas há cinco anos e em geral ouço o testemunho de pessoas descalças que experimentam menos dor nas articulações, têm suas extremidades inferiores fortalecidas e se sentem com uma maior sensação de bem-estar. Quando Splichal não está tratando pacientes, está visitando os consultórios de terapia física para ensinar a ciência de andar descalço e estimular os terapeutas a treinarem seus pacientes para andarem descalços.

“Onde veremos um aumento no número de adeptos dessa técnica será entre os atletas e treinadores, quando começarem a ver que as lesões diminuem e o rendimento aumenta”, garante a especialista. “Também estou vendo mais descalços em reabilitação. A indústria da reabilitação está começando a se dar conta da importante função que tem a parte inferior do pé em disfunções do movimento”.

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Sapatos ruins, movimentos incorretos

Quando os pacientes recorrem a um podólogo, em geral se queixam de dores em diferentes partes dos pés, tais como o calcanhar, o tendão calcâneo, o arco plantar, que resultam de lesões, hábitos de movimento ou posicionamento inadequado. Em geral, esses problemas são provocados e/ou exacerbados pelo calçado.

Os calçados modificam a forma na qual nos movemos. A forma em que uma pessoa se movimenta depende da forma em que o corpo percebe o meio ambiente. Quando os pés não estão em contato direto com o solo, seu cérebro não pode construir uma imagem completa do terreno. Assim, como poderá orientar o seu corpo para mover-se livremente?

Os sapatos que contam com “engenharia avançada”, frequentemente causam problemas inesperados. Por exemplo, os calcanhares elevados e os amortecedores redirecionam o impacto sobre diferentes áreas do pé e da perna.

“Se seu pé não está absorvendo o impacto e respondendo ao solo de maneira correta, e se sua panturrilha não é flexível ou não se contrai de maneira correta, o impacto irá dirigir-se para partes mais altas do corpo”, disse Splichal.

As formas que seu corpo trata de compensar estas pressões podem causar dores nos joelhos, quadris, na região dorsal alta e inclusive no pescoço.

Todos descalços

Devido a esses problemas, Splichal recomenda reforçar o pé e o tornozelo através de uma série de exercícios feitos em casa. O pé tem 26 ossos, 33 articulações e mais de 100 músculos, tendões e ligamentos. A quarta parte dos ossos do corpo está nos pés.

Com tantas estruturas fazendo esse trabalho todos os dias, é importante ter certeza de que cada uma está suportando o seu peso. Os exercícios de fortalecimento conectam os músculos ao cérebro, músculos com os quais o cérebro tem estado fora de contato corretamente devido a décadas de uso de calçados. Ironicamente, esses exercícios permitem que as pessoas experimentem menos dores quando usam sapatos, inclusive saltos incômodos.

“Depois de pouco tempo de treinamento, elas são capazes de usar outros tipos de sapatos com menos desconforto”, disse Splichal. “Devido ao treinamento descalço, todos os músculos da parte inferior dos pés estão sendo fortalecidos, principalmente quando alguém caminha em um ambiente diferente”.

Os exercícios – que requerem pouco ou nenhum equipamento – são fáceis de aprender. A chave é ir devagar e deixar que o corpo se acostume à nova forma de mover-se. Depois de tudo, basicamente você está renovando todas as conexões neurológicas formadas quando era uma criança pequena, porém que perdeu conexão desde que aprendeu a amarrar os cordões dos sapatos. “A primeira coisa que digo aos pacientes é que comecem a caminhar descalços pela casa”, disse Splichal.

“Muita gente usa sapatos em casa. Deixe-os de lado e comece a caminhar descalço. Quando acostumar-se a estar em um ambiente descalço, terá início a estimulação na parte inferior dos pés, porque agora está despertando toda a inervação que em geral não é estimulada quando se usam calçados”, explica a especialista.

Outro conselho de Splichal é o fortalecimento intencional do pé através de exercícios descalços. “Faça equilíbrio descalço em um pé. Dessa forma estará recrutando mais músculos para estabilizar o corpo. Assim tudo estará despertando um pouco mais. Isso pode ser feito em casa ou em uma academia”.

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Christine Lin, Epoch Times