A polícia disse à violinista Inge Hermans que “não há democracia” na Bélgica enquanto o líder chinês Xi Jinping estivesse visitando o país, ao mesmo tempo em que a arrastavam para detenção. “As regras tinham mudado para a ocasião”, disse ela.
A sra. Hermans, uma instrumentista da Ópera de Anvers e presidente do capítulo belga da Campanha Internacional para o Tibete (ICT), e uma dúzia de outros foram presos por horas numa “cela fria e úmida”, enquanto Xi Jinping, o líder supremo da China, falava em Bruges em 1º de Abril. “Eles nos trataram como criminosos”, disse Hermans num comunicado publicado no website ‘Save Tibet’.
“Tivemos de ficar de braços abertos contra a parede. Eles confiscaram nossas coisas e vasculharam nossos corpos. Depois de um tempo, nós três tivemos de entrar na parte de trás de um camburão da polícia, eles trancaram as portas duas vezes; nós não recebemos qualquer explicação.”
A polícia levou Hermans e seus companheiros belgas a uma delegacia de polícia, onde ela disse que seus pertences foram levados e eles foram questionados. “Eu tive inclusive de tirar meu sutiã. Eles checaram nossas identidades, carteiras, tudo.”
Vincent Metten, diretor de política europeia da ICT, emitiu um comunicado em resposta ao evento de Bruges: “O governo chinês não deve ser autorizados a exportar suas medidas repressivas contra a liberdade de reunião e de expressão para a Bélgica. Em todos os lugares que ele viajou pela Europa, Xi Jinping encontrou tibetanos que protestavam pacificamente contra a opressão em sua terra natal.”
O local e áreas adjacentes foram higienizados para a visita de Xi. Nenhum sinal ou faixa em janelas foram autorizados pela polícia, disse um jornalista belga que ouviu o seguinte do chefe de polícia: “As ordens eram claras: que o presidente Xi não deve ver ou ouvir qualquer protesto tibetano.”
Pelo menos 13 tibetanos também foram detidos quando caminhavam para a área de protesto ou estavam perto de um local onde Xi falaria. O tibetano Nyima Karma estava a caminho do local com amigos quando eles foram parados por cerca de 20 policiais que perguntaram se eles eram chineses ou tibetanos.
“Nós respondemos que somos tibetanos. A polícia nos disse que não tínhamos autorização para entrar na praça, apenas chineses podiam. Nós respondemos que estávamos a caminho de uma manifestação no parque e tínhamos permissão para protestar. A polícia disse que não sabiam nada sobre isso e que tínhamos de ir com eles”, disse o sr. Karma à ICT. Ele disse que eles foram trancados numa viatura da polícia, mas os chineses foram autorizados a passar. Apesar de repetir que eles tinham permissão para protestar, eles foram detidos na delegacia até Xi deixar a cidade.
“Eu estava tão chocado”, explicou Yeshi Wangma, outro tibetano que foi detido. “Eu não violei qualquer regra aqui, eu estava simplesmente a caminho do protesto como um residente desta cidade. Todo o tempo, políticos importantes falam sobre valores humanos, liberdade de expressão, liberdade de movimento, a importância dos direitos humanos e da democracia, mas ainda assim eles me detiveram.”
Um manifestante tibetano no local do evento gritou que Xi deve conversar com o Dalai Lama e foi atirado ao chão pela polícia. Um policial à paisana tentou em vão silenciá-lo, tapando sua boca com papel de seda, mas ele ainda gritava quando a polícia o arrastou para longe. Várias organizações europeias de direitos humanos documentaram as violações de direitos humanos na visita de Xi a Bruges: a ‘Fédération Internationale des droits des Ligues de l’ Homme’ (FIDH), a ‘Ligue des droits de l’ Homme Belgique’ (LDH), a Campanha Internacional pelo Tibete (ICT) e a ‘Lungta Association Belgium’. As organizações afirmaram que pretendem levar o assunto a canais legais.