De acordo com a coluna Radar do jornalista Lauro Jardim, da revista Veja, no que depender de Silas Malafaia, Benedita da Silva será a nova interlocutora entre o governo do PT e a população evangélica.
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Em sua coluna, Lauro diz: “Silas Malafaia estendeu a mão ao governo. Na quarta-feira (5), o deputado federal eleito Sóstenes Cavalcante, candidato lançado por Malafaia, fez uma visita a Gilberto Carvalho. Sugeriu que Benedita da Silva seja a interlocutora entre o governo e o mundo evangélico.”
Por acaso, Gilberto Carvalho já não tem interlocutores evangélicos suficientes?
Que tipo de interlocução Benedita faria, já que sua especialidade é bajular cúmplices do PT? Exatamente um ano atrás, ao referir-se a José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, Benedita tratou os três como “heróis” e “guerreiros,” injustiçados e vítimas da direita e da grande imprensa.
Talvez o maior papel de Benedita na interlocução entre PT e evangélicos seja sua alegada participação no infame Dossiê Cayman. Segundo algumas informações, na década de 1990 ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva informaram ao ex-reverendo Caio Fábio D’Araújo Filho, que na época era o maior líder da Igreja Presbiteriana do Brasil e era tratado como um papa no mundo evangélico, acerca do dossiê, incentivando-o a tentar negociar uma cópia do documento forjado para tentar vencer as eleições de 1998, prejudicando o PSDB, e principalmente seu candidato à presidência, Fernando Henrique Cardoso.
O esquema não deu certo, nem para o PT, nem para Benedita e nem para o ex-pastor presbiteriano.
Esse talvez tivesse sido o maior trabalho de interlocução entre Benedita e o homem que era o maior líder evangélico da época. Mas o que ambos fizeram nada tinha a ver com uma demonstração de verdadeiro caráter evangélico.
Muito antes desse escândalo, tive oportunidade de conhecer a falta de testemunho evangélico de Benedita.
Em 1992, numa comissão da Câmara dos Deputados sobre aborto, acompanhei o então presidente da CNBB. Ele foi tratado de forma muito desrespeitosa. Ele estava defendendo a vida e os outros, inclusive a comunista Jandira Feghali, defendiam o aborto aos gritos, palavrões e vulgaridades.
A então deputada evangélica Benedita da Silva estava lá, do lado dos abortistas. E eu, um evangélico, estava com o presidente da CNBB e um líder pró-vida católico. Estávamos em total minoria. Depois da reunião, cobrei da Benedita. Eu disse a ela pessoalmente: “Como você tem coragem de se aliar a indivíduos sem o Espírito Santo que apoiam o aborto?”
Ela me respondeu: “Não diga uma coisa dessas. Todos têm o Espírito Santo.”
O presidente da CNBB que eu estava acompanhando era esquerdista, mas pelo menos não estava defendendo o aborto. Benedita já era esquerdista, porém estava bem abaixo do líder católico.
Antes de ela se tornar membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, ela era membro da Assembleia de Deus presidida pelo Bispo Manoel Ferreira. Com meu incentivo, um amigo católico de Brasília na época entregou documentação ao bispo assembleiano sobre as alianças abortistas de Benedita, que rapidamente se mudou para a IPB.
Que tipo de interlocução agora Sóstenes Cavalcante ou Silas Malafaia quer que Benedita faça? Não há ninguém melhor no mundo evangélico para fazer esse trabalho?
O tipo de interlocução necessário é de alguém que traga até Dilma e seu governo líderes evangélicos que possam ser canais de transformação espiritual. Militantes como Benedita nem de longe estão à altura dessa responsabilidade.