Confeccionar bordados à mão com fios de seda é uma técnica milenar. Na China, o bordado com fios de seda é passado de mãe para filha, pelo menos há 3.000 anos. Durante a dinastia Han (202 a.C.-220 d.C.), essa forma de arte era vista como um habilidade a cultivar e era uma indicação do grau de educação da mulher. Moças refinadas eram cuidadosamente treinadas para usar habilidosamente a agulha e linhas de bordar. Em 1911, bordados chineses com fios de seda foram exibidos em Torino, na Itália, recebendo altas honras e reconhecimento. A partir dai, o bordado com fio de seda passou a ser respeitado no cenário mundial como arte, porque combina perspectiva artística com habilidade em nível verdadeiramente elevado.
Durante a violenta Revolução Cultural (1966 -1976) levada adiante pelo Partido Comunista Chinês, a arte do bordado com fios de seda quase desapareceu. Nesse período, as artes de origem tradicional foram proibidas e tiveram suas obras destruídas. O bordado com fios de seda, a pintura, a caligrafia e outras formas de arte tradicionais foram desaprovadas pelo regime comunista da época. As formas de arte e expressão cultural tradicionais foram rotulados de “burguesas” e em desacordo com uma visão coletiva. Oficinas de bordado foram abruptamente fechadas ou destruídas, e suas mestres-bordadeiras foram forçadas a carpir terra como camponesas do mesmo modo que os outros artistas e intelectuais da época. Criar coisas belas foi considerado frívolo na visão comunista. As coisas e as roupas eram feitas apenas para o trabalho duro e para ter durabilidade, não deviam ter adornos, enfeites e bordados. Com a Revolução Cultural, dentro de uma geração, a arte do bordado tornou-se mera lembrança na China.
Na década de 1980, o regime comunista, para sobreviver, precisou abrir economicamente a China para o mundo. Assim, a paixão pela arte tradicional, que tinha sido reprimida, teve licença para ressurgir e respirar. Mais uma vez, impulsionada pela instrução individual, as sofisticadas técnicas de trabalhar com o fio de seda foram lentamente resgatadas. Tendo sobrevivido à Revolução Cultural, os quatro principais estilos chineses de bordados com fios de seda – Suzhou, Sichuan, Guangdong e Hunan – voltaram a ser exibidos no exterior, encantando colecionadores de arte em todo o mundo. Galerias no Reino Unido, EUA e Austrália frequentemente exibem obras dessa arte tradicional chinesa.
No entanto, ultimamente, a natureza demorada do bordado – um trabalho, que leva meses para ser concluído – é uma das razões pelas quais o interesse das novas gerações de chineses pela arte está desaparecendo. A paciência e concentração necessários para se tornar mestre na arte do bordado com seda é um bem escasso nas gerações atuais. A ênfase no tecnológico, novo e inovador, sem dúvida, supera o tradicional, além disso, é comum se rotular a arte tradicional de “fora de moda”. Ademais, com tantos tipos de emprego disponíveis, o fascínio pelas artes tradicionais perdeu sua relevância e força no mundo moderno. Artesãs do bordado com fios de seda é um grupo que envelhece, com poucos aprendizes dispostos a receber os ensinamentos para essa arte.
Bordado de seda assistido por computador (computer-aided)
Em resposta a isso, na China, um punhado de oficinas de bordado com fios de seda estão se voltando para a tecnologia moderna para atualizar suas práticas e seus produtos. Além do design, agora equipamentos de computação especializados estão sendo usados para armazenar e reproduzir trabalhos, ponto a ponto, com precisão e perfeição não-humanas. Tem-se investido milhões de dólares para explorar comercialmente a arte do bordado com seda. É uma combinação de uma arte de mais de três anos com a tecnologia moderna. Isso tem permitido que mais pessoas se interessem pela arte do bordado com seda, mesmo sendo reproduções mecanizadas de obras originalmente bordadas à mão por artistas especialistas nessa arte.
A arte humana torna-se cada vez mais mecânica e as máquinas virtualmente cada vez mais “artística”. É como as coisas caminham. De qualquer forma, a arte nunca para de surpreender. Renova-se com o passar dos anos.