Bebês prematuros podem desenvolver problemas mentais, segundo pesquisa

30/04/2014 10:40 Atualizado: 30/04/2014 10:32

Bebês que nascem prematuramente correm maior risco de desenvolver um grande número de problemas mentais quando forem jovens adultos, afirmam pesquisadores ingleses.

O transtorno bipolar, dentre as desordens psiquiátricas, tem maior incidência a partir dos 16 anos naqueles que nasceram muito prematuramente. Existe também maior risco de desenvolver depressão e psicose do que nos bebês que completaram o período normal de gestação.

A pesquisadora-chefe da pesquisa, Dra. Chiara Nosarti, do Instituto de Psiquiatria Kings College London, afirmou que a equipe encontrou uma forte ligação entre o nascimento prematuro e diversos problemas de saúde, embora a pesquisa estivesse limitada aos piores casos de doenças mentais.

“Uma vez que consideramos apenas os casos mais severos e que resultam em hospitalização, pode ser que na realidade esta relação seja ainda mais forte”, afirma a Dra. Chiara.

Em colaboração com pesquisadores suecos, a equipe do Kings College analisou as informações de cerca de 1,5 milhão de registros médicos na Suécia entre 1973 e 1985, e identificou todos os pacientes admitidos por hospitais psiquiátricos até 2002, quando suas idades se encontravam entre 17 e 29 anos.

O resultado da pesquisa, publicado em ‘Archives of General Psychiatry’, mostrou que jovens que nasceram antes da 32ª semana de gravidez têm sete vezes mais probabilidade de desenvolver o transtorno bipolar do que aqueles que completaram as 36 semanas, e indivíduos que nasceram muito prematuramente também são três vezes mais propensos a sofrer de depressão e duas vezes e meia a mais de sofrer de psicose.

Existe um risco a mais para aqueles que são moderadamente prematuros (entre 32 e 36 semanas).

Bebês prematuros são particularmente vulneráveis a lesões cerebrais como resultado de complicações relacionadas ao nascimento.

“Acreditamos que o maior risco de desordens mentais naqueles que nasceram prematuramente podem ser explicados por alterações súbitas do desenvolvimento cerebral”, diz Nosarti.

Uma pesquisa prévia demonstrou existir uma relação entre nascimento prematuro e o maior risco de esquizofrenia. Este estudo é o primeiro a examinar uma grande variedade de doenças mentais.

“A associação mais forte que encontramos neste estudo”, diz Nosarti, “foram as desordens mentais que têm uma forte base biológica, como por exemplo o transtorno bipolar”.

Os resultados dão suporte à teoria de que as anomalias no desenvolvimento do cérebro naqueles que nascem prematuramente podem ter relevância em problemas mentais posteriores.

A equipe de pesquisadores revelou também que nascimentos prematuros estão associados com desordens alimentares, dependência de álcool e drogas.

Nosarti e seus pesquisadores sugerem que quando se investigam e tratam problemas mentais nos jovens adultos, a informação relativa ao seu nascimento prematuro deve ser levada em conta.

“Pesquisas futuras e os mecanismos associados ao aumento do risco de problemas mentais que se seguem ao nascimento prematuro podem ajudar na identificação de crianças de alto risco, o que permite que sejam monitoradas atentamente antes que a doença se desenvolva para decidir se e quando uma intervenção será apropriada”, diz ela.

Quase 50 mil bebês nascem prematuramente na Inglaterra e em Wales todos os anos, de acordo com estatísticas do governo.

Contudo, os riscos têm de ser mantidos em perspectiva, pois mesmo os casos mais severos, ainda assim, só afetam um sexto da população em qualquer dado momento.